A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
XXV Domingo do Tempo Comum 23.09.2018
Sb 2, 12.17-20 Tg 3, 16-4, 3 Mc
9, 30-37
ESCUTAR
Os ímpios dizem: “Armemos ciladas ao
justo, porque sua presença nos incomoda” (Sb 2, 12).
Onde há inveja e rivalidade, aí estão
as desordens e toda espécie de obras más (Tg 3, 16).
“Pegou uma criança, colocou-a no meio
deles e, abraçando-a, disse: “Quem acolher em meu nome uma destas crianças é a
mim que estará acolhendo” (Mc 9, 36-37).
MEDITAR
A amizade é um nome sagrado, é uma
coisa santa; ela nunca se entrega senão entre pessoas de bem e só se deixa
apanhar pela mútua estima... Não pode haver amizade onde está a crueldade, onde
está a deslealdade, onde está a injustiça; e entre os maus, quando se ajuntam
há conspiração, não companhia; eles não se entre amam, mas se entre temem; não
são amigos, mas cúmplices.
(Étienne de La Boétie, 1530-1563,
França)
ORAR
Jesus
toma então uma criança, coloca-a no meio, abraça-a,
e fazendo isso ele a envolve e a cerca de todas as partes. E eis essa criança
por assim dizer no meio de Jesus. Feliz criança que ali, entregue, resplandece de
repente em meio a esta túnica sem costura
(Jo 19, 23) que cheira – como dizer? – a terra, a maresia, a neve e a sol (Mt
17, 2)! Eu gritei de alegria à sombra de suas
asas, exclama o salmista (Sl 62, 8) e Paulo, em seguida, em outro
Testamento: Vós que fostes batizados no
Cristo, vos revestistes de Cristo (Gl 3, 27). Mas Jesus tomaria uma criança
se não se encontrasse ele mesmo em meio às crianças, se as crianças não
estivessem em seu habitat natural, se ele não tivesse uma porção de crianças à
sua mão? Essa facilidade lhe vem evidentemente da autorização inteiramente
exorbitante que fez: Deixai que as
crianças venham a mim: não as impeçais, porque o Reino de Deus pertence aos que
são como elas (Mc 10, 14). Com Jesus Cristo que deixa vir, que deixa acontecer o que não cessamos de interromper (e
até de assassinar em nós mesmos), a infância não é apenas mais um capítulo do
Evangelho: ela é o Evangelho mesmo. Alguns a compreenderam perfeitamente, entre
outros, Charles Péguy: “Porque há na criança, diz Deus, por que há na criança
uma graça única. Uma inteireza, uma primogenitura total. Uma origem, um
segredo, uma fonte, um ponto de origem. Um começo por assim dizer absoluto. As
crianças são criaturas novas”. Jesus, em seus próprios termos, não diz outra
coisa. Se alguém quiser ser o primeiro,
que seja o último de todos. O último. Novissimus
quer dizer, literalmente, o mais novo.
Jesus não induz a nenhuma regressão, ele não chancela nenhuma nostalgia: ele
encontra um mistério. Jesus só nos convida a nos assemelharmos às crianças
devido a semelhança que a aptidão delas ao silêncio, ao deslumbramento, ao
abandono, à brincadeira, mantém com aqueles que abrem o acesso ao Reino; ele
nos faz crescer na direção para a qual as crianças, na doce graça de sua condição
contingente, não são mais do que as indicadoras. A criança – a mesma de Jesus
em questão – não é nem o imperfeito do homem, nem sua miniatura, nem sua
prehistória, mas seu cerne; não o seu anterior, mas seu íntimo: esse centro
que, durante toda sua vida, ele entrevê e em direção ao qual, valente, ele se
esforça por se aproximar. Essa infância é de ordem escatológica. Ela está por
vir. Tomando uma criança, ele a colocou
no meio... A equação que se pode extrair desses dois versos paralelos é tão
evidente quanto elementar: no horizonte do gesto feito por Jesus, mais
profético do que afetuoso, a Criança é o próprio Reino. Novissimus. Absolutamente novo. Amém.
(François Cassingena-Trévedy, 1959-,
França)
CONTEMPLAR
Meninas na Missa, 2003, Igreja Católica Notre Dame do Haiti, Miami, Flórida, da série Haiti/ Little Haiti, Bruce Weber (1946-),
Pensilvânia, Estados Unidos.
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