segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O Caminho da Beleza 09 - II Domingo do Tempo Comum

Mantinha-se firme, como se visse o Invisível! (Hb 11, 27)

II Domingo do Tempo Comum                     17.01.2021

1 Sm 3, 3-10.19                 1 Cor 6, 13-15.17-20                    Jo 1, 35-42

 

ESCUTAR

“Senhor, fala, que teu servo escuta!” (1 Sm 3, 9).

Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito (1 Cor 6, 17).

“Rabi (que quer dizer mestre), onde moras?” (Jo 1, 38).

 

MEDITAR

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio

E suportar é o tempo mais comprido.


Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,

Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.

 

Há muitas coisas que não quero ver.

 

Peço-Te que sejas o presente.

Peço-Te que inundes tudo.

E que o Teu reino antes do tempo venha.

E se derrame sobre a Terra.

Em Primavera feroz precipitado.

 

(Sophia de Mello Breyner Andresen, 1919-2004, Portugal)

 

ORAR

       Quando os que amamos nos pedem algo, nós os agradecemos por nos terem pedido. Se vos agradasse, Senhor, pedir-nos uma única coisa durante toda nossa vida, ficaríamos maravilhados e ter feito esta sua vontade uma única vez seria a felicidade de nossa existência. Mas, porque você coloca em nossas mãos tal honra, em cada dia, hora e minuto, achamos isso tão natural que ficamos insensíveis, ficamos entediados. E, todavia, se compreendêssemos a que ponto é impensável vosso mistério, ficaríamos estupefatos de poder conhecer as centelhas de vosso desejo que são nossos mínimos deveres. Ficaríamos deslumbrados de conhecer, nesta imensa escuridão que nos cobre, as inomináveis, precisas e pessoais luzes de vossas vontades. No dia em que compreendermos isso, seguiremos pela vida como uma espécie de profetas, como visionários de vossas pequenas providências, como agentes de vossas intervenções. Nada seria medíocre, porque tudo seria querido por você. Nada seria muito penoso, porque tudo teria raiz em você. Nada seria triste, porque tudo seria desejado a partir de você. Nada seria tedioso, porque tudo seria amor a partir de você. Nós todos somos predestinados ao êxtase, somos todos chamados a sair de nossos próprios arremedos para surgir, hora após hora, em vosso desígnio. Não somos nunca lastimáveis abandonados por conta, mas somos bem-aventurados chamados: chamados a saber o que vos agrada fazer, chamados a saber o que esperais de nós a cada momento: pessoas que vos são um pouco necessárias, pessoas cujos gestos vos faltariam se recusássemos a fazê-los. A almofada a costurar, a carta a escrever, a criança a levantar, o marido a alegrar, a porta a abrir, o telefone a desocupar, a enxaqueca a suportar: tantos trampolins para o êxtase, tantas pontes para passar da nossa pobreza, da nossa má vontade, para a margem serena do vosso bom agrado.

 (Madeleine Delbrêl, 1904-1964, França)

 

CONTEMPLAR

Taboo, 2020, Fattah Zinouri (1984-), Teerã, Irã, Siena International Photo Awards 2021.




 

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