segunda-feira, 4 de março de 2019

O Caminho da Beleza 16 - I Domingo da Quaresma


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


I Domingo da Quaresma                     10.03.2109
Dt 26, 4-10              Rm 10, 8-13                       Lc 4, 1-13


ESCUTAR

O Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia (Dt 26, 7).

É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação (Rm 10, 10).

Terminada toda tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno (Lc 4, 13).



MEDITAR
A tentação consiste em propor um falso bem no lugar de um verdadeiro, mas com a aparência desse verdadeiro. Aprende-se, então, a mentir, a si mesmo ou ao outro. Quanto mais próximo de Deus, mais o demônio se esforça por mentir. Essa a tentação do cristão. É por ser cristão que ele é tentado. Assim como Jesus, para nós é após o batismo que as tentações começam. A vida cristã é um combate, um combate no deserto, um combate contra um adversário inteligente e rancoroso.

(Thierry-Dominique Humbrecht, 1962-, França)


ORAR

            A página do evangelho nos apresenta o relato das tentações de Jesus no deserto. O demônio pretende desviar, separar Cristo do desígnio do Pai.  Em vez do caminho da humilhação, do abaixamento, do amor, da cruz, eis aí o atalho para um triunfo fácil, de popularidade, de gestos espetaculares, do poder, da força, da liberação parcial do homem (interessar-se pelo pão, ou seja, limitar-se aos problemas econômicos em vez de empreender a salvação total). Jesus rejeita cada uma das sugestões do “Divisor”, citando as palavras da Escritura e, consequentemente, ratificando sua determinação de fazer unicamente, e até o fundo, a vontade do Pai. Também para nós o tempo da quaresma pode ser a ocasião propícia para verificar se nosso projeto corresponde ao de Deus. Para limpar nosso cristianismo de todas as incrustações de superstição, facilidade, aparência, exterioridade. Para rejeitar os compromissos, os acordos, as traições à mensagem evangélica. Para voltar a descobrir as exigências mais radicais do Cristo. Para rejeitar uma religiosidade construída à nossa medida, e “vestir-se” com o desígnio de Deus. Para varrer os equívocos e adotar escolhas precisas, caras, que nos conduzam a um caminho de coerência e visibilidade. Naturalmente, essas verificações essenciais são possíveis apenas se tivermos a coragem de nos confrontarmos com a palavra de Deus. Uma palavra que deve encontrar lugar em nossa vida fazendo calar as excessivas palavras que nos envolvem e nos deixam aturdidos (eis aí o verdadeiro jejum quaresmal). Um pouco de deserto, pois, um pouco de silêncio, um pouco de coragem para frequentar as profundidades, um pouco de gosto pela interioridade. A conversão a que somos convidados não é outra coisa senão dar as costas aos nossos projetos miseráveis e confusos para nos colocar em direção ao desígnio original. A penitência, no fundo, é a nostalgia de nossa autêntica grandeza.

(Alessandro Pronzato, 1932-, Itália)


CONTEMPLAR

Somewhere, 1957, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, do musical West Side Story, New York, Estados Unidos. Intérpretes: Gladys Knight e Be One Choir (2018).  


There's a place for us, somewhere a place for us
Peace and quiet and open air, wait for us somewhere

There's a time for us, someday a time for us

Time together with time to spare, time to learn, time to care

Someday, somewhere, we'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving, somewhere

There's a place for us, a time and place for us
Hold my hand and we're half-way there, hold my hand and I'll take you there

Somehow, someday, somewhere





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