quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O Caminho da Beleza 37 - XIX Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XIX Domingo do Tempo Comum               

Sb 18, 6-9                Hb 11, 1-2.8-19                  Lc 12, 32-48

 

ESCUTAR

“A noite da libertação fora predita a nossos pais para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18, 6).

“A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem” (Hb 11, 1).

“Porque onde está o vosso tesouro aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34).

 

MEDITAR

“Os nossos sonhos são demasiado pequenos e, se Deus os desfaz, é para que nos possamos aventurar no espaço mais vasto da sua Vida. Deus liberta-nos de pequenas ambições para que possamos aprender a ter uma esperança mais extravagante”.

(Timothy Radcliffe)

 

ORAR

     Nossos hinos de louvor a Deus não podem ser confundidos com os Te Deum entoados com excessiva frequência pelos tiranos nos seus regimes autoritários e nem deveríamos celebrar a missa em praça pública no aniversário das cidades destruídas pela corrupção dos seus governantes. Perdemos a denúncia profética e não temos autoridade religiosa para denunciar, como o papa Francisco, “os que exploram a pobreza dos outros, e para quem a pobreza dos outros é uma fonte de lucro” (Homilia em Lampedusa, 08.07.2013). A luz da Páscoa e a sua alegria brilham somente quando nenhum homem é pisoteado em sua dignidade e em sua liberdade. A vigilância, especialmente quando a noite parece que nunca vai terminar, se sustém pela esperança e exige: uma mentalidade de peregrinos, com nossos rins cingidos e lâmpadas acesas; a lucidez ante os perigos que nos ameaçam; uma fidelidade constante e uma grande sabedoria para aprender a ler os sinais, interpretar a mudança dos ventos e a coragem de responder aos novos desafios. O passado passou ainda que seja importante para nos fazer avançar cada vez mais. Recebemos em abundância para sermos ousados e não paralisados pelo medo. A fé é viver como se víssemos o invisível; como se possuíssemos o que não temos; como se apostássemos sobre o impossível. A fé não se encontra segura nos templos, nos palácios do governo, nas universidades, como um selo de garantia. A fé está em casa quando está em tendas cuja dinâmica é marcada pelo provisório e pelo transitório que respondem por uma peregrinação constante. Como afirma o cardeal Walter Kasper: “Deus se revela como Deus do caminho e como guia no percurso de uma história que não pode ser consolidada na partida, mas na qual Ele estará sempre presente de uma maneira imprevisível e na qual é sempre novamente o futuro de seu povo”. Os cristãos, ao invés de ficarem instalados, preferem a espera de contínuas e incômodas saídas para desafiadoras viagens. Os cristãos não se consideram depositários e guardiões dos pensamentos de Deus ou de uma doutrina sobre Deus, mas se sentem tocados por suas promessas. Por isso, debaixo de suas tendas não se preocupam em doutrinar-se, mas em contar estórias e causos de suas travessias. Peçamos também nós o perdão, como o Papa Francisco, “por termos nos acomodado, fechando-nos em nosso próprio bem-estar que leva à anestesia do coração”.

 (Manos da Terna Solidão)


CONTEMPLAR

Rebanho de Ovelhas, 2020, a árdua e empoeirada viagem das ovelhas em Bitlis, Turquia, F. Dilek Uyar, Sony World Photography Awards, Ancara, Turquia.




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