Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XXXIII Domingo do Tempo Comum 14.11.2021
Dn
12, 1-3 Hb 10, 11-14.18 Mc 13, 24-32
ESCUTAR
“Os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12, 3).
Onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado (Hb 10, 18).
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13, 31).
MEDITAR
A Oração é a própria criação do que está por vir. Ela não existe nem para encher o vazio do passado, nem para assegurar um presente: ela realiza um futuro, para assegurar a possibilidade de uma história; a história da minha própria vida, para que ela não se torne a fastidiosa repetição indefinida de instantes sem significação; a história da minha Igreja para que ela não seja a incoerência de boas intenções e de piedade sem fundamentos; a história de meu Povo, para que não venha a ser acúmulo de opressões, de ódios e de injustiças.
(Jacques Ellul, 1912-1994, França)
ORAR
A esperança consiste
fundamentalmente em reconhecer que toda a verdade do homem não se encontra
naquilo que se vê agora, e que o homem não se deixa esgotar pelo seu presente.
Consiste ainda em crer que essa verdade plena do homem não é pura ilusão, mas
que ela se revelará no futuro. Não se trata de aspirar para a satisfação de
desejos atuais frustrados na experiência de cada dia. Trata-se de esperar algo
novo. O objeto da esperança não são os objetos dos nossos desejos: é aquilo que
não desejamos por não o conhecermos... Os desejos e as necessidades atuais situam-se
na superfície do homem. Num nível mais profundo existe uma aspiração não
consciente e não vivida para uma manifestação diferente do ser humano. Essa é a
aspiração de que fala São Paulo: “A criação aguarda ansiosamente a manifestação
dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade, não por vontade
própria mas pela vontade daquele que a sujeitou, todavia com a esperança de ser
também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como
que em dores de parto até o presente dia (Rm 8, 19-22). Os gemidos e os
sofrimentos da criação não equivalem às frustrações que se podem experimentar.
É da espera de um mundo novo que se trata, além de todas as dores do mundo
presente... Por isso devemos evitar uma confusão fácil. A mensagem cristã não é
uma resposta dada à esperança. Não se excita a esperança para poder oferecer a
vida cristã como resposta. Esta vida cristã não tem por finalidade acalmar as
aspirações, dar-lhes satisfação, assegurar aos homens a tranquilidade que
procuram. Muito pelo contrário, o cristianismo consiste em despertar uma
esperança latente e inaugurar uma vida de esperança. Em lugar de suprimir o
problema, a mensagem evangélica cria uma perspectiva nova e um problema novo.
Não pretende acalmar os homens no nível de sua vida exterior, de suas
atividades naturais. A esperança nem suprime, nem suscita desequilíbrios
psíquicos. Ela é nova dimensão dada à vida anterior. “Na esperança é que fomos salvos”
(Rm 8, 24). Isto é: nossa salvação consiste em viver uma vida de esperança.
(Joseph Comblin, 1923-2011, Bélgica)
CONTEMPLAR
Nelson Mandela, 1994, primeiro presidente negro da África do Sul revisita sua cela em Robben Island, onde passou dezoito dos seus vinte e sete anos de prisão, Jürgen Schadeberg (1931-2020), Getty Images, Alemanha/África do Sul.
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