A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
XIX Domingo do Tempo Comum
Sb 18, 6-9 Hb
11, 1-2.8-19 Lc 12, 32-48
ESCUTAR
“A noite da libertação fora
predita a nossos pais para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se
conservassem intrépidos” (Sb 18, 6).
“A fé é um modo de já
possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem”
(Hb 11, 1).
“Porque onde está o vosso
tesouro aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34).
MEDITAR
“Os nossos sonhos são demasiado pequenos e, se Deus os
desfaz, é para que nos possamos aventurar no espaço mais vasto da sua Vida.
Deus liberta-nos de pequenas ambições para que possamos aprender a ter uma
esperança mais extravagante”.
(Timothy Radcliffe)
ORAR
Nossos hinos
de louvor a Deus não podem ser confundidos com os Te Deum entoados com excessiva frequência pelos tiranos nos seus
regimes autoritários e nem deveríamos celebrar a missa em praça pública no
aniversário das cidades destruídas pela corrupção dos seus governantes.
Perdemos a denúncia profética e não temos autoridade religiosa para denunciar,
como o papa Francisco, “os que exploram a pobreza dos outros, e para quem a
pobreza dos outros é uma fonte de lucro” (Homilia em Lampedusa, 08.07.2013). A
luz da Páscoa e a sua alegria brilham somente quando nenhum homem é pisoteado
em sua dignidade e em sua liberdade. A vigilância, especialmente quando a noite
parece que nunca vai terminar, se sustém pela esperança e exige: uma
mentalidade de peregrinos, com nossos rins cingidos e lâmpadas acesas; a
lucidez ante os perigos que nos ameaçam; uma fidelidade constante e uma grande
sabedoria para aprender a ler os sinais, interpretar a mudança dos ventos e a
coragem de responder aos novos desafios. O passado passou ainda que seja
importante para nos fazer avançar cada vez mais. Recebemos em abundância para
sermos ousados e não paralisados pelo medo. A fé é viver como se víssemos o
invisível; como se possuíssemos o que não temos; como se apostássemos sobre o
impossível. A fé não se encontra segura nos templos, nos palácios do governo,
nas universidades, como um selo de garantia. A fé está em casa quando está em tendas
cuja dinâmica é marcada pelo provisório e pelo transitório que respondem por
uma peregrinação constante. Como afirma o cardeal Walter Kasper: “Deus se
revela como Deus do caminho e como guia no percurso de uma história que não
pode ser consolidada na partida, mas na qual Ele estará sempre presente de uma
maneira imprevisível e na qual é sempre novamente o futuro de seu povo”. Os
cristãos, ao invés de ficarem instalados, preferem a espera de contínuas e incômodas
saídas para desafiadoras viagens. Os cristãos não se consideram depositários e
guardiões dos pensamentos de Deus ou de uma doutrina sobre Deus, mas se sentem
tocados por suas promessas. Por isso, debaixo de suas tendas não se preocupam
em doutrinar-se, mas em contar estórias e causos de suas travessias. Peçamos
também nós o perdão, como o Papa Francisco, “por termos nos acomodado, fechando-nos
em nosso próprio bem-estar que leva à anestesia do coração”.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Rebanho de Ovelhas, 2020, a
árdua e empoeirada viagem das ovelhas em Bitlis, Turquia, F. Dilek Uyar, Sony
World Photography Awards, Ancara, Turquia.
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