A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Santíssima Trindade 07.06.2020
Ex 34, 4-6.8-9 2
Cor 13, 11-13 Jo 3,
16-18
ESCUTAR
“Embora
este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e
acolhe-nos” (Ex 34, 9).
Encorajai-vos,
cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco
(2 Cor 13, 11).
Deus amou
tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).
MEDITAR
O Pai
sorri para o Filho, o Filho sorri para o Pai e o sorriso faz nascer o prazer, o
prazer faz nascer a alegria e a alegria faz nascer o amor.
(Maître
Eckhart, 1260-1328, Alemanha)
ORAR
Jesus é Deus; mas ele diz “tu” a
Deus: Deus fala a Deus. Deus se diz “enviado de Deus”. Deus tem por alimento
fazer a vontade de Deus. Há, pois, uma dualidade em Deus. E o Espírito, que é
também Deus, é uma terceira. A Igreja, colocada diante deste paradoxo de um
Deus uno e trino, compreendeu bem cedo que, se ele não fosse mantido a rigor,
seria o fim da esperança humana. “Se a Incarnação fosse uma pura imaginação, a
salvação também seria pura imaginação” (S. Cirilo de Jerusalém). Se Deus mesmo
não se fez homem, como poderia o homem fazer-se Deus? E como poderia um Deus
unipessoal se incarnar? Se a Igreja travou um combate, apaixonado durante os
primeiros séculos da sua história, para que a profundeza do Mistério não fosse
abolida em proveito de uma racionalidade imediata, é que uma rigorosa lógica –
expressão duma racionalidade superior cuja exigência constante é mantida pelo
Espírito Santo, a despeito de nossas tentações de medíocres compromissos – esta
lógica lhe ordenava não separar na unidade da sua fé a tríplice crença na
Trindade, na divindade de Jesus Cristo e na divinização do homem. Se Deus não é
Trindade, a Incarnação é um mito e nossa esperança é vã. Mas o Deus Trindade é
“postulado” pela vivência do amor humano. A esse apelo concreto responde a
Revelação. O amor não se consuma na absorção ou na fusão de dois em um. O amor
quer, ao mesmo tempo, a distinção e a unidade, a alteridade e a identidade. O
mistério da Trindade é a resposta eterna a esta exigência. Cada uma das três
Pessoas não é por ela mesma, senão à medida que é para as duas outras: o Pai
não existe como Pai, distinto do Filho, senão se dando todo inteiro ao Filho; o
Filho não existe como Filho distinto do Pai, senão sendo todo inteiro impulso
de amor para o Pai. É o ato de gerar o Filho, que constitui a Pessoa do Pai. É
o “ato de se dar”. E assim também o Filho e o Espírito Santo. O que nos é
revelado, é que o fundo do Ser é Amor, Comunhão. Cada Pessoa divina não é ela
mesma, senão sendo fora de si, sem se fechar sobre si mesma. É segundo o modo
de amar, que Deus é.
(François
Varillon, 1905-1978, França)
CONTEMPLAR
Cantores do gargarejo, 1931, crianças na escola de Sneed Road
gargarejando em defesa contra influenza, autoria desconhecida, Fox Photos/Getty
Images, Bristol, Inglaterra.
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