O
Caminho da Beleza 38
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Assunção
de Nossa Senhora 16.08.2015
Ap
11,19;12, 1.3-6.10 1 Cor
15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
E ela
deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de
ferro (Ap 12, 5).
O
último inimigo a ser destruído é a morte (1 Cor 15, 26).
“Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42).
MEDITAR
A única
propriedade de Deus é a desapropriação... Se Deus é verdadeiramente essa
desapropriação infinita, essa liberdade total em relação a si, ele não poderia
desejar na Criação a não ser seres livres (Maurice Zundel).
O Abbá
Poemen dizia: todas as provas que se precipitarem sobre você podem ser
suplantadas pelo silêncio (Thomas Merton).
ORAR
O poeta se refere a Maria como “a catedral do grande
silêncio” (David Turoldo) e reafirma o Evangelho que nos apresenta Maria de
Nazaré como uma criatura do silêncio que escolhe não aparecer em primeiro
plano. Sua presença está sob o signo da discrição. A Mãe desaparece totalmente
no Filho: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). O evangelho está mais
pontuado pelo silêncio de Maria do que por palavras e aparições. Sua figura não
é chamativa porque seus contornos se esboçam na ilimitada transparência do silêncio.
Não temos o direito, sob hipótese nenhuma, de reduzir Maria a um rumor
ensurdecedor para agregar as pessoas. O Concílio Vaticano II advertia que
devemos nos “abster tanto do falso exagero quanto da estreiteza do espírito” para
evitar a instrumentalização, as retóricas e os sentimentalismos (Lumen Gentium 67). Maria não necessita
de sinais mirabolantes, pois confia na Palavra, abandona-se e se declara
disponível. Seu silêncio expressa plenitude. A devoção à Virgem é autêntica se
nos faz frequentar o terreno profundo da interioridade, da meditação, da
contemplação, do compromisso concreto e da cotidianidade do mistério. Devemos,
para não cair num fragoroso vazio, identificar-nos com o silêncio de Maria e
termos a lucidez de que aplaudir não significa escutar. No silêncio, Deus
emerge e voltamos a perceber a sua voz. Maria nos faz saber que Jesus não prega
uma religião para mentalidades infantis nem para incorrigíveis entusiastas.
Jesus não é um pregador sombrio, um profeta tristonho. Sua história começa com
a infindável alegria de sua mãe: “A minha alma engrandece o Senhor e o meu
espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
CONTEMPLAR
Madona e o Menino,
1907, Marianne Stokes (1855-1927), têmpera sobre painel, 80 x 60 cm,
Wolverhampton Museum and Art Gallery, Wolverhampton, Reino Unido.
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