segunda-feira, 22 de junho de 2020

O Caminho da Beleza 32 - São Pedro e São Paulo


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

São Pedro e São Paulo             28.06.2020
At 12, 1-11                2 Tm 4, 6-8.17-18            Mt 16, 13-19


ESCUTAR

Herodes prendeu alguns membros da Igreja para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João (At 12, 1-2).

Caríssimo, quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida (2 Tm 4, 6).

“E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15).


MEDITAR

A cruz de Cristo é a cruz do mundo e dos pobres. Para estar ao serviço dos pobres, a igreja de hoje deve identificar-se com eles, assumir a sua causa, defender seus direitos, levantar uma voz profética para denunciar a estrutura injusta que os prende na escravidão, empenhar-se concretamente no serviço de sua libertação integral. Para isso, a igreja deve estar verdadeiramente livre, quer dizer sem nenhuma conivência com os poderes que mantêm a injustiça, sem compromisso algum com a estrutura que comete e perpetua a opressão aos pobres. Em suma, desvinculada de tudo aquilo que a impede de exercitar a liberdade evangélica de que é preciso para tornar-se a voz dos sem voz. Como Jesus se tornou sinal de contradição, denunciando a hipocrisia e a injustiça que ameaçavam a sua época, assim acontecerá com a igreja na medida em que se fizer realmente serva dos pequenos e dos desprezados. É este o preço que deverá pagar a igreja para tornar-se, em verdade, igreja serva.

(Jacques Dupuis, 1923-2004, França)


ORAR

     Jesus coloca duas questões distintas: “O que eles dizem?”, “O que vós dizeis?”. Mateus relatou muitas vezes que a multidão se espantava e até se encantava com o ensinamento de Jesus e com seus milagres. Todo mundo se pergunta quem é este homem, esse filho de homem. Uns pensam que é João Batista ressuscitado; outros que é Elias; outros ainda pensam em Jeremias. Discute-se muito; não se cessa de discutir sobre quem é Jesus após vinte séculos; e a maior parte dos homens o continua a fazer. Da admiração ao engajamento há uma distância grande. Os discípulos são engajados. Viveram com seu Mestre dia após dia. Acreditaram em suas promessas. Obedeceram a seu chamado. Foram confrontados com o mistério de sua pessoa. Deus lhes revelou o sentido oculto de suas palavras. E eis que a hora chegou em que Jesus os chamou para confessar sua fé: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Reconhecer em Jesus não mais um profeta, mas “o Filho de Deus”, é atributo apenas da fé e essa fé só pode ser um dom de Deus. Jesus não disse que “ninguém conhece o Filho a não ser o Pai” (Mt 11, 27)? São Paulo declara: “Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ se o Espírito Santo não o inspira” (1 Cor 12, 3). Toda a Igreja apostólica reconhecia que a divindade de Jesus Cristo é um mistério da fé, inacessível unicamente à sabedoria humana. No momento em que Simão confessa sua fé, é o próprio Deus que fala por sua boca; uma grande graça lhe é feita e Jesus o proclama: “feliz”. Jesus dá a Simão um nome novo: “Kepha”, que significa “rocha”. Esse nome contém uma promessa: Simão, o discípulo pusilânime, impulsivo, será, entretanto, pela graça de Deus, a “rocha” sobre a qual Deus construirá a comunidade nova. Acreditamos que se trata aqui mais da pessoa de Pedro e não somente de sua fé. Notando bem, é confessando a fé que Pedro é chamado a fazer esse papel. Dando-lhe as chaves do reino, Jesus confere a Pedro, e por ele à sua Igreja, abrir o reino àqueles que receberão sua palavra. Esta palavra tem o poder de desatar os homens dos laços do pecado e da morte. Jesus ordena a seus discípulos não dizer a ninguém que ele é o Cristo. Não chegou a hora de revelar sua identidade; de um lado, porque seu ministério não se cumpriu e porque a confissão pública de sua messianidade será sua sentença de morte; de outro lado, porque sua qualidade de Messias pode levar a graves mal entendidos.  A continuação de sua conversação com os discípulos vai nos dar a prova disso. Eles ainda não compreenderam o mistério dos sofrimentos do Servidor, nem o que concerne ao seu Mestre, nem o que concerne a eles próprios.

(Suzanne de Diétrich, 1891-1981, França)


CONTEMPLAR

Ernesto Cardenal lê seus poemas em La Chascona (Santiago, Chile), 2009, edição da foto original de Roman Bonnefoy, Wikimedia Commons, França.




Nenhum comentário:

Postar um comentário