terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O Caminho da Beleza 14 - VII Domingo do Tempo Comum


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

VII Domingo do Tempo Comum                 23.02.2020
Lv 19, 1-2.17-18                 1 Cor 3, 16-23        Mt 5, 38-48


ESCUTAR

Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor! (Lv 19, 18).

Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? (1 Cor 3, 16).

“Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5, 44).


MEDITAR

Toda religião acolhe e rejeita, ou seja, a religião bendiz e maldiz, defende e ataca, perdoa e condena, e assim sucessivamente. Pois bem, uma das coisas mais notáveis que encontramos nos evangelhos é que Jesus acolheu aqueles que a religião rejeitava, abençoou aqueles que a religião amaldiçoava, defendeu aos que a religião atacava, perdoou aos que a religião condenava.

(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)


ORAR

   Como o amor de Deus se derrama em plenitude, assim o discípulo deve tender a uma lógica “não econômica” e “irracional” do amor, superando toda reserva e barreira. Este imperativo evangélico é exemplificado pela oração aos perseguidores e a saudação dirigida aos adversários.  O amor pelos inimigos flui da paternidade universal de Deus e se deve concretizar no cotidiano e no ordinário da vida e do comportamento. Trata-se, portanto, não de um ato de filantropia genérica, mas de amor teológico que nasce da fé cristã e que a realiza. A constante reproposição da moral do perdão, da não-violência, da paz deve ser específica do anúncio cristão. É triste ver o rancor, a aspereza, a mesquinhez burguesa, a rispidez polêmica, a incapacidade ao diálogo, o espírito “partidário” e de bom-mocismo de muitos cristãos. O amor deve incarnar-se em decisão cotidiana e diária. É feito de saudações, de orações para os outros, de mínimos gestos, de oferecer copos d’água, de doações, de cuidados, de tolerância. A abertura do coração também significa uma certa abstenção de si mesmo, da própria defesa, do próprio orgulho e uma tensão constante em relação à substância das coisas. No Diário, em 24.12.1838, Kierkegaard anotava: “Faz, ó Senhor, que os nossos discursos não sejam como as flores que hoje estão no campo e amanhã são lançadas no forno: mesmo que seu esplendor fosse tão grande como o de Salomão”. A perfeição cristã não se alcança com atos de culto, com palavras solenes de juízo, com rigorismos ascéticos. Alcança-se com o amor contínuo e total. A educação ao amor deve se realizar já nas crianças, alimentada nas tensões juvenis, aprofundada na vida familiar e exaltada na experiência eclesial. “O Cristianismo não é uma forma de autorealização. Jesus não era Narciso. O Evangelho pressupõe que eu renuncie a mim mesmo, que o meu coração não se dobre sobre si mesmo e que eu aceite a possibilidade derivada da minha nova orientação a qualquer coisa fora de mim. O Evangelho não é concêntrico, mas excêntrico” (H. Cox, O retorno ao Oriente, Brescia, 1978, p. 97).

(Gianfranco Ravasi, 1942-, Itália)


CONTEMPLAR

Velha briga, 2016, Olimpíadas do Rio, luta de judô entre israelense e egípcio, Markus Schreiber, Associated Press, Bonn, Alemanha.




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