Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
IV Domingo da Páscoa 25.04.2021
At
4, 8-12 1 Jo 3, 1-2 Jo 10, 11-18
ESCUTAR
Jesus é a pedra que vós, construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular (At 4, 11).
Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! (1 Jo 3, 2).
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11).
MEDITAR
Em definitivo, a essência do cristianismo não tem nada de uma abstração dogmática, não é uma doutrina geral; ao contrário, é desde sempre uma figura histórica viva: Jesus de Nazaré.
(Hans Kung, 1928-2021, Suíça)
ORAR
“Minhas ovelhas escutam minha voz...” É escutando Jesus,
familiarizando-se com seu tom, que descobrimos no Mestre um pastor e nos
tornamos as suas ovelhas. A relação entre o pastor e as ovelhas abre uma fase
distinta da relação entre o discípulo e o mestre. O pastor alimenta sua ovelha;
ele a abriga; ele a carrega sobre seus ombros. Há uma ternura própria nessa
relação. “Eu sou o bom pastor...” No original grego: o “belo” pastor.
Helenismo: o belo e o bom inseparáveis. A bondade do pastor não é somente
interior. É uma bondade percebida de fora. Ela reluz e atrai. Ela participa
assim da beleza. Na arte cristã primitiva, o bom pastor tem a graça, o charme
da adolescência. Há nessas imagens uma poesia primaveril: a juventude de Jesus,
sempre nova. O pastor “chama as suas próprias ovelhas pelo nome e as conduz
para fora”. Antes de realizar seu ofício pastoral, antes de conduzir sua tropa,
Jesus faz um reconhecimento pessoal de cada ovelha. A relação pessoal tem um
tipo de preeminência sobre o ministério. “Eu sou a porta das ovelhas” Jesus não
diz: Eu sou a porta do redil. Aqui de novo, o tom é colocado sobre a relação
pessoal. “Se alguém entra por mim...” É preciso, pois, passar por essa porta. É
preciso de qualquer maneira atravessar Jesus Cristo. Ele é ao mesmo tempo a
porta imensa e a “porta estreita”. Para passar por ele, é preciso se adaptar às
suas dimensões. É preciso crescer e se dilatar, é preciso se abaixar e se
reduzir à medida do Cristo. Se reduzir, sim, naturalmente. Mas por que
crescer? Porque esta porta é tão grande,
tão alta, que aquele que não crescer, não erguer o seu olhar, não se levantar,
não pode ver e encontrar tal porta. O que encontrará aquele que abriu a porta e
passou pelo Cristo? Primeirissimamente, a tranquilidade: “ele será salvo”.
Depois a liberdade, o usufruto livre do mundo criado por Deus: “ele entrará e
sairá...”. E, enfim, o alimento necessário: “ele encontrará pastagens”.
(Lev
Gillet, 1893-1980, França)
CONTEMPLAR
S. Título, Retratos do Sul de Portugal, décadas de 1940-1950, Artur Pastor (1922-1999), Portugal.
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