A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
Is 50, 4-7 Fl
2, 6-11 Lc 22, 14-23, 26
ESCUTAR
O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).
Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo o nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre (Fl 2, 9-10).
Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei (Lc 23, 2).
MEDITAR
Esta semana avança no mistério da morte de Jesus e de sua ressurreição. Nós escutamos a Paixão do Senhor. Será bom nos colocar uma única questão: quem eu sou? Quem eu sou, diante de meu Senhor? Quem eu sou, diante de Jesus que entra em festa em Jerusalém? Sou capaz de exprimir minha alegria, de louvá-lo? Ou tomo distância? Quem eu sou, diante de Jesus que sofre? (Francisco).
“Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato do casamento importa mais que o amor, o funeral mais do que o morto, a roupa mais do que o corpo e a missa mais do que Deus” (Eduardo Galeano).
ORAR
Nesta entrada triunfal, revela-se toda a ambiguidade do povo em relação a Jesus. O mesmo povo que O aclama se aliará às autoridades romanas e judaicas exigindo a sua morte na Cruz: “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Jesus sempre quis que os lugares santos não fossem interditos aos pagãos, nem às mulheres e nem aos que eram considerados indignos. Jesus pregava que o Templo fosse um espaço aberto, um espaço de compaixão, de bondade, sem discriminação e oferecido a todos. Esta era a razão da ferrenha oposição dos sacerdotes, dos anciãos e dos fariseus a este “filho de carpinteiro”. Nesta narrativa da Paixão, todos os homens se comportam de uma maneira que contradiz a sua vontade. Ninguém faz e nem diz o que realmente pensa. Pedro não quer renegar o seu Mestre, mas o faz por medo de uma serviçal; Pilatos lava as mãos e pressionado pelo povo acaba sendo um joguete em suas mãos; Judas o trai por trinta dinheiros, mas pelas suas últimas palavras amaria salvá-Lo: “Pequei, entregando à morte um inocente” (Mt 24, 4). O profeta Isaías exclamava: “Ai dos que tomam as trevas por luz e a luz por trevas” (Is 5, 20). O Reino de amor, de justiça e de paz continuará infinitamente frágil e ameaçado enquanto consentirmos em nossos corações neste impulso perverso de dominação sobre os mais fracos. Nós cristãos, mais do que os outros, devemos fazer o máximo para aniquilar a miséria atual e futura da humanidade e nos indagarmos: que tipo de existência individual e coletiva queremos, que não se feche na busca vã de uma “felicidade”, reduzida à maximização do prazer, do poder, do dinheiro, do corpo ou do conforto? De onde deriva o fato de que as condições de acesso ao bem-estar tenham se transformado em fins tirânicos? Neste domingo de Ramos, sejamos como o jumentinho e desatados de todos os nós que nos prendem, sobretudo, os do escrúpulo, da ignorância e da superstição, não desperdicemos as nossas vidas, mas façamos delas marcos de fraternidade e gratuidade ainda que, como Jesus, o padecimento nos espere a fim de “completar, a favor de seu corpo que é a Igreja, o que falta aos sofrimentos de Cristo (Cl 1, 24)”.
(Manos da Terna Solidão)
CONTEMPLAR
Sem Título, 1993, Chien-Chi Chang (1961-), da coleção de fotos “A Corrente”, feitas num asilo mental, Ilha Formosa, Taiwan.
Bom domingo Manos sou grato por essa verdade
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