Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
V Domingo da Páscoa 19.05.2019
At 14, 21-27 Ap 21, 1-5 Jo
13, 31-35
ESCUTAR
“É preciso que passemos por muitos
sofrimentos para entrar no reino de Deus” (At 14, 22).
Vi um novo céu e uma nova terra. Pois
o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe (Ap 21, 1).
“Amai-vos uns aos outros” (Jo 13,
34).
MEDITAR
O amor é o único ímpeto que é
suficientemente avassalador para nos forçar a deixar o confortável abrigo da
nossa individualidade bem protegida, a pôr de lado a concha inexpugnável da
autossuficiência e rastejar nus para a zona do perigo, lá para a frente, para o
cadinho em que a individualidade se purifica para aparecer a personalidade.
(Mark Patrick Hederman OSB, 1944-,
Irlanda)
ORAR
É,
com efeito, “o amor do próximo o nosso modo concreto de entrar no amor de
Deus”. É a encarnação do nosso amor de Deus, a prova da sua veracidade. Nós não
podemos amar verdadeiramente a Deus sem querer o bem de nossos irmãos no
Cristo, sem querer que todos estejam unidos n’Ele pelo mesmo “Pai Nosso”.
“Aquele que não ama seu irmão a quem vê, como poderá amar Deus que não vê?” (1
Jo 4, 20). Nosso próximo é o Cristo ao alcance do nosso amor. Se não o amamos,
é que não amamos a Cristo verdadeiramente...O amor fraterno, em cada um dos seus
atos, é uma epifania do Deus do amor. A comunidade do amor deixa transparecer
no semblante os traços invisíveis da comunidade divina, comunica-lhe sua vida.
Pois o amor se espalha. É a alma da comunidade e o seu princípio de ação. O
Espírito do amor é a fonte de sua vida e da sua difusão. O que a comunidade de
amor traz ao mundo é a presença de Deus, é a experiência de Deus, a alegria de
Deus ao alcance de todos. O que atrai a Fé, o que provoca a adesão, é a
experiência de um amor novo na comunidade cristã viva, é o contato de Deus.
“Que eles sejam um, pede o Cristo, a fim de que o mundo creia” (Jo 17, 21). E a
sua oração é ouvida. Eles não formavam senão um só coração e uma só alma e a
multidão dos fiéis ia aumentando a cada dia (At 2, 41.44). “Não teriam convertido
o mundo”, comenta São João Crisóstomo, “se não tivessem amado tanto”. Isto
permanece verdadeiro ainda hoje: só vivendo no amor fraterno pode uma
comunidade levar o Evangelho a um meio humano qualquer. E sempre que há o amor,
a vida divina passa e atrai, pois o coração do homem é feito para viver essa
alegria, de conhecer e amar a Deus no outro.
(Louis Lochet, 1914-2002, França)
CONTEMPLAR
Crianças no degrau da porta, 2008, Havana, Cuba, Tony McDonnell, Dundalk, Irlanda.
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