segunda-feira, 6 de abril de 2020

O Caminho da Beleza 21 - Páscoa da Ressurreição


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

Páscoa da Ressurreição                      12.04.2020
At 10, 34.37-43                 Cl 3, 1-4                   Jo 20, 1-9


ESCUTAR

Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos (At 10, 38).

Vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus (Cl 3, 3).

Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou (Jo 20, 8).


MEDITAR

Alguns invejam a chance dos discípulos: “Eles o viram e nós, nós não o vimos!”. Mas tê-lo visto foi também uma prova. Era a tentação de retê-lo e de se congelar numa fascinação hipnótica – esquecendo seu próximo e nem vendo mais a aventura e o universo que ele está prestes a criar especialmente para nós. A última lição do Verbo encarnado foi a de retomar os gestos simples e por eles ensinar a não mais vê-lo, mas a ver todas as coisas nele e a reconhecer a sua glória em toda parte que emerge no cotidiano.

(Fabrice Hadjadj, 1971-, França)


ORAR

Toda vez que somos capazes de quebrar nossas rotinas, nossas resignações, nossas complacências, nossas alienações em relação à ordem estabelecida ou à nossa individualidade mesquinha, e que a partir desta ruptura realizamos um ato criador, nas artes, nas ciências, na revolução ou no amor, cada vez que trazemos qualquer coisa de novo à forma humana, o Cristo está vivo, a criação está em nós, por nós e se continua através de nós. A Ressurreição se realiza a cada dia. Cada um dos meus atos libertadores e criadores implica no postulado da Ressurreição. E mais que qualquer outro, o ato revolucionário. Pois, se eu sou um revolucionário, significa que eu creio que a vida tem um sentido e um sentido para todos. Como poderia eu falar de um projeto global para a humanidade, de um sentido a dar à sua história, quando milhares de homens, no passado, foram marginalizados, viveram e morreram, escravos ou soldados, sem que sua vida e sua morte tenham um sentido? Como poderia eu imaginar que outras vidas se sacrificaram para que nasça esta realidade nova, se eu não acreditasse que esta realidade nova os contém todos e os prolonga, que eles vivem e ressuscitam nela? A ressurreição dos mortos não é mais que a do Cristo, não é o feito dos indivíduos. Como a ressurreição do Cristo seria a minha? Se ela interpela hoje cada um de nós, é porque ele não ressuscitou por ele, como indivíduo, mas por nós, em nós, para mostrar o caminho. Ele não nos salva de fora, como se oferece um presente. Mas de dentro: pois é nossa decisão, a nossa fé que nos salva. Cada um dos atos que os relatos evangélicos nos apresentam como um milagre, tem este caráter: o Cristo não aparece como um taumaturgo, agindo de fora para transformar os homens, como se fabrica um objeto. Não; tudo passa pela consciência e pela vontade dos homens. Ele não diz: “Eu te salvei”, como se pesca um náufrago. Ele diz: “Tua fé te salvou”. Lembrando-nos assim de que todo o drama da fé, sem o menor resíduo, se passa em nossa vida humana, que o homem, como diz o Padre Rahner, é o único domínio da teologia, que somos inteiramente responsáveis pela nossa história; que o homem é uma tarefa a realizar; que a sociedade é uma tarefa a realizar, que a Ressurreição é uma tarefa a realizar, e a realizar todos os dias.

(Roger Garaudy, 1913-2012, França)


CONTEMPLAR

O começo, 2017, Blake Latiolais, Monovisions Photography Awards, Estados Unidos.




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