Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
VII Domingo do Tempo Comum 24.02.2019
1 Sm 26, 2.7-9.12-13.22-23 1 Cor 15, 45-49 Lc 6, 27-38
ESCUTAR
“O Senhor retribuirá a cada um
conforme a sua justiça e a sua fidelidade” (1 Sm 26, 23).
Como foi o homem terrestre, assim são
as pessoas terrestres; e como é o homem celeste, assim também vão ser as
pessoas celestes (1 Cor 15, 48).
“Sede misericordiosos, como também o
vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).
MEDITAR
Aprendi por meio da experiência
amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é
convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força
capaz de mover o mundo... Olho por olho, e o mundo acabará cego.
(Mahatma Gandhi, 1869-1948, Índia)
ORAR
Havia
outrora um russo malvado, chamado Górdio. Maltratava os justos e os torturava.
Quem Górdio mais detestava era o monge Mirone, eremita caridoso que praticava o
bem, sem medo, e rezava sem cessar. O russo chama seu empregado fiel, o valente
Ivan, o Guerreiro, e ordena-lhe: “Vá, Ivan, matar o monge Mirone: corta-lhe a
cabeça que servirá de alimento para meus cães”. Obedecendo, Ivan foi, com o
coração, porém, amargurado e dizendo consigo mesmo: “Eu não vou
voluntariamente; é por necessidade que o faço. É preciso acreditar ser este o
destino que Deus me traçou”. Escondeu a espada sob sua capa. Chegando, saúda o
eremita: “Estás bem, velhinho? Deus te tem sempre sob a sua santa proteção?”.
Mas o monge clarividente sorri e de sua sábia boca saem estas palavras: “Ivan,
não tentes mentir. Eu conheço a razão de tua vinda. O Senhor sabe de tudo. Os
bons e os maus estão na sua mão. Sei porque vieste”. Ivan se envergonhou, mas
temia mentir a seu patrão. Então tirando a espada da bainha do couro, limpa a
lâmina com o avesso da capa e diz: “Mirone, eu queria matar-te sem que visses a
espada, todavia agora reza a Deus pela última vez. Reza por mim, por ti, por
todos os homens. Depois te cortarei a cabeça”. O monge se ajoelha debaixo de um
carvalho novo e sorrindo diz para Ivan: “Ivan, tua espera será longa, porque a
oração pelo mundo demora muito. Mata-me logo, sem que te fatigues, aguardando
em vão”. Ivan, franzindo a sobrancelha, atônito, apavora-se. “Não, o que foi
dito, está dito. Esperarei nem que seja um século”. O monge reza até tarde.
Depois da tarde continua pela aurora. Da aurora à outra noite, reza ainda. E do
verão à primavera, sua oração se prolonga. Anos se somam a anos, Mirone reza
ainda. O pequeno carvalho atinge às nuvens. Uma floresta espessa nasceu de seus
frutos. A santa oração não estava concluída. E ainda hoje, o monge murmura bem
baixo palavras redentoras. Pede a Deus que tenha piedade dos homens e a Virgem
que os socorra. Ivan, o Guerreiro, está de pé, sempre perto dele. Depois de
muito tempo, sua espada caiu no chão e sua armadura se gastou pela ferrugem.
Suas belas vestes estão em trapos, despedaçadas. Inverno e verão, Ivan
permanece lá. A neve o maltrata; o calor queima, mesmo assim ele continua. Os
lobos e os ursos passam sem o ver. Mas a prece que o velho monge faz pelos
pecadores, que somos nós, corre sempre tão copiosa, quanto os pecadores. Corre
como um rio límpido que banha a terra, refresca e suaviza como a misericórdia
de Deus.
(Máximo Gorki, 1868-1936, Rússia)
CONTEMPLAR
Liang Yaoyi, de 11 anos, com tumor cerebral, declara, antes de morrer,
desejar doar seus órgãos para salvar outros doentes. Os médicos reverenciam a
ele e à sua mãe,
2013, Shenzhen, China, fonte: China Daily.
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