terça-feira, 4 de setembro de 2018

O Caminho da Beleza 42 - XXIII Domingo do Tempo Comum


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XXIII Domingo do Tempo Comum            09.092018
Is 35, 4-7                 Tg 2, 1-5                  Mc 7, 31-37


ESCUTAR

Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo!” (Is 35, 4).

A fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas (Tg 2, 1).

Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer “abre-te”. Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade (Mc 7, 34-35).


MEDITAR

        No ano passado, o Dalai Lama veio visitar a minha comunidade para participar de uma discussão sobre a contemplação em nossas diferentes tradições. Nós escutávamos uns aos outros com os ouvidos abertos. Mas o que saltou aos nossos olhos não foi o que o Dalai Lama disse, mas o que ele fez. Uma amiga da comunidade estava lá numa cadeira de rodas. Ela havia ficado paralítica devido a um terrível acidente. E quando o Dalai Lama entrou ele fez uma pausa perto da sua cadeira de rodas e encostou sua face na dela em silêncio. Ele permaneceu mais tempo com ela do que com qualquer um. Aquilo foi a personificação da compaixão.

(Timothy Radcliffe, 1945-, Reino Unido).


ORAR

            Os relatos evangélicos da cura contêm sempre um elemento original, que eles mencionam aparentemente de maneira incidental, mas que os tornam na realidade credíveis uma vez que correspondem ao problema preciso da doença. Aqui é o “ele o conduziu para fora da multidão, à parte”. Está claro que o surdo-mudo não suporta mais a multidão. É por causa dela que ele não escuta mais ninguém, não fala mais a ninguém: é demasiado! Ele se sente invadido. Ele não pode mais suportar. No fundo, ele quer e deve se proteger com sua doença. Para traduzir a ideia de que o doente deve se reencontrar, há uma forte expressão: “desoprimir”. Ela enfatiza bem que nós só podemos nos exprimir verdadeiramente quando não levamos em consideração aqueles que nos rodeiam. Trata-se, pois, em primeiro lugar, de livrá-lo de seu sentimento de estar ameaçado, portanto, de lhe garantir um espaço de proteção – em outras palavras de despertar nele um sentimento de segurança. Conduzindo-o à parte, Jesus lhe “desoprime”. Ele o faz como se todo mundo em redor dele tivesse desaparecido, como se, naquele momento, só ele importasse. Uma coisa é clara: se é verdadeiramente o demônio da angústia que reduz a nada os contatos do surdo-mudo com os outros e lhe cria o isolamento, é impossível ajudá-lo pretendendo lhe falar diretamente e fazendo-lhe um discurso do que ele devia fazer. Jesus estende, então, a mão para lhe tocar os ouvidos. Contato essencial! Colocando-lhe “os dedos nos ouvidos”, ele lhe faz sentir as mãos que querem apenas curar, que procuram docemente entrar em relação com ele. Se há neste mundo um meio de se combater o “demônio mudo”, esta forma de doença psíquica, este meio verdadeiramente é a doçura da carícia. Depois, Jesus lhe coloca na boca um pouco de saliva, esta secreção do órgão da fala, e unge a língua enrijecida do mudo. O que cura aqui é a ternura e a compreensão que atingem o outro em seu ponto sensível. Nós devemos nos estender a mão para que repousemos todos nas mãos de Deus. Então, o sonho que Jesus perseguia em suas noites de solidão tornar-se-á realidade e cada um de nós saberá que sua vida é objeto do amor divino.

(Eugen Drewermann, 194o-, Alemanha).


CONTEMPLAR

India azul, vermelha e preta (detalhe), tingidores de seda escravizados em uma aldeia onde cada família está envolvida em um aspecto diferente na produção de seda, Lisa Kristine (1965-), São Francisco, Califórnia, Estados Unidos.




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