segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O Caminho da Beleza 43 - XIV Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


XXIV Domingo do Tempo Comum             13.09.2020

Eclo 27, 33-28,9               Rm 14, 7-9              Mt 18, 21-35

 

ESCUTAR

O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las (Eclo 27, 33).

Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos (Rm 14, 8).

“Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?” (Mt 18, 33).

 

MEDITAR

“Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento” (Ef 24, 6).

(Paulo de Tarso, c. 5-67, Anatólia, Ásia Menor)

 

ORAR

            Há poucas parábolas no evangelho com uma força tão impressionante como a de hoje: não se pode por a ela a menor objeção. E nenhuma como essa coloca diante de nossos olhos de maneira mais drástica as autênticas dimensões da nossa falta de amor, da culpabilidade de nosso desamor: exigimos continuamente a nossos semelhantes que nos paguem o que em nossa opinião nos devem, sem pensar nem por um instante na enorme culpa que Deus nos perdoou totalmente. Com frequência rezamos distraídos as palavras do “Pai Nosso”: “Perdoa nossas ofensas, assim como nós...”, sem pararmos para pensar quão pouco renunciamos à nossa justiça terrestre, mesmo que Deus tenha renunciado à justiça celeste por nós. A leitura da Antiga Aliança já sabe exatamente isto até o menor detalhe: “Não tem compaixão de seu semelhante e pede perdão de seus pecados?”. Para o sábio veterotestamentário isto já é uma impossibilidade que salta à vista. E para demonstrá-lo, remete não apenas a um sentimento humanista geral mas também à aliança de Deus, que era uma oferta de graça em vez de uma remissão da culpa para o povo de Israel: “Recorda a aliança do Senhor e perdoa o erro”. A segunda leitura aprofunda cristologicamente essa fundamentação. Nós, que julgamos sobre o que é justo e injusto, não nos pertencemos em absoluto a nós mesmos. Em toda nossa existência somos já devedores da bondade misericordiosa daquele que nos perdoou e carregou por nós, já desde sempre, a nossa culpa. Quando se diz,  “Nenhum de nós vive para si mesmo”, se quer dizer duas coisas: ninguém deve sua existência a si mesmo, mas sim que cada um de nós se deve, como existente, a Deus; mas se diz ainda mais: deve-se mais profundamente ao que já pagou por sua culpa e que continua sendo ainda o mais profundo devedor. Isso não significa de modo algum que ele seria servo e escravo de um amigo. Ao contrário, o rei deixa ir em liberdade o empregado a quem perdoou a dívida. Se nós nos devemos inteiramente a Cristo, então nos devemos ao amor divino que veio por nós “até o fim” (Jo 13, 1); e dever-se ao amor significa poder e dever amar. E isto é precisamente a suprema liberdade para o homem.

(Hans Urs von Balthasar, 1905-1988, Suíça)

 

CONTEMPLAR

Pupa, 2020, menino de onze anos lutador de Muay Thai, Isaan, Tailândia, Lord K2, Reino Unido, Monovisions Photography Awards.




 

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