segunda-feira, 5 de junho de 2017

O Caminho da Beleza 29 - Santíssima Trindade

Muitos pensam de modo diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)

Não temos um só Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)

Santíssima Trindade                11.06.2017
Ex 34, 4-6.8-9                   2 Cor 13, 11-13                   Jo 3, 16-18


ESCUTAR

“Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel” (Ex 34, 6).

Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco (2 Cor 13, 11).

Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele (Jo 3, 17).


MEDITAR

Meu coração está aberto a todas as formas:
é uma pastagem para as gazelas,
e um claustro para os monges cristãos,
um tempo para os ídolos,
A Caaba do peregrino,
As Tábuas da Torá,
e o livro do Corão.
Professo a religião do amor,
em qualquer direção que avancem Seus camelos;
a religião do Amor
será minha religião e minha fé.

(Ibn Arabi, 1165-1240, Islã).


É Deus que torna juntas as coisas dispersas e que dispersa as coisas unificadas.

(Provérbio Bashi, República do Congo)


ORAR

Devemos lamentar que durante muito tempo no Ocidente o mistério trinitário ficou hipotecado nas especulações abstratas dos teólogos, confinado nas metafísicas e sepultado nos pós das bibliotecas. No entanto, a Igreja do Oriente nunca cessou de apresentar a Igreja como um “ícone da Trindade”, pois a vida comunitária sempre foi considerada como um dinamismo vital do mistério trinitário. Nas igrejas ocidentais se tivéssemos tido a coragem de libertar a Trindade do intelectualismo metafísico teríamos evitado a preponderância do aspecto burocrático-administrativo e institucional: a tônica exasperada no elemento jurídico, os aparatos centralizadores, a hipertrofia das estruturas e a obsessão aos dogmatismos doutrinais. Devemos colocar juntos na vida das igrejas o absoluto da pessoa e o absoluto da comunhão que nos faz superar os autoritarismos e sectarismos. A referência trinitária nos faz descobrir e viver a unidade na diversidade, na comunidade eclesial e no mundo, e nos faz estar a serviço da circulação da vida e do amor. A comunidade eclesial é o lugar privilegiado da visibilidade em que cada um reconhece, reciprocamente, o  direito de se expressar livremente e a coragem para fazê-lo. A comunidade não pode se contentar em ser somente uma justaposição de indivíduos, mas deve atingir o ser-em-comunhão.  A comunidade avança quanto mais avança a fraternidade como sinal do amor do Pai, revelado pelo Filho e infuso em nossos corações no Espírito. A comunidade deve proclamar o nome de Deus revelado a Moisés: “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. É o amor recíproco vivido na comunidade que evangeliza. O mistério é subversivo porque amar é subversivo. Somente na ternura humana encontramos a Trindade. Para Jesus, Deus é uma experiência vital. Ele se sabe um Filho amado por um Pai generoso que entra no mundo para humanizar a vida com seu Espírito. Meditemos as palavras de Francisco: “A ternura de Deus não ama de palavra; Ele se avizinha e neste seu estar vizinho dá o seu amor com toda a ternura possível. Vizinhança e ternura são as duas maneiras do amor do Senhor. Um Deus que não salva mediante um decreto, uma lei, mas que salva com e pela ternura” (Santa Marta, 22.10.2013).


CONTEMPLAR

S. Título, 1977, affiche do London Contemporary Dance Theater,  Thèâtre de la Ville, Paris, França.



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