quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O Caminho da Beleza 51 - XXXII Domingo do Tempo Comum


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XXXII Domingo do Tempo Comum                       11.11.18
1 Rs 17, 10-16                     Hb 9, 24-28                       Mc 12, 38-44


ESCUTAR

Assim fala o Senhor Deus de Israel: “A vasilha de farinha não acabará, e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra” (1 Rs 17, 14).

Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor (Hb 9, 24-28).

Muitos ricos depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada (Mc 12, 41-42).


MEDITAR

Mesmo se nada tenho de exterior a te oferecer, encontro contudo em mim mesmo o que depositar sobre o altar em teu louvor. Porque se não te nutris com nossos dons, tu te alegras com as oferendas do coração.

(São Gregório Magno, -604, Itália)


ORAR

            Fui um dia a Enaton ver Abba Joseph. Havia ali o sofista Sophrone que o interrogava: “Tudo que o homem faz com esmolas, Deus não leva em conta?”. O ancião respondeu: “Meu filho, há muitas diferenças no motivo da esmola. Há pessoas que mesmo parecendo que dão esmolas, irritam demais a Deus”. Sophrone disse então: “Pai, explique-me essa palavra”. O ancião disse: “Deus prescreveu que as primícias de tudo que nasce, de todos os frutos e animais puros, lhe sejam ofertadas em vista da benção dos demais e da remissão dos pecados; e mais, ele prescreveu que os primeiros nascidos do homem lhe fossem consagrados. Os ricos fazem o contrário: guardam para eles os objetos úteis e os que não servem doam aos pobres e a seus irmãos. Por exemplo, o bom vinho, eles o bebem, mas aquele que está avinagrado ou que é ruim, eles o doam às viúvas e aos órfãos. Um fruto que está maduro, eles o sorvem, mas o que está podre, doam; as vestimentas suntuosas e confortáveis, eles atribuem a si, mas aquelas que estão rasgadas e usadas, jogam aos indigentes. Entre as crianças, as que estão com boa saúde e bem dispostas, eles as preservam para as uniões e casamentos, e fazem isso com muita solicitude; mas as doentes e feias, as fracas e disformes, eles as consagram a Deus e as enviam aos monastérios. Eis porque o que é oferecido por eles realmente não é agradável. Como Caim, quando fazia suas oferendas (Gn 4, 3), não apenas não se sujeitava a Deus, como se irritava com ele. Seria preciso que tais pessoas pensassem nisso: quando queremos agradar aos homens mortais, nos esforçamos por lhes oferecer o que lhes parece o mais precioso de tudo; quanto mais se quisermos agradar a Deus nosso criador, de quem obtemos as mesmas coisas que lhe oferecemos. E como queremos que ele nos seja favorável por causa da esmola, devemos lhe oferecer o que temos de mais precioso, para que nosso presente não seja vergonhosamente rejeitado e que nossa oferenda não seja um objeto de horror que se recuse. Com efeito, da mesma maneira que o sacrifício de Noé, que era só aroma e incenso, em consequência da boa intenção daquele que o apresentava, foi considerado como um aroma agradável, segundo o que está escrito: ‘O Senhor sentiu um aroma agradável’ (Gn 8, 21), igualmente a oferenda dos frutos apresentados com uma má intenção, mesmo se boa na aparência, é considerada como um objeto de horror pelo Senhor, como a oferenda e o incenso dos perfumes à quem Deus disse pelo profeta: ‘O incenso dos perfumes é para mim uma abominação’ (Is 1, 13)”. O ancião nos disse isso e nós partimos edificados.

(Abba Joseph de Enaton, Egito, c. séc. V)


CONTEMPLAR

Mulher pobre e criança, 1951, Estoril, Portugal, Gordon Parks (1912-2006), Estados Unidos.




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