A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXIII Domingo do Tempo Comum 09.092018
Is 35, 4-7 Tg 2, 1-5 Mc
7, 31-37
ESCUTAR
Dizei às pessoas deprimidas: “Criai
ânimo, não tenhais medo!” (Is 35, 4).
A fé que tendes em nosso Senhor Jesus
Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas (Tg 2, 1).
Olhando para o céu, suspirou e disse:
“Efatá!”, que quer dizer “abre-te”. Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua
língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade (Mc 7, 34-35).
MEDITAR
No ano passado, o Dalai
Lama veio visitar a minha comunidade para participar de uma discussão sobre a
contemplação em nossas diferentes tradições. Nós escutávamos uns aos outros com
os ouvidos abertos. Mas o que saltou aos nossos olhos não foi o que o Dalai
Lama disse, mas o que ele fez. Uma amiga da comunidade estava lá numa cadeira
de rodas. Ela havia ficado paralítica devido a um terrível acidente. E quando o
Dalai Lama entrou ele fez uma pausa perto da sua cadeira de rodas e encostou
sua face na dela em silêncio. Ele permaneceu mais tempo com ela do que com
qualquer um. Aquilo foi a personificação da compaixão.
(Timothy Radcliffe, 1945-, Reino
Unido).
ORAR
Os relatos evangélicos da cura contêm
sempre um elemento original, que eles mencionam aparentemente de maneira
incidental, mas que os tornam na realidade credíveis uma vez que correspondem
ao problema preciso da doença. Aqui é o “ele o conduziu para fora da multidão,
à parte”. Está claro que o surdo-mudo não suporta mais a multidão. É por causa
dela que ele não escuta mais ninguém, não fala mais a ninguém: é demasiado! Ele
se sente invadido. Ele não pode mais suportar. No fundo, ele quer e deve se
proteger com sua doença. Para traduzir a ideia de que o doente deve se
reencontrar, há uma forte expressão: “desoprimir”. Ela enfatiza bem que nós só
podemos nos exprimir verdadeiramente quando não levamos em consideração aqueles
que nos rodeiam. Trata-se, pois, em primeiro lugar, de livrá-lo de seu
sentimento de estar ameaçado, portanto, de lhe garantir um espaço de proteção –
em outras palavras de despertar nele um sentimento de segurança. Conduzindo-o à
parte, Jesus lhe “desoprime”. Ele o faz como se todo mundo em redor dele
tivesse desaparecido, como se, naquele momento, só ele importasse. Uma coisa é
clara: se é verdadeiramente o demônio da angústia que reduz a nada os contatos
do surdo-mudo com os outros e lhe cria o isolamento, é impossível ajudá-lo
pretendendo lhe falar diretamente e fazendo-lhe um discurso do que ele devia
fazer. Jesus estende, então, a mão para lhe tocar os ouvidos. Contato
essencial! Colocando-lhe “os dedos nos ouvidos”, ele lhe faz sentir as mãos que
querem apenas curar, que procuram docemente entrar em relação com ele. Se há
neste mundo um meio de se combater o “demônio mudo”, esta forma de doença
psíquica, este meio verdadeiramente é a doçura da carícia. Depois, Jesus lhe
coloca na boca um pouco de saliva, esta secreção do órgão da fala, e unge a
língua enrijecida do mudo. O que cura aqui é a ternura e a compreensão que
atingem o outro em seu ponto sensível. Nós devemos nos estender a mão para que
repousemos todos nas mãos de Deus. Então, o sonho que Jesus perseguia em suas
noites de solidão tornar-se-á realidade e cada um de nós saberá que sua vida é
objeto do amor divino.
(Eugen Drewermann, 194o-, Alemanha).
CONTEMPLAR
India azul, vermelha e preta (detalhe), tingidores de seda escravizados em uma aldeia
onde cada família está envolvida em um aspecto diferente na produção de seda,
Lisa Kristine (1965-), São Francisco, Califórnia, Estados Unidos.
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