terça-feira, 15 de setembro de 2020

O Caminho da Beleza 44 - XXV Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


XXV Domingo do Tempo Comum               20.09.2020

Is 55, 6-9                 Fl 1, 20-24.27                    Mt 20, 1-16

 

ESCUTAR

Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não como os meus caminhos, diz o Senhor (Is 55, 8).

Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1, 21).

“Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20 16).

 

MEDITAR

É preciso começar deixando de concentrar a atenção sobre nós mesmos, para nos perguntarmos o que Ele quer de nós. É preciso começar aprendendo a amar, isto é, a desviar o olhar de nós mesmos para olhar para Ele. Se, nessa perspectiva, cessarmos de nos perguntar o que podemos obter, nos deixando simplesmente guiar por Ele, nos perdemos em Cristo, nos deixando levar, esquecendo de nós mesmos, então ficará claro como nossa vida coloca-se novamente nos trilhos, porque superamos a restrição egoística, a qual até então nos levava a nos concentrar sobre nossa pessoa. Quando, por assim dizer, saímos do aperto, só então começamos a perceber a grandiosidade da existência.

(Papa Bento XVI, 1927-, Alemanha)

 

ORAR

            O estilo do patrão da vinha é o de Jesus que não se baseia antes de tudo no mérito ou na estrita justiça, mas no amor gratuito e generoso que dá e faz crédito até aos que não têm direitos para alegá-lo. Contra uma concepção demasiadamente econômica e interessada em nosso empenho no confronto com o próximo, somos convidados a uma livre generosidade similar à do Cristo que se oferece aos pecadores, aos doentes e ignorantes, numa manifestação de amor puro e total. Não se deve esperar aqui nem o reconhecimento nem muito menos o voto como fazem os políticos, e nem a adesão fácil. A frase final da parábola sobre a inversão dos lugares no Reino reflete antes a verdadeira hierarquia segundo o evangelho: os últimos, os pequenos, deverão ser o centro da comunidade cristã. A pastoral do sofrimento e da marginalização deverá ser uma das preocupações eclesiais fundamentais. A perícope de Isaías, na filigrana do texto evangélico, é um canto do mistério do amor de Deus. O Senhor na sua transcendência age segundo desígnios que a nossa pequena lógica contesta. Confiar-se a Deus comporta antes o risco e a espera, a obscuridade e o questionamento. Em seu romance sobre a crise interior de Manzoni, quando da morte da mulher, M. Pomilio escreve: “Nele não se aplacava a raiva de não compreender jamais como Deus não é assim – assim como o balbuciar, de tremor em tremor, dos nossos pobres corações – e porque não se deixa alcançar e nos atrai e nos ilude, e porque os seus decretos nos permanecem obscuros e nos equiparam tão diversamente de como esperávamos, e porque em suma não obstante Deus a dor habita no mundo” (O Natal de 1833, Milão, 1983, p. 39). A meta desta fé é o abandono em Deus no espírito da célebre fórmula que é quase uma rubrica paulina: “Para mim o viver é Cristo e o morrer um ganho”. Redescobrir este afã, esta imersão em Deus, esta pureza da fé, constitui a grande via da mística e da maturidade espiritual.

(Giafranco Ravasi, 1942- , Itália)

 

CONTEMPLAR

O tempo acalma, mas não apaga a dor, 2019, Série Srebrenica, Gincarlo Rupolo (1945-), Itália, Urban Photo Awards.




 

 

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