segunda-feira, 17 de junho de 2019

O Caminho da Beleza 31 - XII Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)

 
XII Domingo do Tempo Comum                 23.06.2019
Zc 12, 10-11; 13, 1             Gl 3, 26-29             Lc 9, 18-24

 
ESCUTAR

“Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração” (Zc 12, 10).
Todos vós sois um só em Jesus Cristo (Gl 3, 28).

“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9, 23).

 
MEDITAR

Esse é justamente o tema maravilhoso da Bíblia que assusta a tantos: que o único sinal visível de Deus no mundo seja a cruz. Cristo não é arrebatado gloriosamente da terra para o céu, seu destino é a cruz. E precisamente lá onde está a cruz está próxima a ressurreição. Onde todos ficam desconsertados diante de Deus, onde todos se desesperam com Deus, é exatamente lá que Deus está bem perto e Cristo está vivamente presente.

(Dietrich Bonhoeffer, 1906-1944, Alemanha)

 
ORAR

            “Nenhum de vós vive para si, e ninguém morre para si... quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14, 7-8). Na morte de Cristo evidenciou-se mais claramente que nem ele, o Messias, se pertence a si mesmo. Não há amor se não houver capacidade de alguém se gostar gratuitamente. Não haverá comunidade cristã, se ninguém renunciar a seus direitos de infindáveis litígios e acirradas discussões. O pleno desabrochar da pessoa como pessoa supõe que alguém se sacrifique generosamente por mim, que alguém confie em mim, me perdoe, me suporte com magnanimidade, renuncie a si para me dar sua palavra, seu tempo, sua atenção, sua estima... sem pagamento. A cruz que, ao exemplo do Cristo, é entrega generosa pelo bem dos outros, é a mais direta liberação do nosso egoísmo mortífero. Ela nos dá o coração de bondade e os sentimentos de respeito, isto é, ela nos purifica. Não é a cruz que se opõe ao mundo moderno do progresso. O que impossibilita o advento do mundo mais humano, mais justo e de maior amor é sua gigantesca capacidade técnica de se fechar no egoísmo estreito e mortal ou, em defesa do seu eu imaturo e inveterado, recorrer ao ódio e a lutas fratricidas. Num mundo, onde o progresso é o único critério, cria-se um homem-monstro, capaz de imolar os seus semelhantes julgados “inúteis” e “supérfluos”. Não a cruz de desprezo, mas a cruz do Cristo, a cruz do serviço a nossos irmãos, dá-nos força de imolarmos nossos próprios interesses para crescermos todos juntos. Esta cruz não elimina nem resolve todos os problemas, mas nos redime com eles.

(Emanuel Bouzon, 1933-2006, Brasil e Karl Romer, 1932-, Suíça)

 
CONTEMPLAR

No Quintal, México, 1936-7, Marcel Gautherot (1910-1996), Instituto Moreira Salles, França/Brasil.
 
 

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