A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXVIII Domingo do Tempo Comum 11.10.2020
Is
25, 6-10 Fl 4, 12-14.19-20 Mt 22, 1-14
ESCUTAR
O Senhor prepara
nesse monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com
vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos (Is 25, 6).
Tudo
posso naquele que me dá força (Fl 4, 13).
“Vinde
para a festa!”
MEDITAR
Deus
existe mesmo quando não há.
(João
Guimarães Rosa, 1908-1967, Brasil)
ORAR
Ponha-te a sonhar. Ponha
juntas as narrativas mais fantásticas de todas as fábulas. E depois leia
atentamente o “canto do banquete” de Isaías. E descobrirás que tua fantasia é
excessivamente prudente, tímida, não suficientemente solta. Recordo que um
diretor espiritual meu, no Seminário, me admoestava severamente: – Sua fantasia
corre depressa demais... Na realidade, dou-me conta de que, quando se trata de
Deus, corremos demasiado pouco com a fantasia, temos medo de nos separarmos da
terra, de abandonar nossos estreitos horizontes. Tenho finalmente a impressão
de que, quando se trata de seus dons, a razão não nos ajuda em grande coisa a
compreender. Somente a fantasia que desapega com efeito do real, do previsível,
do possível, consegue não ser excessivamente “herética”, não desviada demais do
mundo de Deus. Expliquemo-nos, não é que a imagem oferecida por Isaías
represente uma descrição exata, definitiva, uma espécie de fotografia real do
banquete preparado por Deus. Parece-me que é bem mais um indício que nos
convida a suspeitar de algo... inimaginável. Uma espécie de convite para
atribuir a Deus os desígnios mais... inacreditáveis, os propósitos mais...
impossíveis. Abandonemo-nos, nós também, ao sonho. Quando abrirmos os olhos nos
daremos conta de que a realidade divina está infinitamente muito mais longe do
que nossos sonhos mais audazes e loucos... E se um dia Deus nos lançasse na
cara que tivemos pensamentos excessivamente modestos, mesquinhos, a respeito
dele?... E se a desilusão de Deus não resultasse tanto das coisas muito
pequenas relacionadas a nossa vocação, mas da nossa incapacidade para imaginar
as coisas mais maravilhosas que ele realiza em nós hoje e que nos prepara para
amanhã? O que nos leva ao paraíso não é ter tentado evitar os sonhos feios, mas
sim haver sido capazes de ter sonhos impossíveis.
(Alessandro
Pronzato, 1932-, Itália)
CONTEMPLAR
Caçador
da tribo Zo’e, 2009, Pará, Brasil, Sebastião Salgado (1944-),
do livro Gênesis, Brasil.