A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
II Domingo da Páscoa 19.04.2020
At 2, 42-47 1
Pd 1, 3-9 Jo 20, 19-31
ESCUTAR
Viviam
unidos e colocavam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e
repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um (At 2,
44-45).
Sem ter visto
o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais (1 Pe 1, 8).
“Acreditaste
porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).
MEDITAR
A morte
rompe as relações, mas Jesus se apresenta aos apóstolos: ele faz explodir a
barreira da morte. Ele está livre para comunicar quando quiser. A experiência
pascal é a comunicação e a relação restituídas numa liberdade inesperada. Não é
a lembrança que comanda, Jesus não é o prisioneiro de nossa memória, Ele é o
Vivente; e porque ele é o Vivente, Ele é Promessa até que se realize para todos
a comunicação, a ruptura da morte.
(Christian
Duquoc, 1926-2008, França)
ORAR
Eis que Jesus convida Tomé
a tocar as chagas da paixão. Qual é o significado desse convite? De um lado, é
um apelo à uma relação de intimidade com o Senhor Jesus. Nosso Salvador não se
mantém longe de nós. Ele permite, deseja mesmo, que nós o toquemos em espírito.
“Eu não vos chamo mais de servos, eu vos chamo amigos” (Jo 15, 15). Ele espera
de nós uma aproximação pessoal, espontânea, uma aproximação de confiança e de
ternura em que o coração fala ao coração. De outro lado, Jesus quer que nessa
aproximação suas chagas, isto é, seu sofrimento e sua morte, não sejam jamais
esquecidas. Porque, assim como é preciso recusar uma absorção mórbida aos
aspectos sangrentos de sua paixão, é preciso também evitar que um apego
unilateral à sua transfiguração e à sua ressurreição nos leve a menosprezar e a
diminuir a realidade de sua humanidade santa, humilhada e sofrida de Redentor.
O corpo que Jesus nos faz tomar é um corpo partido. O sangue que ele nos faz
beber é um sangue derramado. A união perfeita da sexta-feira santa e do dia da
Páscoa nos é luminosamente mostrada no episódio que meditamos hoje. Querendo
mostrar a Tomé a verdade da ressurreição, Jesus o convida a tocar as feridas
pelas quais fomos curados (Is 53, 5). Como nos é possível colocar nossos dedos
na marca dos pregos e nossa mão no lado do Salvador? Hoje, Jesus não tem mais
mãos visíveis a não ser a dos homens, não tem lado visível a não ser o dos
homens. Se acreditamos verdadeiramente que os seres humanos são os membros do
corpo do Cristo e que o menor copo d’água dado a uma pessoa sedenta é dado ao
próprio Jesus, então nós temos um meio infalível de alcançar o Senhor. Enquanto
é difícil elevar nossos corações a Deus e encontrá-lo na oração, é sempre
possível descer ao Cristo, isto é, procurá-lo e encontrá-lo bem abaixo de nós
mesmos, nos membros mais sofridos e mais desprezados. Nesse momento a realidade
da ressurreição se torna tangível a nós, no sentido literal da palavra. Aquele
que se inclina sobre seu irmão infeliz ou aviltado, aquele que não hesita em
tocar em sua lepra, toca o corpo de seu Senhor. Ele sente que recebe uma
experiência vivida da Presença divina.
(Lev
Gillet, 1893-1980, França)
CONTEMPLAR
Enfermeira
exausta após um turno interminável no hospital, 2020,
foto de Francesca Mangiatordi, médica do Departamento de Emergência do Hospital
Maggiore de Cremona, Lombardia, Itália.
Nenhum comentário:
Postar um comentário