A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXVI Domingo do Tempo Comum 27.09.2020
Ez
18, 25-28 Fl 2, 1-11 Mt 21, 28-32
ESCUTAR
“Arrependendo-se
de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá” (Ez 18, 28).
Jesus
Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual
aos homens (Fl 2, 6-7).
“Em
verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no
Reino de Deus” (Mt 21, 31).
MEDITAR
É somente
o cínico que alega “falar a verdade” o tempo todo e em todo lugar para todo
homem do mesmo modo, mas que, na realidade, nada exibe além de uma imagem sem
vida da verdade... Ele veste a auréola do devoto fanático da verdade que não
pode abrir nenhuma licença para as fraquezas humanas, mas, de fato, está
destruindo a verdade viva entre os homens. Ele ofende a vergonha, ultraja o
mistério, infringe a confiança, trai a comunidade em que vive, e ri com
arrogância da devastação que ele tem forjado e da fraqueza humana que “não pode
suportar a verdade”.
(Dietrich
Bonhoeffer, 1906-1944, Alemanha)
ORAR
A vida no Reino não
consiste numa inscrição. A entrada no Reino requer um desejo vivo e contínuo,
uma aceitação constante e atual da vontade de Deus sobre nós. É um “sim” constantemente
repetido. Ao contrário, o que é constante entre nós, na prática, é a
infidelidade. Há especialmente uma maneira de escapar da vontade de Deus quando
se acredita que a cumpre. É uma falta frequente entre os intelectuais; consiste
em confrontar a realidade de alguma coisa com o projeto, o pensamento e a ideia
que se tem dela. Podemos pensar profundamente em alguma coisa, apreciá-la e
engrandecê-la em espírito, e viver de forma completamente diferente. Uma certa
deformação de nossa atitude intelectual faz com que não meçamos a diferença.
Não há, entretanto, instalação definitiva no Reino de Deus. Se não procuramos
entrar nele a cada instante, saímos dele sem perceber. O Nosso Senhor denuncia
ainda uma outra ilusão: a ilusão dos que imaginam que um certo grau de
obediência à lei é suficiente. Ora, a entrada no Reino pede alguma coisa de
diferente e maior que a justiça dos escribas e fariseus. O Reino é para cada um
uma resposta a um chamado pessoal; é uma adesão a uma vontade pessoal de Deus,
a uma vontade que varia para cada um de nós e que varia igualmente para nós
conforme as circunstâncias. O desígnio de Deus, visto do lado humano, não é uma
lei estabelecida de uma vez por todas, mas uma vontade que caminha para um
crescimento. O Reino de Deus não é algo pronto sobre o qual se repousa. Temos
sempre que seguir a Jesus sem conhecer antecipadamente o caminho. Temos sempre
que discernir o que Deus espera agora de nós; é preciso sempre, pois,
cultivarmos a inquietude, orientada e serena, mas alerta, de uma vontade viva e
voltada para o crescimento. É preciso saber questionar o que fazemos para nos
manter sempre em estado de disponibilidade diante de Deus. Esta inquietude
calma não é nem agitação nem instabilidade. Ela é real fidelidade. Ela procede
do amor. Porque o único meio de conhecer a vontade de Deus sobre si é amá-lo, é
preferir a vontade de Deus sobre a sua. Aquele que quer realmente fazer a
vontade de Deus, coloca-se em estado de vigilância.
(Yves de
Montcheiul, 1900-1944, França)
CONTEMPLAR
Silhueta
de irmãs na praça de São Pedro no Vaticano, 2018, Andrew Medichini, Associated Press Images, Itália.
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