A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
Assunção de Nossa Senhora
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10 1 Cor 15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
“Então apareceu no céu um grande
sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a
cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).
“O último inimigo a ser destruído
é a morte” (1 Cor 15, 26).
“Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).
MEDITAR
“Maria de Nazaré abandonando-se
totalmente à vontade do Senhor, não foi de nenhuma maneira uma mulher
passivamente submissa ou de uma religiosidade alienante, mas a mulher que não
temia proclamar que Deus é aquele que eleva os humildes e oprimidos e derruba
dos seus tronos os poderosos do mundo (Lc 1, 51-53)”.
(Groupe des Dombes)
ORAR
Estamos a caminho para a ressurreição e não para a morte. O dom da vida eterna restitui à existência a sua dimensão de plenitude, resgatando-a da sua precariedade e limitação. O céu não é uma chantagem para adestrarmos meninos e meninas bem-comportados, mas uma possibilidade inaudita e um apelo à liberdade. Não devemos temer a morte, mas uma vida restrita e perdida com coisas irrisórias, sufocada por preocupações mesquinhas, sem ímpeto, sem élan, sem a descoberta de novas possibilidades. Hoje festejamos a festa do corpo, de um corpo destinado à imortalidade. Caem por terra os dualismos maniqueístas do corpo e alma, pois a corporeidade do homem – soma, psique e pneuma, corpo, alma e espírito – participam da glória. Hoje reafirmamos que o sentido do corpo nessa experiência do céu na terra é a oração. E orar significa desatar-se. Temos nossos corpos transformados pela Palavra do Senhor e transparentes de Deus. Devemos ser como Davi que dançava à frente da Arca da Aliança e não múmias que não rezam com o corpo sem permitir que os rostos se convertam em risos diante do Senhor. A Criação é fruto da dança maravilhosa do Senhor. João Batista dançou no ventre de Isabel quando se aproximou da presença do mistério escondido no ventre de Maria. A Arca da Aliança não aparece mais colocada no marco solene do templo, mas a caminho e em forma de uma mulher de carne e osso que leva um filho em seu ventre. Entre Maria e Isabel existe uma cumplicidade das entranhas e seus corpos, com os de seus filhos, são visibilidades e visões da transcendência. Deus tem pressa para encontrar o homem, encurta caminho e se faz transportar por uma peregrina da fé, desconhecida, pobre, humilde que, no seu silêncio, compreendeu que Deus tem pressa para entrar em sua casa. Maria se converte na imagem perfeita da humanidade divinizada. Meditemos as palavras do poeta: “Dançava para o escriba e o fariseu, mas não quiseram nem dançar e nem me seguir. Dançava para os pescadores, para Thiago e André, que me seguiram e entraram na dança. Dançava no dia de sábado e curei um paralítico e os justos disseram que era uma vergonha. Sepultaram o meu corpo acreditando que tudo acabara, mas eu sou a dança e dirijo sempre o baile. Guiarei a dança de vós todos em qualquer parte que vos encontreis. Quiseram eliminar-me, mas saltei mais acima porque sou a vida que não pode morrer e viverei em vós e vós vivereis em mim, porque Eu Sou: o Senhor da Dança” (Sidney Carter).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo
Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A
Virgem em oração, 1640-50, Giovanni Battista Salvi da Sassoferrato
(1609-1685), Roma, Itália, National
Gallery, Londres.
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