sexta-feira, 3 de maio de 2019

O Caminho da Beleza 24 - III Domingo da Páscoa


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


III Domingo da Páscoa            05.05.2019
At 5, 27-32.40-41             Ap 5, 11-14              Jo 21, 1-19


ESCUTAR

“É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (At 5, 29).

“O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor” (Ap 5, 12).

“Simão, filho de João, tu me amas?” (Jo 21, 17).


MEDITAR

O Teu lugar no meu coração é todo o meu coração: só Tu tens lugar aí. Meu espírito Te segura entre a minha pele e os meus ossos. Se Te perdesse, como faria? Quando tento esconder-Te o meu amor: meu inconsciente o declara com as lágrimas que escondia.

(Hussein Mansur al-Hallaj, 858-922, Pérsia)


ORAR

“Te levará para onde não queres ir”. O evangelho da aparição do Senhor na margem do lago Tiberíades termina com a investidura de Pedro em seu ministério de pastor. Tudo antes é preparação: primeiro a pesca malograda; em seguida a pesca milagrosa, após a qual Pedro se atira à agua para chegar nadando até o Senhor e manter-se a seu lado sobre a rocha da eternidade, enquanto que o resto da Igreja lhes traz sua colheita, sua pesca; depois é Pedro somente que arrasta até a margem a rede repleta de peixes. E finalmente se coloca a Pedro a questão decisiva: “tu me amas mais do que estes?”. Tu, que me negaste três vezes, me amas mais que este discípulo amado, que teve o valor de permanecer junto a mim ao pé da cruz? Pedro, que é consciente de sua culpa quando o Senhor lhe repete três vezes a mesma pergunta, pronuncia um primeiro sim cheio de arrependimento, pois de nenhuma maneira pode dizer não, e toma emprestada de João a força para isso (na comunhão dos santos). Sem a confissão deste amor maior, o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, não poderia confiar a Pedro a tarefa de apascentar seu rebanho. Pois o ministério que Jesus havia recebido do Pai é idêntico à entrega amorosa de sua vida por suas ovelhas. E para que esta unidade de ministério e amor, absolutamente necessária para o ministério conferido por Jesus, fique definitivamente selada, se prediz a Pedro sua crucificação, o dom da perfeita imitação de Cristo. Desde então, a cruz permanecerá ligada ao papado, mesmo quando houver papas indignos; mas quanto mais a sério tome um papa seu ministério, tanto mais sentirá sobre seus ombros o peso da cruz.

(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)


CONTEMPLAR

Jangadas, c. 1950, Marcel Gautherot (1910-1996), Instituto Moreira Salles, França-Brasil.




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