Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
VI Domingo do Tempo Comum 17.02.2019
Jr 17, 5-8 1Cor 15, 12.16-20 Lc
6, 17.20-26
ESCUTAR
“Maldito o homem que confia no homem
e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do
Senhor” (Jr 17, 5).
Se os mortos não ressuscitam, então
Cristo também não ressuscitou. E se Cris não ressuscitou, vã é vossa fé (1 Cor
15, 16).
“Bem-aventurados sereis quando os
homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome
por causa do Filho do homem!” (Lc 6, 22).
MEDITAR
Alguns cristãos (...) acham que têm o
dever moral de estar sempre a sorrir porque Jesus nos ama. Seamus Heaney
chama-lhe "o sorriso fixo de um lugar pré-reservado no Paraíso", e nada há mais
deprimente.
(Timothy Radcliffe, 1945- , Reino
Unido)
ORAR
“Bem-aventurados os pobres”. No
evangelho de hoje aparecem quatro bem-aventuranças (bendições) e quatro
maldições. O que significa “bem-aventurado”? Certamente não é “feliz” no
sentido que os homens dão a essa palavra. Não se trata de um convite para que
cada qual marche por seu caminho com tranquilidade e bom humor. Não significa
realmente nada que pertença ao homem, que o homem sinta e experimente, mas sim
algo em Deus que concerne a este homem. Jesus falará neste contexto de
“recompensa”, mesmo que isso, por sua vez, não seja mais do que uma imagem;
trata-se do valor que este homem tem para Deus e em Deus, de algo intemporal em
Deus que se manifestará ao homem em seu devido tempo. E analogamente para as
maldições. Os pobres aos quais pertence o reino de Deus, quer dizer, os pobres
de Yahweh, como os chamava a Antiga Aliança, mostram que à sua pobreza
corresponde uma possessão de Deus: Deus os possui e, por isso mesmo, eles
possuem a Deus. O mesmo pode se dizer dos que dos que têm fome e dos que choram,
e também dos que são odiados por causa de Cristo: estes são amados pelo Pai em
Cristo, que também foi odiado e perseguido pelos homens por causa do Pai. Se os
pobres devem ser considerados como pobres em Deus, então também os ricos devem
ser considerados como ricos sem Deus, ricos para si mesmos, saciados e
sorridentes, louvados pelos homens; estes não têm tesouro no céu e por isso
tudo o quanto possuem não é mais do que aparência passageira. Os Salmos repetem
isso continuamente, as parábolas de Jesus (do rico glutão e do pobre Lázaro, do
trabalhador avarento) também. Os pobres são em última palavra realmente pobres,
aqueles que não possuem nada, e não ricos às escondidas que acumulam um capital
no céu. Deus não é um banco; o abandono nas mãos de Deus não é uma companhia de
seguros. É no próprio abandono, na confiança da entrega, que se encontra a
bem-aventurança.
(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)
(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)
CONTEMPLAR
Coletando água,
2015, Stone Town, Tanzânia, Rob ONeill, San Diego, Califórnia, Estados Unidos.
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