A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
III Domingo da Páscoa 26.04.2020
At 2, 14.22-23 1
Pd 1, 17-21 Lc 24,
13-35
ESCUTAR
Jesus de
Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios
e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós (At 2, 22).
Se invocais
como Pai aquele que, sem discriminação, julga a cada um de acordo com as suas
obras, vivei então respeitando a Deus durante o tempo de vossa migração neste
mundo (1 Pd 1, 17).
“Não
estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos
explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32).
MEDITAR
Aquele
que é luz quer que jorre luz dos olhos do ser amado. Se eu te amo não posso
querer que tenhas os olhos baços. Se eu te amo, quero que haja luz em teus
olhos e quero estar junto de ti como contágio de luz, contágio de existência
luminosa. Olhar de amor ou amizade é olhar ambicioso pelo outro. Eu te amo,
quer dizer, tenho ambições para ti, acima de tudo, não te quero dominar e
sufocar-te a liberdade, quero que despertes. Quero que a minha liberdade comungue
com a tua e isso não é possível se a tua não existir.
(François
Varillon, 1905-1978, França)
ORAR
A
caminhada de Emaús constitui uma espécie de fenomenologia precisa do ato de fé.
Só se chega à fé pertencendo realmente à humanidade e situando Jesus nessa
humanidade. É então que aparece o Senhor, não tanto como aquele que traz
soluções às perguntas propostas, mas como aquele que também faz perguntas,
aprende a fazê-las corretamente e vai ao fim da pesquisa que elas inauguram.
Não se deve confundir a fé com a religiosidade ou com uma simples crença mais
ou menos intelectual na existência de Deus. Não é por termos “necessidade” de
Deus para proteger-nos ou para explicar a criação ou a moral, que temos fé. Do
mesmo modo, não é por darmos muita importância ao conteúdo da fé, aos
diferentes dogmas que ela reúne ou aos sistemas de pensamento que ela consagra
em sua formulação, que temos verdadeiramente fé: antes de ser um conteúdo
preciso, a fé é inicialmente uma atitude. O conteúdo pode variar em sua expressão
ou nos acentos colocados em seus elementos sem com isso afetar a atitude
fundamental da fé. Mas qual é então essa atitude? Antes de tudo, parece que é
preciso ser plenamente homem para ser plenamente crente. Em outros termos, a fé
é a atitude de um homem que vive ao máximo sua conexão com a humanidade. É
então que Cristo aparece: não como alguém que tem a solução para essas
perguntas, mas antes de tudo como alguém, um homem entre nós, que também se fez essas mesmas perguntas, que
se revoltou igualmente contra essa condição imposta ao homem. Posso dizer que
tenho fé em Jesus Cristo quando descubro nele um homem que vive as perguntas da
humanidade sobre o sentido de sua condição, mas que para viver essas perguntas
traz um sentido especial, pessoal, até misterioso, o de uma absoluta fidelidade
a seu Pai e à pobreza e às lacunas da condição humana, indo até à morte. Jesus
viveu sua condição de homem de um modo muito particular: abrindo-se totalmente
ao outro, aos seus irmãos os homens, e preparando-se assim para abrir-se ao Pai
e receber dele o dom da vida. Não se pode dizer que o Cristo traga uma solução
às minhas perguntas: ele me deixa totalmente viver em minhas próprias
indagações. Jesus traz uma maneira de viver essas perguntas na abertura ao
outro, no amor do outro. É esse estilo de vida de Jesus, essa sua maneira de
dar um significado à condição humana que nele me agrada, que me leva procurar
sua amizade, a viver em sua presença, a participar de seu Espírito e sua
comunhão com o Pai. Portanto, a fé é antes de tudo uma atitude de vida com
Jesus.
(Thierry
Maertens, 1921-, e Jean Frisque, Bélgica)
CONTEMPLAR
Refugiados
afegãos esperando para cruzar a fronteira iraniana, 2018,
Enayat Asadi (1981-), World Press Photo, 2019 Photo Contest, Irã.
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