quinta-feira, 11 de agosto de 2022

O Caminho da Beleza 38 - XX Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XX Domingo do Tempo Comum                 

Jr 38, 4-6.8-10                 Hb 12, 1-4               Lc 12, 49-53

 

ESCUTAR

“Pedimos que seja morto este homem; ele anda com habilidade lançando o desânimo entre os combatentes que restaram na cidade e sobre todo o povo” (Jr 38, 4).

Irmãos, rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve (Hb 12, 1).

“Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12, 49).

 

MEDITAR

Mas não podemos fazer um cristianismo um pouco mais humano – dizem – sem cruz, sem Jesus, sem despojamento? Dessa forma nos tornaríamos cristãos de pastelaria, como lindos bolos, como boas coisas doces! Muito lindos, mas não cristãos verdadeiros! (Francisco, A Igreja da Misercórdia).

 

ORAR

    A palavra profética quando não assegura bem-estar e incomoda os poderes é considerada subversiva e deve ser calada por todos os meios. O profeta é martirizado de um modo nada heroico: enfiado numa cisterna de lama fétida para ir afundando lentamente. A semente da Palavra estava para morrer se o rei não escutasse o conselheiro honesto e retirasse o profeta da fossa. O salmista canta: “De estercore elevat pauperum” [Tirou o pobre da m..., em tradução literal] (Sl 113, 7), pois o pobre liberto é a mais perfeita profecia de Deus. A Palavra desprezada, escarnecida, pisoteada, emerge novamente para abalar as consciências amortecidas. Se na cisterna a palavra é condenada a morrer de um modo ignominioso, é no fogo que ela é difundida. O homem da palavra deve abrigar o fogo em si mesmo, pois os inimigos poderão transformar em cinzas todos os livros sagrados, mas jamais apagarão o fogo da palavra atiçado no coração dos homens. Se a vida é fogo, aquele que anuncia a palavra é um apaixonado devorado por um fogo incontido. A causa do Evangelho não necessita de intelectuais pálidos de clergyman, nem burocratas cinzas e pregadores inofensivos. Uma palavra sem unção e nem vibração interior é uma palavra traída assim como uma verdade sepultada nas cinzas da rigidez é uma verdade ofendida. O Evangelho se difunde pelo contágio do fogo interior que não pode ser confundido com o calor dos spots dos shows televisivos. Jesus veio trazer uma fé que deve ser convertida em incêndio. Ser apaixonado significa padecer. O lenho da Cruz serve para queimar e não se deixar apagar. O cristianismo deve penetrar na injustiça do mundo e desvelar os que aceitam e os que não aceitam as consequências do amor. O conflito não nasce do Evangelho, mas da dureza do coração dos que o ouvem. Quem está próximo de Jesus está próximo do fogo. O cristianismo nos apela a viver nas situações-limite, como testemunha o Papa Francisco. O Concílio nos exorta a perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho para sermos capazes de oferecer repostas às grandes questões humanas a respeito do sentido da vida presente e futura. É preciso conhecer e compreender o mundo em que se vive, sua índole, muitas vezes dramática, suas expectativas e seus desejos (Gaudium et Spes 4).

(Manos da Terna Solidão)

 

CONTEMPLAR

On the Edge, 2022, Jean Patrick Gras, Praia da Ferrugem, Santa Catarina, Brasil, direitos adquiridos de imagem do site surfmappers. 




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