Mantinha-se
firme, como se visse o Invisível! (Hb 11, 27)
II Domingo do Tempo Comum 17.01.2021
1 Sm 3, 3-10.19 1 Cor 6, 13-15.17-20 Jo
1, 35-42
ESCUTAR
“Senhor, fala, que teu servo escuta!” (1 Sm 3, 9).
Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito (1 Cor 6, 17).
“Rabi (que quer dizer mestre), onde moras?” (Jo 1, 38).
MEDITAR
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e
acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra.
Em Primavera feroz precipitado.
(Sophia
de Mello Breyner Andresen, 1919-2004, Portugal)
ORAR
Quando
os que amamos nos pedem algo, nós os agradecemos por nos terem pedido. Se vos
agradasse, Senhor, pedir-nos uma única coisa durante toda nossa vida,
ficaríamos maravilhados e ter feito esta sua vontade uma única vez seria a
felicidade de nossa existência. Mas, porque você coloca em nossas mãos tal
honra, em cada dia, hora e minuto, achamos isso tão natural que ficamos
insensíveis, ficamos entediados. E, todavia, se compreendêssemos a que ponto é
impensável vosso mistério, ficaríamos estupefatos de poder conhecer as
centelhas de vosso desejo que são nossos mínimos deveres. Ficaríamos
deslumbrados de conhecer, nesta imensa escuridão que nos cobre, as inomináveis,
precisas e pessoais luzes de vossas vontades. No dia em que compreendermos
isso, seguiremos pela vida como uma espécie de profetas, como visionários de
vossas pequenas providências, como agentes de vossas intervenções. Nada seria
medíocre, porque tudo seria querido por você. Nada seria muito penoso, porque
tudo teria raiz em você. Nada seria triste, porque tudo seria desejado a partir
de você. Nada seria tedioso, porque tudo seria amor a partir de você. Nós todos
somos predestinados ao êxtase, somos todos chamados a sair de nossos próprios
arremedos para surgir, hora após hora, em vosso desígnio. Não somos nunca
lastimáveis abandonados por conta, mas somos bem-aventurados chamados: chamados
a saber o que vos agrada fazer, chamados a saber o que esperais de nós a cada
momento: pessoas que vos são um pouco necessárias, pessoas cujos gestos vos
faltariam se recusássemos a fazê-los. A almofada a costurar, a carta a
escrever, a criança a levantar, o marido a alegrar, a porta a abrir, o telefone
a desocupar, a enxaqueca a suportar: tantos trampolins para o êxtase, tantas
pontes para passar da nossa pobreza, da nossa má vontade, para a margem serena
do vosso bom agrado.
CONTEMPLAR
Taboo, 2020, Fattah Zinouri (1984-), Teerã, Irã, Siena International Photo Awards 2021.
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