Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
XVII Domingo do Tempo Comum 28.07.2019
Gn 18, 20-32 Cl
2, 12-14 Lc 11, 1-13
ESCUTAR
“Se eu
encontrasse em Sodoma cinquenta justos, pouparia por causa deles a cidade
inteira” (Gn 18, 26).
Irmãos,
com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados
por meio da fé (Cl 2, 12).
“Pedi e
recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc 11, 9).
MEDITAR
Dá-nos,
Senhor, a coragem dos recomeços. Mesmo nos dias quebrados, faz-nos descobrir
limiares límpidos. Não nos deixe acomodar ao saber daquilo que foi: dá-nos
largueza de coração para abraçar aquilo que é... Torna-nos atônitos como os
seres que florescem. Torna-nos livres, deslumbrantemente insubmissos. Torna-nos
inacabados como quem deseja e de desejo vive. Torna-nos confiantes como os que
se atrevem a olhar tudo, e a si mesmos, uma primeira vez.
(José
Tolentino Mendonça, 1965-, Portugal)
ORAR
Quiçá a tragédia mais grave do homem
de hoje seja sua incapacidade crescente para a oração. Estamos nos esquecendo
do que é orar. Temos reduzido o tempo dedicado à oração e à reflexão interior. Às
vezes, a excluímos praticamente de nossa vida. Mas isso não é o mais grave.
Parece que as pessoas estão perdendo a capacidade do silêncio interior. Já não são
capazes de encontrar-se com o fundo de seu ser. Distraídas por mil sensações,
embotadas interiormente, estão abandonando a atitude orante a Deus. Por outra
parte, em uma sociedade em que se aceita como critério primeiro e quase único a
eficácia, o rendimento ou a utilidade imediata, a oração fica desvalorizada
como algo inútil. Facilmente se afirma que o importante é “a vida”, como se a
oração pertencesse ao mundo da “morte”. No entanto, precisamos orar. Não é
possível viver com vigor a fé cristã nem a vocação humana infra-alimentados
interiormente. Cedo ou tarde, a pessoa experimenta a insatisfação que produzem
no coração humano o vazio interior, a trivialidade do cotidiano, o tédio da
vida ou a não comunicação com o Mistério. Necessitamos orar para encontrar silêncio,
serenidade e descanso que nos permitam manter o ritmo de nosso fazer diário. Necessitamos
orar para viver em atitude lúcida e vigilante em meio a uma sociedade
superficial e desumanizadora. Necessitamos orar para enfrentar a nossa própria
verdade e ser capazes de uma autocrítica pessoal sincera. Necessitamos orar
para nos ir liberando do que nos impede de ser mais humanos. Necessitamos orar
para viver diante de Deus em atitude mais festiva, agradecida e criadora.
Felizes os que também em nossos dias são capazes de experimentar no profundo de
seu ser a verdade das palavras de Jesus: “Quem pede, recebe; quem procura,
encontra; e, para quem bate, se abrirá”.
(José
Antonio Pagola, 1937-, Espanha)
CONTEMPLAR
Sorriso, 2016, Mosteiro
Labrang Lamasery, Província de Gansu, China, Jianjun Huang, Siena International
Photo Awards, China.
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