A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
São Pedro e São Paulo 28.06.2020
At 12, 1-11 2
Tm 4, 6-8.17-18 Mt 16, 13-19
ESCUTAR
Herodes
prendeu alguns membros da Igreja para torturá-los. Mandou matar à espada Tiago,
irmão de João (At 12, 1-2).
Caríssimo,
quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o
momento de minha partida (2 Tm 4, 6).
“E vós,
quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15).
MEDITAR
A cruz de
Cristo é a cruz do mundo e dos pobres. Para estar ao serviço dos pobres, a
igreja de hoje deve identificar-se com eles, assumir a sua causa, defender seus
direitos, levantar uma voz profética para denunciar a estrutura injusta que os
prende na escravidão, empenhar-se concretamente no serviço de sua libertação
integral. Para isso, a igreja deve estar verdadeiramente livre, quer dizer sem
nenhuma conivência com os poderes que mantêm a injustiça, sem compromisso algum
com a estrutura que comete e perpetua a opressão aos pobres. Em suma,
desvinculada de tudo aquilo que a impede de exercitar a liberdade evangélica de
que é preciso para tornar-se a voz dos sem voz. Como Jesus se tornou sinal de
contradição, denunciando a hipocrisia e a injustiça que ameaçavam a sua época,
assim acontecerá com a igreja na medida em que se fizer realmente serva dos
pequenos e dos desprezados. É este o preço que deverá pagar a igreja para
tornar-se, em verdade, igreja serva.
(Jacques
Dupuis, 1923-2004, França)
ORAR
Jesus coloca duas questões
distintas: “O que eles dizem?”, “O que vós dizeis?”. Mateus relatou muitas
vezes que a multidão se espantava e até se encantava com o ensinamento de Jesus
e com seus milagres. Todo mundo se pergunta quem é este homem, esse filho de
homem. Uns pensam que é João Batista ressuscitado; outros que é Elias; outros
ainda pensam em Jeremias. Discute-se muito; não se cessa de discutir sobre quem
é Jesus após vinte séculos; e a maior parte dos homens o continua a fazer. Da
admiração ao engajamento há uma distância grande. Os discípulos são engajados.
Viveram com seu Mestre dia após dia. Acreditaram em suas promessas. Obedeceram
a seu chamado. Foram confrontados com o mistério de sua pessoa. Deus lhes
revelou o sentido oculto de suas palavras. E eis que a hora chegou em que Jesus
os chamou para confessar sua fé: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
Reconhecer em Jesus não mais um profeta, mas “o Filho de Deus”, é atributo
apenas da fé e essa fé só pode ser um dom de Deus. Jesus não disse que “ninguém
conhece o Filho a não ser o Pai” (Mt 11, 27)? São Paulo declara: “Ninguém pode
dizer ‘Jesus é o Senhor’ se o Espírito Santo não o inspira” (1 Cor 12, 3). Toda
a Igreja apostólica reconhecia que a divindade de Jesus Cristo é um mistério da
fé, inacessível unicamente à sabedoria humana. No momento em que Simão confessa
sua fé, é o próprio Deus que fala por sua boca; uma grande graça lhe é feita e
Jesus o proclama: “feliz”. Jesus dá a Simão um nome novo: “Kepha”, que
significa “rocha”. Esse nome contém uma promessa: Simão, o discípulo
pusilânime, impulsivo, será, entretanto, pela graça de Deus, a “rocha” sobre a
qual Deus construirá a comunidade nova. Acreditamos que se trata aqui mais da
pessoa de Pedro e não somente de sua fé. Notando bem, é confessando a fé que
Pedro é chamado a fazer esse papel. Dando-lhe as chaves do reino, Jesus confere
a Pedro, e por ele à sua Igreja, abrir o reino àqueles que receberão sua
palavra. Esta palavra tem o poder de desatar os homens dos laços do pecado e da
morte. Jesus ordena a seus discípulos não dizer a ninguém que ele é o Cristo.
Não chegou a hora de revelar sua identidade; de um lado, porque seu ministério
não se cumpriu e porque a confissão pública de sua messianidade será sua
sentença de morte; de outro lado, porque sua qualidade de Messias pode levar a
graves mal entendidos. A continuação de
sua conversação com os discípulos vai nos dar a prova disso. Eles ainda não
compreenderam o mistério dos sofrimentos do Servidor, nem o que concerne ao seu
Mestre, nem o que concerne a eles próprios.
(Suzanne
de Diétrich, 1891-1981, França)
CONTEMPLAR
Ernesto
Cardenal lê seus poemas em La Chascona (Santiago, Chile), 2009,
edição da foto original de Roman Bonnefoy, Wikimedia Commons, França.
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