A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Ramos e Paixão do Senhor 05.04.2020
Mt 21, 1-11 Is
50, 4-7 Fl 2, 6-11 Mt 27, 11-54
ESCUTAR
“Eis que
o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de
jumenta” (Mt 21, 5).
O Senhor
abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás (Is 50, 5).
Ao nome
de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra (Fl 2, 10).
Jesus deu
outra vez um forte grito e entregou o espírito (Mt 27, 50).
MEDITAR
Amar
nossa vida como realmente é significa aceitá-la como realmente é: inclusive a
morte. Não a ideia da morte, mas também atos que antecipem a morte na
entrega e no dom de si mesmo. Cada sacrifício de nosso próprio interesse e de
nosso gozo pelo bem do outro ou, simplesmente, pelo “amor”, é uma espécie de morte.
Mas também é, ao mesmo tempo, um ato de vida, e uma afirmação da verdade da
vida.
(Thomas
Merton, 1915-1968, França/Estados Unidos)
ORAR
Duas procissões entraram em
Jerusalém num dia de primavera do ano 30. Era o início da semana da Páscoa, a
mais sagrada do ano judaico. Uma foi a procissão de camponeses, a outra um
desfile imperial. Vindo do Leste, Jesus montou um jumento e desceu o monte das
Oliveiras, saudado por seus seguidores. Do lado oposto da cidade, vindo do
Oeste, Pôncio Pilatos, o governador romano da Idumeia, de Judeia e de Samaria,
entrou em Jerusalém na frente de uma fileira da cavalaria e de soldados
imperiais. O cortejo de Jesus proclamava o reino de Deus; o de Pilatos
proclamava o poder do império. Os dois cortejos corporificam o conflito central
da semana que levou à crucificação de Jesus. O conflito não era de Jesus contra
o judaísmo. Jesus fazia parte do judaísmo, não estava à parte
dele. O conflito também não estava relacionado a sacerdotes e sacrifício, como
se a paixão primária de Jesus fosse um protesto contra o papel dos mediadores
sacerdotais ou contra o sacrifício animal. Pelo contrário, seu protesto era
contra um sistema de dominação radicalmente diverso do que seria o já presente
e vindouro reino de Deus, o sonho dele. Jesus não era contra o judaísmo nem o
judaísmo contra Jesus. Na verdade, a voz de Jesus era uma voz judaica, uma das
várias vozes judaicas do século I, falando do que significava a lealdade ao
Deus do judaísmo. E, para os cristãos, ele é a voz judaica decisiva. Dois
cortejos entraram em Jerusalém naquele dia. A mesma pergunta, a mesma
alternativa, está diante dos fiéis hoje. Em que cortejo estamos? Em que
procissão queremos estar? Essa é a questão do Domingo de Ramos e da semana que
está para ser relatada.
(Marcus
J. Borg, 1942-2015, e John Dominic Crossan, 1934-, Estados Unidos)
CONTEMPLAR
O repouso
do cordeiro, 1958, Robert Doisneau (1912-1994), França.