segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O Caminho da Beleza 05 - Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo                      25.12.2016
Is 52, 7-10               Hb 1, 1-6                  Jo 1, 1-18


ESCUTAR

O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus (Is 52, 10).

Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser (Hb 1, 3).

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14).

MEDITAR

Onde houver uma criança
ou um coração de criança,
aí será o meu Natal.
Estarei por toda parte:
nas penas dos que trabalham,
nas portas das que se vendem,
nas lágrimas dos que choram,
nos corações dos que cantam,
nos olhares dos dementes.


Nos beliches e nas redes,
nas esteiras e nas camas,
sob os tetos, sob as pontes,
sob as pedras, sob as luas,
nos seios das que amamentam,
nos ventres das que me esperam,
na angústia das que me abortam,
no esquife das que morreram,
onde houver uma criança
ou um coração de criança,
aí será o meu Natal.

(Paulo Gomide)


ORAR

Maria e José não sabiam o que era o Natal. Nem os pastores e muito menos Herodes. Não foram eles que decidiram o que era o Natal e como haveriam de vivê-lo. Outro o havia decidido. Nós, desgraçadamente, já sabemos de antemão e evitamos que o Outro nos surpreenda. Nosso natal é um natal decidido, programado e pré-fabricado por nós mesmos. Nas festas engolimos as frustrações e continuamos existencialmente isolados do mundo real que nos cerca. Não olhamos mais nos olhos uns dos outros e desaprendemos o diálogo que nos humaniza. Temos apenas, em comum, os celulares que sobre a mesa e as poltronas trocam ansiosas mensagens tantas vezes fúteis e monossilábicas. É um natal decrépito, marcado pela mesmice mais do que celebrado e vivido como a irrupção do Eterno no meio de nós. Neste dia de Natal, devemos nos perguntar o que colocamos no lugar do Menino, porque Deus fica excluído quando fingimos acolhê-Lo e se torna um estranho quando criamos a ilusão de tê-Lo em casa. Se Deus se apresentasse, de verdade, à nossa porta, disfarçado não de Papai Noel, mas de um imigrante, de um refugiado, de um morador de asilo, de um dependente químico, com certeza Ele seria como um espinho atravessado em nossa garganta. Este Inesperado visitante não estava no programa, uma vez que o deixamos abandonado e confinado em seu devido lugar atendido pelos nossos serviços sociais civis e religiosos. Apesar de tudo, o Natal é o nascimento de um Menino proscrito, que vem à luz numa terra estrangeira e que não corresponde ao nosso sentimentalismo devocional. Um Menino que nos incomoda e não nos tranquiliza de maneira alguma. Este Menino nasce para que aprendamos o sacramento do irmão em que se revela plenamente Deus: o Lava Pés. Este, que seria o oitavo sacramento, sem o qual os outros perdem a razão de ser, foi reduzido a uma mera encenação litúrgica uma vez ao ano. O Natal é o momento sagrado em que precisamos estar a descoberto na pobreza do nosso ser, na nossa inevitável finitude. Neste dia de Natal, deixemo-nos surpreender por este Menino, que é o mais secreto de nossas vidas, que veio para invadir o mais íntimo de nosso ser e transformar as nossas almas. A grande preocupação de Jesus não era se as pessoas pecavam mais ou menos, mas se tinham fome ou estavam doentes. Sigamos as orientações do Papa Francisco para que o Menino nasça em uma nova manjedoura: rebelemo-nos contra a tirania do dinheiro que explora nossos medos; sejamos solidários para aniquilar a atrofia moral e ética; refundemos e revitalizemos a democracia e, finalmente, sejamos austeros e fujamos da corrupção. Sem medo dos imprevistos, façamos suceder algo novo, um milagre que vira tudo do avesso porque Deus armou a sua tenda entre nós para nos revelar que “o sentido para nossa vida somos nós que escrevemos e cada um tem a sua própria caligrafia” (Nelson Padrella).


CONTEMPLAR
Vídeo de Natal de 2016, com a música "Emmanuel" do compositor francês Michel Colombier (1939-2004), interpretada por Milton Nascimento e Flávio Venturini, letra adaptada de Murilo Antunes. As imagens são de fotografias que veiculamos em nosso blog durante esse ano.



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