segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O Caminho da Beleza 09 - III Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).


III Domingo do Tempo Comum                   21.01.2018
Jn 3, 1-5.10             1 Cor 7, 29-31                    Mc 1, 14-20


ESCUTAR

“Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive, e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar” (Jn 3, 2).

Eu digo, irmãos, o tempo está abreviado (1 Cor 7, 29).

E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus (Mc 1, 18).


MEDITAR

Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reinado de Deus.

(Evangelho de Lucas 9, 62)


ORAR

            Se o texto não o diz, nós tomaríamos por inverossímil isto que talvez seja um dos maiores milagres de Jesus: um simples apelo de sua parte e os homens largam tudo o que faziam, até a sua vida, para tudo recomeçar. Jesus oferecia ao mesmo tempo um sentimento de liberdade, de independência e de grande largueza. O sinal da verdadeira vocação era o da descoberta repentina de que nada mais pode nos fechar nas muralhas deste mundo... Um homem não vive daquilo que faz para viver. Sua realidade emana da verdade que está nele e à qual ele é chamado. É bem esse o sentido primeiro e essencial do chamado de Simão e André. Há objetivos e realidades humanas pelas quais vale a pena largar tudo. Existem vocações e atitudes mais profundas do que as disposições por uma profissão, por um emprego. Uma coisa é fazer ou produzir algo do qual se possa viver, outra é saber aquilo que faz de nós seres humanos e pelo qual vale a pena viver. A única coisa religiosamente importante é a maneira pela qual se descobre a sua própria definição, aquela do seu ser profundo... Em nossa existência, o importante não é aquilo que nos formou desde a infância, mas é ousar pensar por si mesmo e saber se voltar aos outros, abrindo-se às exigências do presente. Nesse domínio, os Apóstolos descobrirão um mundo de coisas, indo de encontro à sua tradição. Ao seu lado, Jesus os fará renegar certos mandamentos e, por isso, saberão se desfazer de certos sentimentos de culpa que lhes serão incutidos. Eles deverão descobrir o vazio e o absurdo de certas normas sagradas e reprimir o medo que eles não poderão agora deixar de experimentar. Mas, cada vez que, apoiados sobre Jesus, tiverem a coragem de descobrirem-se a si mesmos, eles ganharão em humanidade e confiança. É isso que deve ser o significado do apelo a deixar “seu pai Zebedeu com os empregados” na barca: o passado não tem mais o poder de bloquear o futuro; os homens têm a chance de poder riscar de vez aquilo que lhes haviam ensinado até então; eles podem enfim se dirigir para um futuro livre e aberto. É suficiente notar a fraqueza da rede invisível na qual nos enredamos cotidianamente e ouvir o chamado à liberdade para compreender, imediatamente, a força que pode nos dar a escolha pelo Cristo. Dispomos a todo momento da faculdade inaudita de seguir adiante, sem mais preliminares, sem adestramento, sem angústia e sem obrigação, sem nos cercar de proteções, abertos, sensíveis e livres, uns em direção aos outros. Assim vivia o Cristo, quando ele dizia que Deus e seu reino estavam próximos. Falando da chegada próxima do “Filho do homem”, ele nos convida a viver desta mesma maneira.

(Eugen Drewermann, 1940-, teólogo e psicanalista alemão)


CONTEMPLAR


Uma mulher refugiada Rohingya, exausta, toca a costa depois de atravessar a fronteira Bangladesh-Myanmar de barco através do Golfo de Bengala, em Shah Porir Dwip (Bangladesh), 11 de setembro de 2017, Danish Siddiqui (1983-), Agência Reuters, Mumbai, Índia.


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