segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Caminho da Beleza 14 - I Domingo da Quaresma

O Caminho da Beleza 14
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



I Domingo da Quaresma                     22.02.2015
Gn 9, 8-15                           1 Pd 3, 18-22                      Mc 1, 12-15


ESCUTAR

“Estabeleço convosco a minha aliança: nunca mais nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio para devastar a terra” (Gn 9, 11).

O batismo não serve para limpar o corpo da imundície, mas é um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição de Jesus Cristo (1 Pd 3, 21).

Naquele tempo, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13).


MEDITAR

Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre... Deus come escondido e o diabo sai por toda parte lambendo o prato... (Guimarães Rosa).

A vida é luta e a solidariedade com a vida é luta e se faz na luta. Não me cansarei de repetir que o que mais une os homens uns aos outros são as nossas discórdias. E o que mais une cada um consigo mesmo, o que faz a unidade íntima de nossa vida, são nossas discórdias íntimas, as contradições interiores de nossas discórdias. Só nos colocamos em paz conosco mesmo, como Dom Quixote, para morrer (Miguel de Unamuno).


ORAR

O cristão é solicitado, continuamente, pela palavra de Deus a uma mudança radical de mentalidade e de atitudes. Esta mudança, conversão, abarca a pessoa em sua totalidade e determina sempre um momento de decisão e um revirar, pelo avesso, a vida. É no deserto que este embate pessoal acontece. No deserto, os beduínos se lavam com areia que se torna assim um elemento de purificação. Longe da forma refrescante da água que lava nossos corpos, a areia nos submete a um enérgico tratamento à base do esmeril. No deserto, Deus se serve das areias para arear a nossa superficialidade e atingir a mais implacável sinceridade conosco mesmo. A areia do deserto é cruel, não oferece alternativa a não ser um estilo de austeridade. Esta austeridade nos impõe limitações que não queremos, pois desejamos todas as coisas inúteis que nos correspondem. O deserto é o lugar da intimidade, do encontro e do diálogo com Deus interrompido no jardim do Éden. O deserto é, também, o lugar do confronto, da tentação e da luta, pois, além de encontrarmos Deus, encontramos o Inimigo. Não existe vida cristã sem luta, empenho e esforço. A conversão não é um processo indolor, mas exige desprendimento, lacerações e privações. O caminho cristão não é uma tranquila excursão em território religioso, mas uma aventura arriscada no meio da Vida, que é Deus. Ainda que sejamos tentados por satanás e tenhamos que viver entre animais selvagens, sabendo, acima de tudo, que os anjos nos servirão.


CONTEMPLAR


A Vitória de São Miguel sobre o demônio, século XVIII(?), escultura em bronze, porta de entrada da Igreja de São Miguel, Hamburgo, Alemanha.



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