segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O Caminho da Beleza 45 - XXVI Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


XXVI Domingo do Tempo Comum             27.09.2020

Ez 18, 25-28                       Fl 2, 1-11                  Mt 21, 28-32

 

ESCUTAR

“Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá” (Ez 18, 28).

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens (Fl 2, 6-7).

“Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21, 31).

 

MEDITAR

É somente o cínico que alega “falar a verdade” o tempo todo e em todo lugar para todo homem do mesmo modo, mas que, na realidade, nada exibe além de uma imagem sem vida da verdade... Ele veste a auréola do devoto fanático da verdade que não pode abrir nenhuma licença para as fraquezas humanas, mas, de fato, está destruindo a verdade viva entre os homens. Ele ofende a vergonha, ultraja o mistério, infringe a confiança, trai a comunidade em que vive, e ri com arrogância da devastação que ele tem forjado e da fraqueza humana que “não pode suportar a verdade”.

(Dietrich Bonhoeffer, 1906-1944, Alemanha)

 

ORAR

            A vida no Reino não consiste numa inscrição. A entrada no Reino requer um desejo vivo e contínuo, uma aceitação constante e atual da vontade de Deus sobre nós. É um “sim” constantemente repetido. Ao contrário, o que é constante entre nós, na prática, é a infidelidade. Há especialmente uma maneira de escapar da vontade de Deus quando se acredita que a cumpre. É uma falta frequente entre os intelectuais; consiste em confrontar a realidade de alguma coisa com o projeto, o pensamento e a ideia que se tem dela. Podemos pensar profundamente em alguma coisa, apreciá-la e engrandecê-la em espírito, e viver de forma completamente diferente. Uma certa deformação de nossa atitude intelectual faz com que não meçamos a diferença. Não há, entretanto, instalação definitiva no Reino de Deus. Se não procuramos entrar nele a cada instante, saímos dele sem perceber. O Nosso Senhor denuncia ainda uma outra ilusão: a ilusão dos que imaginam que um certo grau de obediência à lei é suficiente. Ora, a entrada no Reino pede alguma coisa de diferente e maior que a justiça dos escribas e fariseus. O Reino é para cada um uma resposta a um chamado pessoal; é uma adesão a uma vontade pessoal de Deus, a uma vontade que varia para cada um de nós e que varia igualmente para nós conforme as circunstâncias. O desígnio de Deus, visto do lado humano, não é uma lei estabelecida de uma vez por todas, mas uma vontade que caminha para um crescimento. O Reino de Deus não é algo pronto sobre o qual se repousa. Temos sempre que seguir a Jesus sem conhecer antecipadamente o caminho. Temos sempre que discernir o que Deus espera agora de nós; é preciso sempre, pois, cultivarmos a inquietude, orientada e serena, mas alerta, de uma vontade viva e voltada para o crescimento. É preciso saber questionar o que fazemos para nos manter sempre em estado de disponibilidade diante de Deus. Esta inquietude calma não é nem agitação nem instabilidade. Ela é real fidelidade. Ela procede do amor. Porque o único meio de conhecer a vontade de Deus sobre si é amá-lo, é preferir a vontade de Deus sobre a sua. Aquele que quer realmente fazer a vontade de Deus, coloca-se em estado de vigilância.

(Yves de Montcheiul, 1900-1944, França)

 

CONTEMPLAR

Silhueta de irmãs na praça de São Pedro no Vaticano, 2018, Andrew Medichini, Associated Press Images, Itália.




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