A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Assunção de Nossa Senhora 19.08.2018
Ap 11, 19; 12, 1.3-6.10 1
Cor 15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol,
tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas (Ap
12, 1).
É preciso que ele reine até que todos os seus inimigos
estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor
15, 25-26).
“A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra
em Deus, meu salvador” (Lc 1, 46-47).
MEDITAR
Antes que se tornasse a esposa de José... Maria tinha visões,
ouvia vozes e falava de mensageiros celestiais que visitavam seus sonhos...
havia alturas no seu aspecto e espaços em seu caminhar... Quando Maria estava
grávida de Jesus, ela caminhava por entre as colinas e retornava ao entardecer
com ternura e dor em seu olhar. Quando Jesus nasceu, contaram-me que Maria
disse para a sua mãe: “Sou apenas uma árvore não podada. Zela tu sobre este
fruto”... Havia maravilha em seus olhos, os seios túrgidos, seus braços
envolvendo seu primogênito como uma concha a envolver a pérola... Maria era uma
mulher realizada.
(Khalil Gibran, 1883-1931, Líbano)
ORAR
Maria está pálida e olha para o
menino com um encantamento ansioso que não apareceu senão uma vez sobre uma
figura humana. Porque Cristo é o seu menino: a carne de sua carne, o fruto das
suas entranhas. Cresceu nela durante nove meses e Maria lhe dará o seu seio e o
seu leite se tornará o sangue de Deus. Por longos momentos, invadida pelo mais
forte dos amores humanos, ela esquece que ele é Deus. E aperta-o nos seus
braços dizendo ‘Meu pequenino’. Mas
noutros momentos ela suspende esse movimento e pensa, abismada: Deus está aqui!
E fica possuída por um certo temor religioso, por este Deus calado, por esta
Criança incrível. É certo que todas as mães passam por estas provas e
sentem-se, às vezes, paralisadas diante desse fragmento rebelde da sua carne
que é o seu filho, tendo a sensação de estarem no exílio diante dessa vida nova
que se fez a partir da sua. Sentem-se, então, todas elas habitadas por
pensamentos estranhos. Mas nenhuma criança, porém, foi tão cruelmente e tão
rapidamente arrancada de sua mãe: aquela criança é Deus e ultrapassará sempre
tudo o que Maria possa sequer imaginar. E esta é uma dura prova para uma mãe, a
de ter vergonha de si e de sua condição humana. Contudo, eu imagino que existem
outros momentos, igualmente, rápidos e escorregadios, em que Maria sente que
Jesus é seu filho, inteiramente seu, e que ele é Deus. Ela contempla e medita:
‘Este Deus é meu filho. Esta carne divina é minha carne. Ele é feito de mim,
tem meus olhos, e essa forma da sua boca é a forma da minha. Ele se assemelha a
mim. É Deus, mas semelhante a mim’. Nenhuma mulher teve, assim, seu Deus só
para si. Um Deus muito pequenino, que se pode tomar nos braços e cobrir de
beijos, um Deus bem quentinho, que sorri e respira. Um Deus que se pode tocar e
está vivo. É por isso mesmo, por ter sido ela a única a quem Deus se entregou
tão completamente, deixando-a vê-Lo assim tão absolutamente tal qual Ele é, que
nós dizemos que ela é cheia de graça e
bendita entre as mulheres. E, se eu fosse pintor, seria nestes momentos que
pintaria Maria e tentaria colocar em seu rosto, um ar de terna ousadia e
timidez, representado pela mão estendida, desejando tocar a pele macia do
Menino-Deus, sentindo sobre os joelhos o doce peso da criança que lhe sorri.
(Jean-Paul Sartre, 1905-1980, França)
CONTEMPLAR
Madre Teresa com uma
criança do orfanato que ela dirige em Calcutá, Índia, 1974, Nik Wheeler (1939-), Reino
Unido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário