II Domingo do Advento 06.12.2015
Br 5,1-9 Fl 1,4-6.8-11 Lc
3, 1-6
ESCUTAR
Levanta-te,
Jerusalém, põe-te no alto e olha para o oriente! (Br 5, 5).
E
isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o
conhecimento e experiência (Fl 1, 9).
“Esta
é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai
suas veredas’” (Lc 3, 4).
MEDITAR
Na
experiência pessoal de Deus não posso deixar de lado o caminho. Diria que
encontramos Deus caminhando, andando, buscando-o e deixando-nos buscar por Ele.
São dois caminhos que se encontram. Por um lado, o nosso que O busca,
impulsionado por esse instinto que flui do coração. E depois, quando nos
encontramos, percebemos que Ele já nos buscava desde antes, Ele nos antecipou (Francisco,
Sobre o céu e a terra, 2013).
ORAR
Neste domingo somos convidados a “ver” para que
nossa esperança não se torne impossível e a espera desemboque na desilusão. O
profeta pede para nos colocarmos em pé, subir no mais alto possível e olhar
para o oriente de onde vem o Sol Nascente. O profeta consegue ver de outra
maneira e anima os outros a olhar o que ainda não existe. O evangelista nos
assegura que “todas as pessoas verão a salvação de Deus”. Esta salvação que,
com frequência, desponta onde menos esperamos e se apresenta quando não
desejamos. O Vaticano II proclama que por causa do Cristo, Deus salva também os
homens fora dos limites visíveis da Igreja e fora do alcance do rito dos
sacramentos (cf. LG 16). A história
da Igreja não coincide, simplesmente, de modo unívoco, com a história da
salvação. Não podemos confundir o Natal com nossas canções e cantilenas. Deus
arma a sua tenda no meio de nós para falar e busca o silêncio. Paulo nos exorta
a irmos ao essencial da vida cristã que é o amor fraterno. Jesus nunca pregou
que o amor não evita os conflitos. Ao contrário, o amor produz os verdadeiros
conflitos em que a verdade está comprometida. O amor não sufoca as diferenças,
mas nos convida a um olhar convertido capaz de vislumbrar e discernir o
essencial. A luz que desperta em Belém não é ornamental e é ela que vislumbra o
nosso caminho. O Cristo solta dentro de nós a centelha de sua luz para vermos o
que muitos não veem. O evangelista nos revela que o essencial não está nas mãos
dos poderosos políticos e religiosos: a Palavra do Senhor se fez ouvir no
deserto, não na Roma imperial e nem no recinto sagrado do Templo de Jerusalém.
No deserto, não há lugar para o supérfluo e nem para acumular coisas desnecessárias.
Façamos da nossa vida um eterno deserto para que o Senhor nos fale no silêncio
e nos inunde de vozes e sons de ternura e alegria.
CONTEMPLAR
Thomas, 2011,
Lee Jeffries (1971-), foto da série Homeless,
Manchester, Reino Unido.