A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
VII Domingo do Tempo Comum 23.02.2020
Lv 19, 1-2.17-18 1
Cor 3, 16-23 Mt 5, 38-48
ESCUTAR
Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor! (Lv 19, 18).
Acaso não
sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? (1 Cor
3, 16).
“Amai os
vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5, 44).
MEDITAR
Toda
religião acolhe e rejeita, ou seja, a religião bendiz e maldiz, defende
e ataca, perdoa e condena, e assim sucessivamente. Pois bem, uma das coisas
mais notáveis que encontramos nos evangelhos é que Jesus acolheu aqueles que a
religião rejeitava, abençoou aqueles que a religião amaldiçoava, defendeu aos
que a religião atacava, perdoou aos que a religião condenava.
(José
Maria Castillo, 1929-, Espanha)
ORAR
Como o amor de Deus se derrama em
plenitude, assim o discípulo deve tender a uma lógica “não econômica” e
“irracional” do amor, superando toda reserva e barreira. Este imperativo
evangélico é exemplificado pela oração aos perseguidores e a saudação dirigida
aos adversários. O amor pelos inimigos
flui da paternidade universal de Deus e se deve concretizar no cotidiano e no
ordinário da vida e do comportamento. Trata-se, portanto, não de um ato de
filantropia genérica, mas de amor teológico que nasce da fé cristã e que a
realiza. A constante reproposição da moral do perdão, da não-violência,
da paz deve ser específica do anúncio cristão. É triste ver o rancor, a
aspereza, a mesquinhez burguesa, a rispidez polêmica, a incapacidade ao diálogo,
o espírito “partidário” e de bom-mocismo de muitos cristãos. O amor deve
incarnar-se em decisão cotidiana e diária. É feito de saudações,
de orações para os outros, de mínimos gestos, de oferecer copos d’água, de
doações, de cuidados, de tolerância. A abertura do coração também significa uma
certa abstenção de si mesmo, da própria defesa, do próprio orgulho e uma tensão
constante em relação à substância das coisas. No Diário, em 24.12.1838,
Kierkegaard anotava: “Faz, ó Senhor, que os nossos discursos não sejam como as
flores que hoje estão no campo e amanhã são lançadas no forno: mesmo que seu
esplendor fosse tão grande como o de Salomão”. A perfeição cristã não se
alcança com atos de culto, com palavras solenes de juízo, com rigorismos
ascéticos. Alcança-se com o amor contínuo e total. A educação ao amor deve se
realizar já nas crianças, alimentada nas tensões juvenis, aprofundada na vida
familiar e exaltada na experiência eclesial. “O Cristianismo não é uma forma de
autorealização. Jesus não era Narciso. O Evangelho pressupõe que eu renuncie a
mim mesmo, que o meu coração não se dobre sobre si mesmo e que eu aceite a
possibilidade derivada da minha nova orientação a qualquer coisa fora de mim. O
Evangelho não é concêntrico, mas excêntrico” (H. Cox, O
retorno ao Oriente, Brescia, 1978, p. 97).
(Gianfranco
Ravasi, 1942-, Itália)
CONTEMPLAR
Velha
briga, 2016, Olimpíadas do Rio, luta de judô entre israelense e egípcio,
Markus Schreiber, Associated Press, Bonn, Alemanha.
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