A palavra de Deus é viva e eficaz e mais
cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
III Domingo do
Tempo Comum 21.01.2018
Jn 3, 1-5.10 1 Cor 7, 29-31 Mc 1, 14-20
ESCUTAR
“Levanta-te e
põe-te a caminho da grande cidade de Nínive, e anuncia-lhe a mensagem que eu te
vou confiar” (Jn 3, 2).
Eu digo, irmãos,
o tempo está abreviado (1 Cor 7, 29).
E eles, deixando
imediatamente as redes, seguiram a Jesus (Mc 1, 18).
MEDITAR
Quem põe a mão
no arado e olha para trás não é apto para o reinado de Deus.
(Evangelho de
Lucas 9, 62)
ORAR
Se o texto não o diz, nós tomaríamos
por inverossímil isto que talvez seja um dos maiores milagres de Jesus: um
simples apelo de sua parte e os homens largam tudo o que faziam, até a sua
vida, para tudo recomeçar. Jesus oferecia ao mesmo tempo um sentimento de
liberdade, de independência e de grande largueza. O sinal da verdadeira vocação
era o da descoberta repentina de que nada mais pode nos fechar nas muralhas
deste mundo... Um homem não vive daquilo que faz para viver. Sua realidade
emana da verdade que está nele e à qual ele é chamado. É bem esse o sentido primeiro
e essencial do chamado de Simão e André. Há objetivos e realidades humanas pelas
quais vale a pena largar tudo. Existem vocações e atitudes mais profundas do
que as disposições por uma profissão, por um emprego. Uma coisa é fazer ou
produzir algo do qual se possa viver, outra é saber aquilo que faz de nós seres
humanos e pelo qual vale a pena viver. A única coisa religiosamente importante
é a maneira pela qual se descobre a sua própria definição, aquela do seu ser
profundo... Em nossa existência, o importante não é aquilo que nos formou desde
a infância, mas é ousar pensar por si mesmo e saber se voltar aos outros,
abrindo-se às exigências do presente. Nesse domínio, os Apóstolos descobrirão
um mundo de coisas, indo de encontro à sua tradição. Ao seu lado, Jesus os fará
renegar certos mandamentos e, por isso, saberão se desfazer de certos
sentimentos de culpa que lhes serão incutidos. Eles deverão descobrir o vazio e
o absurdo de certas normas sagradas e reprimir o medo que eles não poderão
agora deixar de experimentar. Mas, cada vez que, apoiados sobre Jesus, tiverem
a coragem de descobrirem-se a si mesmos, eles ganharão em humanidade e
confiança. É isso que deve ser o
significado do apelo a deixar “seu pai Zebedeu com os empregados” na barca: o
passado não tem mais o poder de bloquear o futuro; os homens têm a chance de
poder riscar de vez aquilo que lhes haviam ensinado até então; eles podem enfim
se dirigir para um futuro livre e aberto. É suficiente notar a fraqueza da rede
invisível na qual nos enredamos cotidianamente e ouvir o chamado à liberdade
para compreender, imediatamente, a força que pode nos dar a escolha pelo
Cristo. Dispomos a todo momento da faculdade inaudita de seguir adiante, sem
mais preliminares, sem adestramento, sem angústia e sem obrigação, sem nos
cercar de proteções, abertos, sensíveis e livres, uns em direção aos outros.
Assim vivia o Cristo, quando ele dizia que Deus e seu reino estavam próximos.
Falando da chegada próxima do “Filho do homem”, ele nos convida a viver desta
mesma maneira.
(Eugen
Drewermann, 1940-, teólogo e psicanalista alemão)
CONTEMPLAR
Uma mulher refugiada Rohingya, exausta, toca
a costa depois de atravessar a fronteira Bangladesh-Myanmar de barco através do
Golfo de Bengala, em Shah Porir Dwip (Bangladesh), 11 de setembro de 2017,
Danish Siddiqui (1983-), Agência Reuters, Mumbai, Índia.
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