terça-feira, 21 de abril de 2020

O Caminho da Beleza 23 - III Domingo da Páscoa


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

III Domingo da Páscoa            26.04.2020
At 2, 14.22-23                    1 Pd 1, 17-21                       Lc 24, 13-35

ESCUTAR

Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós (At 2, 22).

Se invocais como Pai aquele que, sem discriminação, julga a cada um de acordo com as suas obras, vivei então respeitando a Deus durante o tempo de vossa migração neste mundo (1 Pd 1, 17).

“Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32).


MEDITAR

Aquele que é luz quer que jorre luz dos olhos do ser amado. Se eu te amo não posso querer que tenhas os olhos baços. Se eu te amo, quero que haja luz em teus olhos e quero estar junto de ti como contágio de luz, contágio de existência luminosa. Olhar de amor ou amizade é olhar ambicioso pelo outro. Eu te amo, quer dizer, tenho ambições para ti, acima de tudo, não te quero dominar e sufocar-te a liberdade, quero que despertes. Quero que a minha liberdade comungue com a tua e isso não é possível se a tua não existir.

(François Varillon, 1905-1978, França)


ORAR

    A caminhada de Emaús constitui uma espécie de fenomenologia precisa do ato de fé. Só se chega à fé pertencendo realmente à humanidade e situando Jesus nessa humanidade. É então que aparece o Senhor, não tanto como aquele que traz soluções às perguntas propostas, mas como aquele que também faz perguntas, aprende a fazê-las corretamente e vai ao fim da pesquisa que elas inauguram. Não se deve confundir a fé com a religiosidade ou com uma simples crença mais ou menos intelectual na existência de Deus. Não é por termos “necessidade” de Deus para proteger-nos ou para explicar a criação ou a moral, que temos fé. Do mesmo modo, não é por darmos muita importância ao conteúdo da fé, aos diferentes dogmas que ela reúne ou aos sistemas de pensamento que ela consagra em sua formulação, que temos verdadeiramente fé: antes de ser um conteúdo preciso, a fé é inicialmente uma atitude. O conteúdo pode variar em sua expressão ou nos acentos colocados em seus elementos sem com isso afetar a atitude fundamental da fé. Mas qual é então essa atitude? Antes de tudo, parece que é preciso ser plenamente homem para ser plenamente crente. Em outros termos, a fé é a atitude de um homem que vive ao máximo sua conexão com a humanidade. É então que Cristo aparece: não como alguém que tem a solução para essas perguntas, mas antes de tudo como alguém, um homem entre nós,  que também se fez essas mesmas perguntas, que se revoltou igualmente contra essa condição imposta ao homem. Posso dizer que tenho fé em Jesus Cristo quando descubro nele um homem que vive as perguntas da humanidade sobre o sentido de sua condição, mas que para viver essas perguntas traz um sentido especial, pessoal, até misterioso, o de uma absoluta fidelidade a seu Pai e à pobreza e às lacunas da condição humana, indo até à morte. Jesus viveu sua condição de homem de um modo muito particular: abrindo-se totalmente ao outro, aos seus irmãos os homens, e preparando-se assim para abrir-se ao Pai e receber dele o dom da vida. Não se pode dizer que o Cristo traga uma solução às minhas perguntas: ele me deixa totalmente viver em minhas próprias indagações. Jesus traz uma maneira de viver essas perguntas na abertura ao outro, no amor do outro. É esse estilo de vida de Jesus, essa sua maneira de dar um significado à condição humana que nele me agrada, que me leva procurar sua amizade, a viver em sua presença, a participar de seu Espírito e sua comunhão com o Pai. Portanto, a fé é antes de tudo uma atitude de vida com Jesus.

(Thierry Maertens, 1921-, e Jean Frisque, Bélgica)


CONTEMPLAR

Refugiados afegãos esperando para cruzar a fronteira iraniana, 2018, Enayat Asadi (1981-), World Press Photo, 2019 Photo Contest, Irã.




Nenhum comentário:

Postar um comentário