segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O Caminho da Beleza 14 - VII Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


VII Domingo do Tempo Comum                 24.02.2019
1 Sm 26, 2.7-9.12-13.22-23                  1 Cor 15, 45-49                  Lc 6, 27-38


ESCUTAR

“O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade” (1 Sm 26, 23).

Como foi o homem terrestre, assim são as pessoas terrestres; e como é o homem celeste, assim também vão ser as pessoas celestes (1 Cor 15, 48).

“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).


MEDITAR

Aprendi por meio da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo... Olho por olho, e o mundo acabará cego.

(Mahatma Gandhi, 1869-1948, Índia)


ORAR

            Havia outrora um russo malvado, chamado Górdio. Maltratava os justos e os torturava. Quem Górdio mais detestava era o monge Mirone, eremita caridoso que praticava o bem, sem medo, e rezava sem cessar. O russo chama seu empregado fiel, o valente Ivan, o Guerreiro, e ordena-lhe: “Vá, Ivan, matar o monge Mirone: corta-lhe a cabeça que servirá de alimento para meus cães”. Obedecendo, Ivan foi, com o coração, porém, amargurado e dizendo consigo mesmo: “Eu não vou voluntariamente; é por necessidade que o faço. É preciso acreditar ser este o destino que Deus me traçou”. Escondeu a espada sob sua capa. Chegando, saúda o eremita: “Estás bem, velhinho? Deus te tem sempre sob a sua santa proteção?”. Mas o monge clarividente sorri e de sua sábia boca saem estas palavras: “Ivan, não tentes mentir. Eu conheço a razão de tua vinda. O Senhor sabe de tudo. Os bons e os maus estão na sua mão. Sei porque vieste”. Ivan se envergonhou, mas temia mentir a seu patrão. Então tirando a espada da bainha do couro, limpa a lâmina com o avesso da capa e diz: “Mirone, eu queria matar-te sem que visses a espada, todavia agora reza a Deus pela última vez. Reza por mim, por ti, por todos os homens. Depois te cortarei a cabeça”. O monge se ajoelha debaixo de um carvalho novo e sorrindo diz para Ivan: “Ivan, tua espera será longa, porque a oração pelo mundo demora muito. Mata-me logo, sem que te fatigues, aguardando em vão”. Ivan, franzindo a sobrancelha, atônito, apavora-se. “Não, o que foi dito, está dito. Esperarei nem que seja um século”. O monge reza até tarde. Depois da tarde continua pela aurora. Da aurora à outra noite, reza ainda. E do verão à primavera, sua oração se prolonga. Anos se somam a anos, Mirone reza ainda. O pequeno carvalho atinge às nuvens. Uma floresta espessa nasceu de seus frutos. A santa oração não estava concluída. E ainda hoje, o monge murmura bem baixo palavras redentoras. Pede a Deus que tenha piedade dos homens e a Virgem que os socorra. Ivan, o Guerreiro, está de pé, sempre perto dele. Depois de muito tempo, sua espada caiu no chão e sua armadura se gastou pela ferrugem. Suas belas vestes estão em trapos, despedaçadas. Inverno e verão, Ivan permanece lá. A neve o maltrata; o calor queima, mesmo assim ele continua. Os lobos e os ursos passam sem o ver. Mas a prece que o velho monge faz pelos pecadores, que somos nós, corre sempre tão copiosa, quanto os pecadores. Corre como um rio límpido que banha a terra, refresca e suaviza como a misericórdia de Deus.

(Máximo Gorki, 1868-1936, Rússia)


CONTEMPLAR

Liang Yaoyi, de 11 anos, com tumor cerebral, declara, antes de morrer, desejar doar seus órgãos para salvar outros doentes. Os médicos reverenciam a ele e à sua mãe, 2013, Shenzhen, China, fonte: China Daily.





Nenhum comentário:

Postar um comentário