O
Caminho da Beleza 37
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XIX
Domingo Tempo Comum 09.08.2015
1 Rs
19, 4-8 Ef 4, 30-5,2 Jo 6, 41-51
ESCUTAR
“Levanta-te
e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1 Rs 19, 7).
Toda
amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do
meio de vós, como toda espécie de maldade (Ef 4, 31).
“E o
pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (Jo 6, 51).
MEDITAR
Não é a
religiosidade o que faz a verdade ou a mentira de uma vida humana, mas sim a
autenticidade dessa mesma vida. “Em Espírito e verdade deseja o Pai ser
adorado”, recordava Jesus a Samaritana, junto ao poço de Jacó (Jo, 4, 23)
(Pedro Casaldáliga).
Perdi
meu coração no empoeirado caminho deste mundo; mas tu o tomaste em tuas mãos...
Meus desejos espalharam-se em mil pedaços; mas tu os recolheste e os reuniste
em teu amor. E enquanto eu vagava de porta em porta, cada passo meu estava me
conduzindo a teu portal (Rabindranath Tagore).
ORAR
O caminho da vida cristã está salpicado de crises: o
cansaço, o desânimo e a ira que nos impedem de viver no amor. Consentimos nos
pecados contra o amor que entristecem o Espírito. Somos levados a murmúrios de
reclamação por sermos incapazes de entender os desígnios do Pai. Queremos um
Deus fora do mundo e que não se intrometa na nossa ordem das coisas. Perdemos a
dimensão da hospitalidade do coração. O Cristo hospeda a Palavra sem murmurar e
hospeda o irmão, generosamente. Pedro nos exorta: “Exercei a hospitalidade, uns
para com os outros, sem murmuração” (1 Pd 4, 9). A tentação do cansaço e do
desânimo pode nos bloquear e nos fazer desejar a morte por nos sentirmos
inúteis. Procuramos um lugar, um refúgio onde possamos recostar o próprio
cansaço. Ao perder o dinamismo vital, não temos impulso para mais nada salvo o
desejo de nos deixar levar pelas veredas do cotidiano. Não decidimos mais nada
e deixamos que as coisas decidam por nós. E, como Elias, clamamos: “Agora
basta, Senhor!” e nos resignamos com a mediocridade, a facilidade, a
indiferença e a frieza. No entanto, o Senhor não deixa morrer o sonho e nem que
durmamos em paz. E nos faz saber que estamos cansados não pelo que fizemos, mas
pelo que deixamos de fazer; pelos sonhos que adiamos e pelos caminhos que não
percorremos. Movimentamo-nos muito, mas não caminhamos. Jesus é o pão da Vida e
o caminho. Alimentamo-nos do pão para continuar o caminho que também se
converte em nosso alimento: “Caminhante não há caminho, faz-se caminho ao
andar” (Aníbal Machado). Escutemos a voz do Senhor que não nos deixa dormir:
“Ainda tens um caminho longo a percorrer”.
CONTEMPLAR
Elias tocado por um Anjo, 1958, Marc Chagall (1887-1985), Biblia Series, The
Jewish Museum, New York, Estados Unidos.
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