segunda-feira, 1 de junho de 2020

O Caminho da Beleza 29 - Santíssima Trindade


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

Santíssima Trindade                07.06.2020
Ex 34, 4-6.8-9                   2 Cor 13, 11-13                   Jo 3, 16-18


ESCUTAR

“Embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos” (Ex 34, 9).

Encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco (2 Cor 13, 11).

Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).


MEDITAR

O Pai sorri para o Filho, o Filho sorri para o Pai e o sorriso faz nascer o prazer, o prazer faz nascer a alegria e a alegria faz nascer o amor.

(Maître Eckhart, 1260-1328, Alemanha)


ORAR

         Jesus é Deus; mas ele diz “tu” a Deus: Deus fala a Deus. Deus se diz “enviado de Deus”. Deus tem por alimento fazer a vontade de Deus. Há, pois, uma dualidade em Deus. E o Espírito, que é também Deus, é uma terceira. A Igreja, colocada diante deste paradoxo de um Deus uno e trino, compreendeu bem cedo que, se ele não fosse mantido a rigor, seria o fim da esperança humana. “Se a Incarnação fosse uma pura imaginação, a salvação também seria pura imaginação” (S. Cirilo de Jerusalém). Se Deus mesmo não se fez homem, como poderia o homem fazer-se Deus? E como poderia um Deus unipessoal se incarnar? Se a Igreja travou um combate, apaixonado durante os primeiros séculos da sua história, para que a profundeza do Mistério não fosse abolida em proveito de uma racionalidade imediata, é que uma rigorosa lógica – expressão duma racionalidade superior cuja exigência constante é mantida pelo Espírito Santo, a despeito de nossas tentações de medíocres compromissos – esta lógica lhe ordenava não separar na unidade da sua fé a tríplice crença na Trindade, na divindade de Jesus Cristo e na divinização do homem. Se Deus não é Trindade, a Incarnação é um mito e nossa esperança é vã. Mas o Deus Trindade é “postulado” pela vivência do amor humano. A esse apelo concreto responde a Revelação. O amor não se consuma na absorção ou na fusão de dois em um. O amor quer, ao mesmo tempo, a distinção e a unidade, a alteridade e a identidade. O mistério da Trindade é a resposta eterna a esta exigência. Cada uma das três Pessoas não é por ela mesma, senão à medida que é para as duas outras: o Pai não existe como Pai, distinto do Filho, senão se dando todo inteiro ao Filho; o Filho não existe como Filho distinto do Pai, senão sendo todo inteiro impulso de amor para o Pai. É o ato de gerar o Filho, que constitui a Pessoa do Pai. É o “ato de se dar”. E assim também o Filho e o Espírito Santo. O que nos é revelado, é que o fundo do Ser é Amor, Comunhão. Cada Pessoa divina não é ela mesma, senão sendo fora de si, sem se fechar sobre si mesma. É segundo o modo de amar, que Deus é.

(François Varillon, 1905-1978, França)


CONTEMPLAR

Cantores do gargarejo, 1931, crianças na escola de Sneed Road gargarejando em defesa contra influenza, autoria desconhecida, Fox Photos/Getty Images, Bristol, Inglaterra.



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