Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
I Domingo da Quaresma 10.03.2109
Dt 26, 4-10 Rm 10, 8-13 Lc
4, 1-13
ESCUTAR
O Senhor ouviu a nossa voz e viu a
nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia (Dt 26, 7).
É crendo no coração que se alcança a
justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação (Rm 10, 10).
Terminada toda tentação, o diabo
afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno (Lc 4, 13).
MEDITAR
A tentação consiste em propor um
falso bem no lugar de um verdadeiro, mas com a aparência desse verdadeiro.
Aprende-se, então, a mentir, a si mesmo ou ao outro. Quanto mais próximo de
Deus, mais o demônio se esforça por mentir. Essa a tentação do cristão. É por
ser cristão que ele é tentado. Assim como Jesus, para nós é após o batismo que
as tentações começam. A vida cristã é um combate, um combate no deserto, um
combate contra um adversário inteligente e rancoroso.
(Thierry-Dominique Humbrecht, 1962-,
França)
ORAR
A página do evangelho nos apresenta o
relato das tentações de Jesus no deserto. O demônio pretende desviar, separar
Cristo do desígnio do Pai. Em vez do
caminho da humilhação, do abaixamento, do amor, da cruz, eis aí o atalho para
um triunfo fácil, de popularidade, de gestos espetaculares, do poder, da força,
da liberação parcial do homem (interessar-se pelo pão, ou seja, limitar-se aos
problemas econômicos em vez de empreender a salvação total). Jesus rejeita cada
uma das sugestões do “Divisor”, citando as palavras da Escritura e,
consequentemente, ratificando sua determinação de fazer unicamente, e até o
fundo, a vontade do Pai. Também para nós o tempo da quaresma pode ser a ocasião
propícia para verificar se nosso projeto corresponde ao de Deus. Para limpar
nosso cristianismo de todas as incrustações de superstição, facilidade,
aparência, exterioridade. Para rejeitar os compromissos, os acordos, as
traições à mensagem evangélica. Para voltar a descobrir as exigências mais
radicais do Cristo. Para rejeitar uma religiosidade construída à nossa medida,
e “vestir-se” com o desígnio de Deus. Para varrer os equívocos e adotar
escolhas precisas, caras, que nos conduzam a um caminho de coerência e
visibilidade. Naturalmente, essas verificações essenciais são possíveis apenas
se tivermos a coragem de nos confrontarmos com a palavra de Deus. Uma palavra que
deve encontrar lugar em nossa vida fazendo calar as excessivas palavras que nos
envolvem e nos deixam aturdidos (eis aí o verdadeiro jejum quaresmal). Um pouco
de deserto, pois, um pouco de silêncio, um pouco de coragem para frequentar as
profundidades, um pouco de gosto pela interioridade. A conversão a que somos
convidados não é outra coisa senão dar as costas aos nossos projetos miseráveis
e confusos para nos colocar em direção ao desígnio original. A penitência, no
fundo, é a nostalgia de nossa autêntica grandeza.
(Alessandro Pronzato, 1932-, Itália)
CONTEMPLAR
Somewhere, 1957, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, do musical West Side Story, New York, Estados Unidos. Intérpretes: Gladys Knight e Be One Choir (2018).
There's a place for us, somewhere a place for us
Peace and quiet and open air, wait for us somewhere
Peace and quiet and open air, wait for us somewhere
There's a time for us, someday a time for us
Time together with time to spare, time to learn, time to care
Someday, somewhere, we'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving, somewhere
We'll find a way of forgiving, somewhere
There's a place for us, a time and place for us
Hold my hand and we're half-way there, hold my hand and I'll take you there
Hold my hand and we're half-way there, hold my hand and I'll take you there
Somehow,
someday, somewhere
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