Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo 21.11.2021
Dn
7, 13-14 Ap 1, 5-8 Jo 18, 33-37
ESCUTAR
“Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7, 14).
Olhai! Ele vem com as nuvens, e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram (Ap 1, 7).
“Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37).
MEDITAR
Olhai-o!
Não olhai sua divindade,
mas
olhai antes sua liberdade!
Não olhai as histórias exageradas de seu poder,
mas
olhai antes sua capacidade infinita de se doar ao outro.
Não
olhai a mitologia do primeiro século que o cercou,
mas
olhai antes sua coragem de ser,
sua
capacidade de viver e
a
qualidade contagiosa de seu amor.
Parai
vossa busca frenética!
Parai
e conhecei que Deus é isto:
este
amor,
esta
liberdade,
esta
vida,
este
ser...
Beijai
esse sopro do Cristo
e
ousai ser
você
mesmo!
Creio
que é este o caminho para Deus, o Deus que encontrei
nesse
Jesus tão profundamente humano.
Shalom!
(John Shelby Spong,
1931-2021, Estados Unidos)
A vitória de Deus sobre o poder
terreno, que se opõe ao seu plano de salvação na história, age na contraposição
radical e absoluta do amor a toda forma de poder, porque não apenas Deus se
concebe no diálogo com o mundo como deve ser definido como “amor”. E seu amor é
fiel e, em Cristo, se cumpre num ato realizado na história, por isso de agora
em diante o poder é considerado superado pelo ingresso do amor no mundo. Diante
de Pilatos que representa o poder, Jesus dirá que a sua morte é testemunha dada
à verdade. Donde verdade, segundo o significado hebraico, é também fidelidade e
designa o verdadeiro amor em que consiste a verdade de Deus. A vitória sobre o
poder é obtida superando-se a lógica negada pela raiz de sua “verdade”. Nesse
sentido, pode-se agora falar, como faz o Apocalipse, dos reinos que servem e
são submetidos, porque são submetidos por um “traspassado”. Cristo, pois, é rei
na medida em que não é tudo isto que humanamente se designa com este termo: é
rei enquanto contrapõe o amor ao poder. A doutrina do domínio de Jesus sobre
todo o mundo é incompreensível se não é lida nesta dimensão teológica e
escatológica. Um domínio que é doação plena e total, “obedecendo ao Pai até a
morte de cruz" (Fl 2, 8). A Igreja deve viver nesta luz a sua participação na
soberania do Cristo não “servindo-se” da humanidade, mas “servindo” a
humanidade (Mc 10, 41-45: o “código da autoridade cristã”). Cabe à Igreja
guardar aberta aquela ferida que o Cristo desfechou ao poder prevaricador e ao
mal, ferida que é mortal. Hoje, portanto, é a celebração de uma nova ordem de
relação entre Deus e o homem: um reino celeste e eterno, legado pela lógica do
amor de Deus (Daniel), um reino de esperança e de salvação definitiva (Apocalipse),
um reino de verdade e de justiça (João).
(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)
CONTEMPLAR
Poder Popular, 2007, Edwin S. Loyola, Manila, Filipinas.
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