O Caminho da Beleza 32
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XIV Domingo do Tempo Comum 05.07.2015
Ez 2, 2-5 2 Cor 12, 7-10 Mc 6, 1-6
ESCUTAR
“Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes –, ficarão
sabendo que houve entre eles um profeta” (Ez 2, 5).
Foi espetado na minha carne um
espinho, que é como um anjo de satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me
exalte demais (2 Cor 12, 7).
“Um profeta só não é estimado
em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Mc 6, 4).
MEDITAR
Desenvolveu-se uma globalização
da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos
compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos
outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma
responsabilidade de outrem, que não nos incumbe (Francisco, Bispo de Roma e
Servo de Deus).
É preciso começar deixando de concentrar
a atenção sobre nós mesmos, para nos perguntarmos o que Ele quer de nós.
É preciso começar aprendendo a amar, isto é, a desviar o olhar de nós mesmos
para olhar para Ele. Se, nessa perspectiva, cessarmos de nos perguntar o
que podemos obter, nos deixando simplesmente guiar por Ele, nos perdemos
em Cristo, nos deixando levar, esquecendo de nós mesmos; então ficará claro
como nossa vida coloca-se novamente nos trilhos, porque superamos a restrição
egoística, a qual até então nos levava a nos concentrar sobre nossa pessoa.
Quando, por assim dizer, saímos do aperto, só então começamos a perceber a
grandiosidade da existência (Bento XVI).
ORAR
Neste
domingo somos chamados a fazer o elogio da debilidade que é testemunhado por
Ezequiel que deve afrontar um povo rebelde; Paulo que se debate com um espinho
na carne e Jesus que é rejeitado em sua própria casa. O profeta tenta abrir
brechas entre faces duras, corações obstinados e rebeldes e dispõem apenas de
uma palavra débil, desarmada e pobre. Hoje, os rostos que mais assustam são os
dos entediados e dos desinteressados que fingem ouvir a Palavra. E devemos
anunciá-la, pois seus resultados não dependem da competência do profeta. A
Palavra deve semear inquietudes e não aplausos. Paulo é o anti-herói acometido
de uma crise misteriosa. Sua debilidade se converte no lugar onde se celebra a
força do Cristo. Paulo aceita a própria miséria e a transforma em ação ao
exclamar entre insultos e angústias: “Pois, quando sou fraco, então sou
forte!”. Jesus enfrenta intolerância, a mesquinhez e os preconceitos dos seus
mais próximos. E na lógica do clã, a Palavra se torna subversiva por ameaçar a
estabilidade e a ordem existente. Jesus não tinha poder cultural como os
escribas, não era um intelectual com estudos e nem possuía o poder sagrado dos
sacerdotes do templo. Como não havia estudado em nenhuma escola rabínica, não
se preocupava com discussões doutrinais e nem se interessava pelos ritos do
templo. Mas, os seus concidadãos não o aceitam e Jesus é rejeitado em sua
própria terra pelos que pensavam conhecê-lo melhor. Aprendamos que ser cristão
é simplesmente viver aprendendo com
Jesus para descobrir a maneira mais humana, mais autêntica e mais prazerosa de
enfrentar a vida cotidiana. Francisco nos exorta: “Deus reserva sempre o que há
de melhor para nós. Mas nos pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor e
de acolher as suas surpresas”.
CONTEMPLAR
Lamentação
sobre o Cristo (detalhe), 1436-1441, Fra Angelico (c. 1390/5-1455), têmpera e ouro sobre
painel, 109 x 166 cm, Museu de São Marco, Florença, Itália.