A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXV Domingo do Tempo Comum 20.09.2020
Is
55, 6-9 Fl 1, 20-24.27 Mt 20, 1-16
ESCUTAR
Meus
pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não como os
meus caminhos, diz o Senhor (Is 55, 8).
Para mim,
o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1, 21).
“Os
últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20 16).
MEDITAR
É preciso começar deixando de concentrar a atenção
sobre nós mesmos, para nos perguntarmos o que Ele quer de nós. É preciso
começar aprendendo a amar, isto é, a desviar o olhar de nós mesmos para olhar
para Ele. Se, nessa perspectiva, cessarmos de nos perguntar o que
podemos obter, nos deixando simplesmente guiar por Ele, nos perdemos em
Cristo, nos deixando levar, esquecendo de nós mesmos, então ficará claro como
nossa vida coloca-se novamente nos trilhos, porque superamos a restrição
egoística, a qual até então nos levava a nos concentrar sobre nossa pessoa.
Quando, por assim dizer, saímos do aperto, só então começamos a perceber a
grandiosidade da existência.
(Papa Bento XVI, 1927-, Alemanha)
ORAR
O estilo do patrão da
vinha é o de Jesus que não se baseia antes de tudo no mérito ou na estrita
justiça, mas no amor gratuito e generoso que dá e faz crédito até aos
que não têm direitos para alegá-lo. Contra uma concepção demasiadamente econômica
e interessada em nosso empenho no confronto com o próximo, somos convidados a
uma livre generosidade similar à do Cristo que se oferece aos pecadores, aos
doentes e ignorantes, numa manifestação de amor puro e total. Não se deve
esperar aqui nem o reconhecimento nem muito menos o voto como fazem os
políticos, e nem a adesão fácil. A frase final da parábola sobre a inversão dos
lugares no Reino reflete antes a verdadeira hierarquia segundo o
evangelho: os últimos, os pequenos, deverão ser o centro da comunidade cristã.
A pastoral do sofrimento e da marginalização deverá ser uma das preocupações
eclesiais fundamentais. A perícope de Isaías, na filigrana do texto evangélico,
é um canto do mistério do amor de Deus. O Senhor na sua transcendência
age segundo desígnios que a nossa pequena lógica contesta. Confiar-se a Deus
comporta antes o risco e a espera, a obscuridade e o questionamento. Em seu
romance sobre a crise interior de Manzoni, quando da morte da mulher, M.
Pomilio escreve: “Nele não se aplacava a raiva de não compreender jamais como
Deus não é assim – assim como o balbuciar, de tremor em tremor, dos nossos
pobres corações – e porque não se deixa alcançar e nos atrai e nos ilude, e
porque os seus decretos nos permanecem obscuros e nos equiparam tão
diversamente de como esperávamos, e porque em suma não obstante Deus a dor
habita no mundo” (O Natal de 1833, Milão, 1983, p. 39). A meta desta fé
é o abandono em Deus no espírito da célebre fórmula que é quase uma
rubrica paulina: “Para mim o viver é Cristo e o morrer um ganho”. Redescobrir
este afã, esta imersão em Deus, esta pureza da fé, constitui a grande via da
mística e da maturidade espiritual.
(Giafranco
Ravasi, 1942- , Itália)
CONTEMPLAR
O tempo
acalma, mas não apaga a dor, 2019, Série Srebrenica, Gincarlo Rupolo
(1945-), Itália, Urban Photo Awards.
Amém!
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