Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
IV Domingo da Páscoa 12.05.2019
At 13, 14.43-52 Ap 7, 9.14-17 Jo 10, 27-30
ESCUTAR
“Eu te coloquei como luza para as
nações, para que leves a salvação até os confins da terra” (At 13, 47).
“Esses são os que vieram da grande
tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,
14).
“As minhas ovelhas escutam a minha
voz, eu as conheço e elas me seguem” (J0 10, 27).
MEDITAR
O caminho para a fé passa pela
obediência ao chamado de Cristo. Exige-se um passo decisivo, senão o chamado de
Jesus ecoa no vácuo, e todo suposto discipulado, sem esse passo ao qual Jesus
nos chama, transforma-se em falsa onda entusiástica.
(Dietrich Bonhoeffer, 1906-1945,
Alemanha)
ORAR
Os
povos e aldeias da Galileia estavam formados por gente campesina e de condição
social muito humilde. Eram pessoas que viviam do campo e do pastoreio de seus
escassos rebanhos de ovelhas e cabras. Naquela sociedade agrária, na qual
nasceu e se educou Jesus, a imagem do pastor e o pastoreio das ovelhas era
familiar. Jesus, seguindo a tradição dos profetas (Ez 34) utiliza esta imagem
para explicar a relação entre os líderes e os discípulos na comunidade cristã.
A experiência ensinava, desde então, que este assunto era delicado e se
prestava a abusos muito graves. Ezequiel havia se queixado: Ai dos pastores de Israel que se apascentam
a si mesmos! (Ez 34, 2b). Por isso, Deus mesmo os ameaçava: Vou-me enfrentar com os pastores; lhes
reclamarei minhas ovelhas (Ez 34, 10). É o escândalo dos pastores que atuam
como donos do rebanho e o dominam segundo suas próprias ideias, seus interesses
e suas preferências. Em consequência, Jesus explica o modelo de relação entre o
pastor, que é bom de verdade, e a comunidade que apascenta. Esta relação se
define por três verbos: “escutar”, “conhecer” e “seguir”... O mais importante de tudo é o “seguimento”.
As ovelhas confiam no pastor, vão onde
ele vai. Se sentem seguras com seu pastor. Tudo isso supõem modificar a
raiz da relação entre o governante e os que se deixam governar. Já não se trata
de uma “relação de poder” a qual corresponde uma “relação de submissão”. Isso
tem sido o “princípio de decomposição” da Igreja. Porque a deformou. Numa
instituição assim, Jesus não pode estar presente. Muito pelo contrário: Jesus
se faz presente onde se oferece um modelo alternativo na relação entre líderes
e comunidade. Quando todos eles se fundem em unidade, então a Igreja oferece a
possibilidade de um mundo que nos pode seduzir. O mundo que tanto necessitamos.
(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)
CONTEMPLAR
S. Título, s.
data, Manhattan (?), Clay Benskin, New York, Estados Unidos.
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