segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O Caminho da Beleza 39 - Assunção de Nossa Senhora


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

Assunção de Nossa Senhora              19.08.2018
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10                 1 Cor 15, 20-27                  Lc 1, 39-56


ESCUTAR

Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas (Ap 12, 1).

É preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor 15, 25-26).

“A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador” (Lc 1, 46-47).


MEDITAR

Antes que se tornasse a esposa de José... Maria tinha visões, ouvia vozes e falava de mensageiros celestiais que visitavam seus sonhos... havia alturas no seu aspecto e espaços em seu caminhar... Quando Maria estava grávida de Jesus, ela caminhava por entre as colinas e retornava ao entardecer com ternura e dor em seu olhar. Quando Jesus nasceu, contaram-me que Maria disse para a sua mãe: “Sou apenas uma árvore não podada. Zela tu sobre este fruto”... Havia maravilha em seus olhos, os seios túrgidos, seus braços envolvendo seu primogênito como uma concha a envolver a pérola... Maria era uma mulher realizada.

(Khalil Gibran, 1883-1931, Líbano)


ORAR

Maria está pálida e olha para o menino com um encantamento ansioso que não apareceu senão uma vez sobre uma figura humana. Porque Cristo é o seu menino: a carne de sua carne, o fruto das suas entranhas. Cresceu nela durante nove meses e Maria lhe dará o seu seio e o seu leite se tornará o sangue de Deus. Por longos momentos, invadida pelo mais forte dos amores humanos, ela esquece que ele é Deus. E aperta-o nos seus braços dizendo ‘Meu pequenino’. Mas noutros momentos ela suspende esse movimento e pensa, abismada: Deus está aqui! E fica possuída por um certo temor religioso, por este Deus calado, por esta Criança incrível. É certo que todas as mães passam por estas provas e sentem-se, às vezes, paralisadas diante desse fragmento rebelde da sua carne que é o seu filho, tendo a sensação de estarem no exílio diante dessa vida nova que se fez a partir da sua. Sentem-se, então, todas elas habitadas por pensamentos estranhos. Mas nenhuma criança, porém, foi tão cruelmente e tão rapidamente arrancada de sua mãe: aquela criança é Deus e ultrapassará sempre tudo o que Maria possa sequer imaginar. E esta é uma dura prova para uma mãe, a de ter vergonha de si e de sua condição humana. Contudo, eu imagino que existem outros momentos, igualmente, rápidos e escorregadios, em que Maria sente que Jesus é seu filho, inteiramente seu, e que ele é Deus. Ela contempla e medita: ‘Este Deus é meu filho. Esta carne divina é minha carne. Ele é feito de mim, tem meus olhos, e essa forma da sua boca é a forma da minha. Ele se assemelha a mim. É Deus, mas semelhante a mim’. Nenhuma mulher teve, assim, seu Deus só para si. Um Deus muito pequenino, que se pode tomar nos braços e cobrir de beijos, um Deus bem quentinho, que sorri e respira. Um Deus que se pode tocar e está vivo. É por isso mesmo, por ter sido ela a única a quem Deus se entregou tão completamente, deixando-a vê-Lo assim tão absolutamente tal qual Ele é, que nós dizemos que ela é cheia de graça e bendita entre as mulheres. E, se eu fosse pintor, seria nestes momentos que pintaria Maria e tentaria colocar em seu rosto, um ar de terna ousadia e timidez, representado pela mão estendida, desejando tocar a pele macia do Menino-Deus, sentindo sobre os joelhos o doce peso da criança que lhe sorri.

(Jean-Paul Sartre, 1905-1980, França)


CONTEMPLAR

Madre Teresa com uma criança do orfanato que ela dirige em Calcutá, Índia, 1974, Nik Wheeler (1939-), Reino Unido.





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