segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O Caminho da Beleza 47 - XXVIII Domingo do Tempo Comum

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

XXVIII Domingo do Tempo Comum                     15.10.2017
Is 25, 6-10               Fl 4, 12-14.19-20              Mt 22, 1-14


ESCUTAR

O Senhor Deus eliminará para sempre a morte (Is 25, 8).

Tudo posso naquele que me dá força (Fl 4, 13).

“Já preparei o banquete...Vinde para a festa!” (Mt 22, 4).


MEDITAR

Acercou-se de mim, vi o seu rosto.
“Do rosto eu não sabia mais que o véu”.

Se a luz do véu abrasa esse universo,
O que dizer do fogo de teu rosto?

O amor veio e partiu. Eu o segui.
Voltou-se, como águia, e devorou-me.

Perdi-me no tempo e no espaço.
Perdi-me nos mares do verbo.

O gosto deste vinho,
Conhece quem sofreu.

Os profetas bebem tormentos.
E as águas não temem o fogo.

(Rûmi, Sufismo)


ORAR

O banquete de Deus anunciado pelo profeta está infinitamente mais longe do que os nossos sonhos mais audazes e loucos possam sonhar. Nossos pensamentos em relação a Deus são excessivamente modestos e mesquinhos. O Senhor se desilude com a nossa incapacidade de imaginar as coisas maravilhosas que Ele realiza para nós agora e sempre. São os sonhos impossíveis que nos conduzem ao Paraíso. O evangelho apresenta várias surpresas. A primeira, é que Deus não se senta em tribunal para julgar e nem para controlar nossos documentos. Deus não é um oficial aduaneiro. Ao contrário, Ele nos convida para um banquete de bodas: alegria, encontros, comunhão e intimidade. A segunda, a recusa absurda dos convidados que se mostram indiferentes, distantes e tediosos. A terceira surpresa é a de que o desígnio de Deus não se interrompe pela falta de adesão dos convidados. Deus não suspende a festa, pois o seu desígnio não fracassa. O Evangelho, rechaçado por uns, encontra uma inesperada acolhida em outros corações e a sala se enche de excluídos. A quarta surpresa é o homem não vestido para a festa. Entrara de penetra e afoito, mas o convite não teve nenhuma repercussão em sua vida. Não é possível ser cristão sem mudar a nossa prática de vida. A seriedade do compromisso não está em contradição com a atmosfera festiva, mas é condição para que a festa seja verdadeira. A roupa da festa é o nosso salvo conduto e é entregue na entrada: revestir-se do Cristo. Apesar da recusa, Deus ressurge constantemente no coração dos homens. A simbologia do banquete é a da comunhão com Deus. Não basta ser chamado. É necessário entrar na plenitude da eleição. Os que recusam o convite são sempre aqueles cuja prioridade é cuidar dos seus negócios (a negação do ócio), pois tempo é dinheiro. Os que respondem ao convite são os que valorizam a solidariedade, a alegria e a reciprocidade. Jesus compreendeu a sua vida como um grande convite em nome do Pai, no Espírito. Não impunha nada e nem pressionava ninguém. Arrancava os medos, as angústias; acendia a alegria e o desejo de Deus. Os que não aceitam o convite continuarão a viver uma existência solitária, encerrados num monólogo perpétuo consigo mesmo. Madre Belém, no seu leito de morte, balbuciava: “Quando há uma missa que a gente não vai e despreza tivemos uma oportunidade perdida. Peço a vocês, nunca deixem de ir a uma missa por preguiça, afazeres e distração. A fidelidade à missa de domingo é uma garantia de salvação porque Deus põe as graças da semana em cima do altar e nós temos que buscá-las senão quem sai perdendo somos nós” (11.12.2011). Devemos nos perguntar se estamos com a veste nupcial ou se a esquecemos por estarmos com o coração ausente e a mente perdida atrás dos nossos interesses e negócios. E a veste nupcial? É o amor!


CONTEMPLAR

Dia a dia na Espanha, 1933, Henri Cartier-Bresson (1908-2004), Magnum Photos, Céreste, França.





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