quinta-feira, 11 de novembro de 2021

O Caminho da Beleza 52 - XXXIII Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XXXIII Domingo do Tempo Comum                     14.11.2021

Dn 12, 1-3                Hb 10, 11-14.18                 Mc 13, 24-32

 

ESCUTAR

“Os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12, 3).

Onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado (Hb 10, 18).

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13, 31).

 

MEDITAR

A Oração é a própria criação do que está por vir. Ela não existe nem para encher o vazio do passado, nem para assegurar um presente: ela realiza um futuro, para assegurar a possibilidade de uma história; a história da minha própria vida, para que ela não se torne a fastidiosa repetição indefinida de instantes sem significação; a história da minha Igreja para que ela não seja a incoerência de boas intenções e de piedade sem fundamentos; a história de meu Povo, para que não venha a ser acúmulo de opressões, de ódios e de injustiças.

(Jacques Ellul, 1912-1994, França)

 

ORAR

      A esperança consiste fundamentalmente em reconhecer que toda a verdade do homem não se encontra naquilo que se vê agora, e que o homem não se deixa esgotar pelo seu presente. Consiste ainda em crer que essa verdade plena do homem não é pura ilusão, mas que ela se revelará no futuro. Não se trata de aspirar para a satisfação de desejos atuais frustrados na experiência de cada dia. Trata-se de esperar algo novo. O objeto da esperança não são os objetos dos nossos desejos: é aquilo que não desejamos por não o conhecermos... Os desejos e as necessidades atuais situam-se na superfície do homem. Num nível mais profundo existe uma aspiração não consciente e não vivida para uma manifestação diferente do ser humano. Essa é a aspiração de que fala São Paulo: “A criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade, não por vontade própria mas pela vontade daquele que a sujeitou, todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que em dores de parto até o presente dia (Rm 8, 19-22). Os gemidos e os sofrimentos da criação não equivalem às frustrações que se podem experimentar. É da espera de um mundo novo que se trata, além de todas as dores do mundo presente... Por isso devemos evitar uma confusão fácil. A mensagem cristã não é uma resposta dada à esperança. Não se excita a esperança para poder oferecer a vida cristã como resposta. Esta vida cristã não tem por finalidade acalmar as aspirações, dar-lhes satisfação, assegurar aos homens a tranquilidade que procuram. Muito pelo contrário, o cristianismo consiste em despertar uma esperança latente e inaugurar uma vida de esperança. Em lugar de suprimir o problema, a mensagem evangélica cria uma perspectiva nova e um problema novo. Não pretende acalmar os homens no nível de sua vida exterior, de suas atividades naturais. A esperança nem suprime, nem suscita desequilíbrios psíquicos. Ela é nova dimensão dada à vida anterior. “Na esperança é que fomos salvos” (Rm 8, 24). Isto é: nossa salvação consiste em viver uma vida de esperança.

(Joseph Comblin, 1923-2011, Bélgica)

 

CONTEMPLAR    

Nelson Mandela, 1994, primeiro presidente negro da África do Sul revisita sua cela em Robben Island, onde passou dezoito dos seus vinte e sete anos de prisão, Jürgen Schadeberg (1931-2020), Getty Images, Alemanha/África do Sul.




 

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