Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
III Domingo da Páscoa 05.05.2019
At 5, 27-32.40-41 Ap 5, 11-14 Jo 21, 1-19
ESCUTAR
“É preciso obedecer a Deus antes que
aos homens” (At 5, 29).
“O Cordeiro imolado é digno de
receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor”
(Ap 5, 12).
“Simão, filho de João, tu me amas?”
(Jo 21, 17).
MEDITAR
O Teu lugar no meu coração é todo o
meu coração: só Tu tens lugar aí. Meu espírito Te segura entre a minha pele e
os meus ossos. Se Te perdesse, como faria? Quando tento esconder-Te o meu amor:
meu inconsciente o declara com as lágrimas que escondia.
(Hussein Mansur al-Hallaj, 858-922,
Pérsia)
ORAR
“Te levará para onde não queres ir”. O evangelho da aparição do Senhor
na margem do lago Tiberíades termina com a investidura de Pedro em seu
ministério de pastor. Tudo antes é preparação: primeiro a pesca malograda; em
seguida a pesca milagrosa, após a qual Pedro se atira à agua para chegar
nadando até o Senhor e manter-se a seu lado sobre a rocha da eternidade,
enquanto que o resto da Igreja lhes traz sua colheita, sua pesca; depois é
Pedro somente que arrasta até a margem a rede repleta de peixes. E finalmente
se coloca a Pedro a questão decisiva: “tu me amas mais do que estes?”. Tu, que
me negaste três vezes, me amas mais que este discípulo amado, que teve o valor
de permanecer junto a mim ao pé da cruz? Pedro, que é consciente de sua culpa
quando o Senhor lhe repete três vezes a mesma pergunta, pronuncia um primeiro
sim cheio de arrependimento, pois de nenhuma maneira pode dizer não, e toma
emprestada de João a força para isso (na comunhão dos santos). Sem a confissão
deste amor maior, o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, não poderia
confiar a Pedro a tarefa de apascentar seu rebanho. Pois o ministério que Jesus
havia recebido do Pai é idêntico à entrega amorosa de sua vida por suas
ovelhas. E para que esta unidade de ministério e amor, absolutamente necessária
para o ministério conferido por Jesus, fique definitivamente selada, se prediz
a Pedro sua crucificação, o dom da perfeita imitação de Cristo. Desde então, a
cruz permanecerá ligada ao papado, mesmo quando houver papas indignos; mas
quanto mais a sério tome um papa seu ministério, tanto mais sentirá sobre seus
ombros o peso da cruz.
(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988,
Suíça)
CONTEMPLAR
Jangadas, c. 1950, Marcel Gautherot (1910-1996),
Instituto Moreira Salles, França-Brasil.
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