segunda-feira, 13 de abril de 2020

O Caminho da Beleza 22 - II Domingo da Páscoa


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

II Domingo da Páscoa              19.04.2020
At 2, 42-47              1 Pd 1, 3-9               Jo 20, 19-31


ESCUTAR

Viviam unidos e colocavam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um (At 2, 44-45).

Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais (1 Pe 1, 8).

“Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).


MEDITAR

A morte rompe as relações, mas Jesus se apresenta aos apóstolos: ele faz explodir a barreira da morte. Ele está livre para comunicar quando quiser. A experiência pascal é a comunicação e a relação restituídas numa liberdade inesperada. Não é a lembrança que comanda, Jesus não é o prisioneiro de nossa memória, Ele é o Vivente; e porque ele é o Vivente, Ele é Promessa até que se realize para todos a comunicação, a ruptura da morte.

(Christian Duquoc, 1926-2008, França)


ORAR

  Eis que Jesus convida Tomé a tocar as chagas da paixão. Qual é o significado desse convite? De um lado, é um apelo à uma relação de intimidade com o Senhor Jesus. Nosso Salvador não se mantém longe de nós. Ele permite, deseja mesmo, que nós o toquemos em espírito. “Eu não vos chamo mais de servos, eu vos chamo amigos” (Jo 15, 15). Ele espera de nós uma aproximação pessoal, espontânea, uma aproximação de confiança e de ternura em que o coração fala ao coração. De outro lado, Jesus quer que nessa aproximação suas chagas, isto é, seu sofrimento e sua morte, não sejam jamais esquecidas. Porque, assim como é preciso recusar uma absorção mórbida aos aspectos sangrentos de sua paixão, é preciso também evitar que um apego unilateral à sua transfiguração e à sua ressurreição nos leve a menosprezar e a diminuir a realidade de sua humanidade santa, humilhada e sofrida de Redentor. O corpo que Jesus nos faz tomar é um corpo partido. O sangue que ele nos faz beber é um sangue derramado. A união perfeita da sexta-feira santa e do dia da Páscoa nos é luminosamente mostrada no episódio que meditamos hoje. Querendo mostrar a Tomé a verdade da ressurreição, Jesus o convida a tocar as feridas pelas quais fomos curados (Is 53, 5). Como nos é possível colocar nossos dedos na marca dos pregos e nossa mão no lado do Salvador? Hoje, Jesus não tem mais mãos visíveis a não ser a dos homens, não tem lado visível a não ser o dos homens. Se acreditamos verdadeiramente que os seres humanos são os membros do corpo do Cristo e que o menor copo d’água dado a uma pessoa sedenta é dado ao próprio Jesus, então nós temos um meio infalível de alcançar o Senhor. Enquanto é difícil elevar nossos corações a Deus e encontrá-lo na oração, é sempre possível descer ao Cristo, isto é, procurá-lo e encontrá-lo bem abaixo de nós mesmos, nos membros mais sofridos e mais desprezados. Nesse momento a realidade da ressurreição se torna tangível a nós, no sentido literal da palavra. Aquele que se inclina sobre seu irmão infeliz ou aviltado, aquele que não hesita em tocar em sua lepra, toca o corpo de seu Senhor. Ele sente que recebe uma experiência vivida da Presença divina.

(Lev Gillet, 1893-1980, França)


CONTEMPLAR

Enfermeira exausta após um turno interminável no hospital, 2020, foto de Francesca Mangiatordi, médica do Departamento de Emergência do Hospital Maggiore de Cremona, Lombardia, Itália.




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