Muitos pensam de modo
diferente, sentem de modo diferente. Procuram Deus ou encontram Deus de muitos
modos. Nesta multidão, nesta variedade de religiões, só há uma certeza que
temos para todos: somos todos filhos de Deus. Que o diálogo sincero entre homens
e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça.
(Papa Francisco, 2016)
Não temos um só Pai? Não nos
criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os outros?
(Ml 2, 10)
XI Domingo do Tempo Comum 18.06.2017
Ex 19, 2-6 Rm 5, 6-11 Mt
9, 36-10,8
ESCUTAR
“Sereis para mim a porção
escolhida dentre todos os povos, porque minha é toda a terra” (Ex 19, 5).
Quando éramos inimigos de Deus,
fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho (Rm 5, 10).
Vendo Jesus as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não
têm pastor (Mt 9, 36).
MEDITAR
Não basta lamentar e denunciar as
feiuras do nosso mundo. Não basta para a nossa época desencantada, nem falar de
justiça, de deveres, de bem comum, de progressos pastorais e de exigências
evangélicas. É necessário falar com um coração carregado de amor compassivo,
fazendo experiência daquela caridade que dá com alegria e suscita entusiasmo:
necessita-se irradiar a beleza do que é verdade e justo na vida, porque somente
esta beleza rapta verdadeiramente os corações e os encaminha para Deus. A
beleza que salvará o mundo é o amor que partilha a dor.
(Cardeal Martini, Catolicismo)
ORAR
Deus quer
um povo, ou seja, um organismo vivo, sujeito responsável de uma história,
protagonista e interlocutor. Jesus se encontra diante de uma multidão amorfa,
anônima e impessoal. Números mais do que rostos. Quantidade mais do que
pessoas. Objeto manipulável, instrumentalizável, suscetível de ser enganado.
Estas pessoas estão extenuadas porque vivem na dispersão e no abandono, não são
reconhecidas e são exploradas, descaradamente, pelos mais diversos interesses.
Na multidão, cada um leva escondido o seu próprio mistério e as próprias dores.
Jesus envia seus discípulos para transformar as multidões no novo Povo de Deus.
A missão dos discípulos é fazer com que as pessoas estejam conscientes desta
nova realidade: somos chamados a ser povo ao reconhecermos que podemos realizar
o mesmo desígnio divino. Somos portadores de um amor e não de uma doutrina. O
Vaticano II afirma: “Povo de Deus é aquele que pratica a justiça” (Lumen Gentium 9). Tenhamos em mente o
discurso de Pedro: “Agora eu sei que, de fato, Deus trata a todos de modo igual, pois aceita a todos, os que O
temem e fazem o que é direito, seja qual for a sua raça” (At 10, 34-35). O
olhar de Jesus não era como o dos fariseus radicais que só viam a impiedade, a
ignorância da lei e a indiferença religiosa. Nem o olhar de João Batista que
via no povo o pecado e a perversão diante da chegada eminente de Deus. O olhar
de Jesus estava pleno de carinho, respeito e amor: “vendo a multidão se
compadeceu dela porque estava maltratada e abatida, como ovelhas sem pastor”.
Para Jesus, as pessoas são mais vítimas do que culpadas. As igrejas se
converterão ao Evangelho quando olharem as pessoas com o olhar de Jesus: mais
como vítimas do que culpadas; quando se fixarem mais em seus sofrimentos do que
em seus pecados; quando olharem a todos com menos medo e mais compreensão. Não
recebemos de Jesus a autoridade para condenar, mas para curar e consolar. Jesus
quis discípulos que olhassem o mundo com ternura. Discípulos dedicados a
aliviar a angústia, o sofrimento e a devolver a esperança aos desesperançados.
Esta é a nossa herança e nenhuma outra.
CONTEMPLAR
O
menino com uma flor, GianStefano Fontana Vaprio (1971-), acessado em
Pinterest, Caravaggio, Itália.
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