O Caminho da Beleza 34
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XVI Domingo do Tempo Comum 19.07.2015
Jr 23, 1-6 Ef 2, 13-18 Mc 6, 30-34
ESCUTAR
“Suscitarei para elas novos
pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma
delas se perderá” (Jr 23, 4).
Ele, de fato, é a nossa paz: do
que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne destruiu o mundo de
separação: a inimizade (Ef 2, 14).
Jesus viu uma numerosa multidão
e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34).
MEDITAR
Há em alguma parte de mim uma
melancolia, uma ternura e também um pouco de sabedoria que procuram uma forma.
Às vezes diálogos inteiros me atravessam. Imagens e personagens. Ambientações.
Um revelar repentino daquilo que deve ser minha verdade pessoal. Um amor aos
seres humanos pelo qual será preciso lutar. Não na política ou num partido, mas
em mim mesma (Etty Hillesum).
Dizem que um pagão lhe prometeu
converter-se ao judaísmo se ele conseguisse recitar a Torá inteira plantado num
pé só. Hillel respondeu: “O que é odioso para ti, não faças a teu semelhante.
Essa é a Torá inteira, e o resto não passa de comentário. Vai e estuda” (B.
Shabbat, Talmude).
ORAR
O risco
mais fundamental que perpassa a história do cristianismo é o descuidar das
pessoas. Ocupamo-nos e nos preocupamos com tantas coisas que esquecemos a
ocupação principal: deixarmo-nos encontrar para cuidarmos uns dos outros. O Cristo
derruba os muros para aniquilar o ódio e a intolerância que separam as pessoas
da vivência do amor. Cristo é Aquele que une, que reconcilia e que não aceita a
existência de povos divididos. Pelo seu sangue derramado nos torna próximos de
Deus e próximos uns dos outros. Por esta razão, não tem sentido algum um muro
de defesa e uma linha de exclusão. O profeta exclamava: “Não temos um só Pai?
Não nos criou um mesmo Deus? Por que trabalhamos tão perfidamente uns contra os
outros?” (Ml 2, 10). O papa Francisco
preocupa-se em destruir a inimizade cujo vírus se aninha no coração de cada um
para criar uma mentalidade de paz que promova a unidade, o respeito, a
tolerância e a confiança. O cristianismo, comprometido com o amor, exclui todo
recurso a qualquer forma de domínio, de poder, de arbitrariedade e discriminação.
O amor responde pelas convicções profundas e liberta nossos espíritos da
dependência cega e de fanatismos vários. Quem despertará entre nós a compaixão?
Quem dará as igrejas um rosto mais parecido com o de Jesus? Quem nos ensinará a
olhar como Ele olhava? Há tempos quem não é capaz de guiar está condenado a
perseguir. Onde o Evangelho abre caminho, sofre-se mais. O tempo da vida bela,
boa e abençoada é o do Reino que vem, quando desaparecerão as instituições
eclesiásticas, porque a esposa do Senhor será a humanidade redimida.
CONTEMPLAR
Oeste
de Bengala, Índia, 1983, Steve McCurry, foto, Phaidon Press
Limited, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário