Mantinha-se
firme, como se visse o Invisível! (Hb 11, 27)
Bastismo do Senhor 10.01.2021
Is 42,
1-4.6-7 At 10, 34-38 Mc 1, 7-11
ESCUTAR
“Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega, mas promoverá o julgamento para obter a verdade” (Is 42, 3).
“Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10, 34-35).
“Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer” (Mc 1, 11).
MEDITAR
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
(Cecília Meireles, 1901-1964, Brasil)
ORAR
O episódio do batismo é a primeira ocasião
em que Jesus, homem maduro, entra em cena, em público: ele não é protagonista
nem de milagres nem de um ensinamento, mas é um homem que se associa aos homens
pecadores, um discípulo que se abaixa diante de seu mestre. Jesus começa seu
ministério na solidariedade com a humanidade pecadora, num movimento de
humildade. Ele não se apresenta como um salvador poderoso, não se revela por
ações prodigiosas, mas se coloca em companhia dos pecadores que tentam se
converter: o caminho que Jesus empreende, desde seus primeiros passos, é um
caminho de abaixamento, de aniquilamento, de humilhação. Logo, no momento
preciso da imersão de Jesus nesta água carregada de pecados da humanidade, a
voz do Pai se faz ouvir: “Tu és o meu Filho bem-amado, em ti coloco minha
alegria” (Mc 1, 11). Deus quis ver Jesus exatamente assim: ali, no meio dos
pecadores; e neste próprio ato de abaixamento, ele quis cumulá-lo do Espírito
santo. E é assim que se passou. Os evangelhos nos dizem que Jesus começou sua
vida de homem adulto contando sobre Deus, falando e trabalhando em seu nome:
por esta razão foi ungido, foi consagrado pela unção do Santo Espírito. No
batismo de Jesus, precisamente, ele nos fez compreender a unidade da salvação
em Deus, que trabalha por meio do Filho, conferindo-lhe todo o poder do
Espírito Santo. Mas esta festa da imersão de Jesus é também para nós uma
imersão que teve lugar no início de nossa vida cristã – nosso batismo – e, simultaneamente,
memória da voz de Deus dirigida a cada um de nós: “Tu és o meu filho”. Cada um
de nós é filho de Deus, cada um é o lugar da grande alegria de Deus, se
permanece sobre o caminho da conversão, do retorno a ele; cada um de nós é o
lugar onde desce e repousa o Santo Espírito se sabe invocá-lo, predispondo-se
totalmente à sua acolhida. É assim que podemos nos sentir filhos de Deus,
capazes de chamar: “Abba, pai amado”, capazes de respirar o Espírito santo.
CONTEMPLAR
S. Título, 2019, Trent Mitchell, série Inner Atlas, Sony World Photography Awards 2019, Austrália.
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