sexta-feira, 7 de junho de 2019

O Caminho da Beleza 29 - Pentecostes


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


Pentecostes                       09.06.2016
At 2, 1-11                  1 Cor 12, 3-7.12-13                       Jo 20, 19-23


ESCUTAR

“Todos nós os escutamos anunciar as maravilhas de Deus na nossa própria língua!” (At 2, 11).

A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum (1 Cor 12, 7).

Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19).


MEDITAR

A obra do Espírito Santo é de tornar contemporâneas a presença e a ação de Jesus Cristo na nossa humanidade. É dele que esperamos o nascimento do mundo novo sendo vigilantes na fé. Ele é o mestre de obras da nova criação como foi na origem, pairando sobre as águas ou insuflado no homem. O Espírito Santo é o ar do Reino de Deus.

(Pierre Claverie, 1938-1996, Argelia).


ORAR

Na festa de Pentecostes, celebramos a vinda do Espírito de Jesus para fundar a comunidade eclesial. Pentecostes é uma dinâmica de vida e sempre será testemunhado na razão direta da capacidade de amor fraterno da comunidade. O Espírito sabe qual a melhor forma da sua comunicação - brisa suave, forte ventania e fogo – para tornar presente no meio de nós a Palavra de Deus assim como a tornou presente no seio de Maria. Hoje ele chega como uma forte ventania para nos mostrar a sua liberdade e pousa como línguas de fogo sobre as cabeças dos discípulos, tornando ardentes e inflamados os seus corações e seus lábios para que pronunciassem nas línguas diversas as maravilhas do Senhor. Como o Espírito de Jesus foi soprado sobre nós só nos resta nos abandonar a este impulso divino. Este abandono não é uma preguiça nem uma passividade, mas o confronto permanente para que possamos superar as forças interiores que exigem a capitulação dos nossos sonhos e a acomodação estéril das nossas vidas. Precisamos nos deixar invadir pelo Espírito de Jesus para que alcancemos o significado de tudo o que acontece nas nossas vidas, pois nos foi prometido: “Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá à plena verdade” (Jo 16, 13). O Espírito de Jesus não conhece e, muito menos, impõe limites. A única coisa que não nos concede é levar uma vida medíocre e aprisionada nos limites que nos impomos, pois uma vida assim nos condena à absoluta incompreensão de nós mesmos. Na manifestação de Pentecostes foi afirmada a pluralidade do universo, pois além dos apóstolos, em Jerusalém, os pagãos, na Cesárea, foram tocados pelo Espírito Santo e, falando várias línguas, glorificavam a Deus. A Igreja não se constrói somente pelo caminho institucional, mas pela infinita variedade de dons e carismas que o Espírito distribui para a construção do bem comum, pois “todos nós bebemos de um único Espírito”. Ouvir a voz do Espírito de Jesus é viver na comunidade fraterna aberta a todos os homens e mulheres e comprometida com todo o Cosmos. Como nos escreveu São Basílio Magno, no século IV: “Dele nos vem a alegria sem fim, a união constante e a semelhança com Deus; Dele procede, enfim, o bem mais sublime que se pode desejar: o homem é divinizado”.

(Matersol, 1999-, Brasil)


CONTEMPLAR

Awá-Guajá: raios de luz do sol da tarde iluminam a densa floresta amazônica do norte do Brasil, 2013, Sebastião Salgado (1944-), Projeto Amazônia, Brasil.







Nenhum comentário:

Postar um comentário