O Caminho da Beleza 08
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
Batismo
do Senhor
Is 42,
1-4.6-7 At 10, 34-38 Mc 1, 7-11
ESCUTAR
Eis o meu servo – eu o recebo; eis o meu eleito
– nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o
julgamento das nações (Is 42, 1)
De fato, estou compreendendo que Deus não faz
distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a
justiça, qualquer que seja a nação a que pertença (At 10, 34-35).
Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem
querer (Mc 1, 11).
MEDITAR
Quando
dispomos da missão de Deus, como se fosse nossa, consumimos inutilmente a
graça, ignoramos o amor que existe na vontade divina e nos atiramos no abismo
do nosso próprio eu. Quanto mais esta autonomia adota uma atitude piedosa,
tanto mais se distancia do Espírito Santo (Hans Urs von Balthasar).
A alegria durável nasce das bodas do amor de
Deus e do amor do próximo no coração de nossa pessoa, no coração de nossos
vínculos e de nossos serviços. Viver as beatitudes é reativar a Presença que nos
habita, é marchar e divinizar nossa existência e a dos nossos irmãos e irmãs
segundo o sonho de Deus (Yvan Portras).
ORAR
O
profeta Isaías fala do eleito do Senhor
que não é mais o povo de Israel. A aliança com Israel esteve selada há
muito tempo, mas Israel a rompeu e agora um eleito virá para concluir esta
Aliança de um modo novo e definitivo. “Eu
te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações”.
Jesus vingará esta luz prometida para o mundo na humildade e no silêncio de um homem concreto que “não clama nem levanta a voz”, e nem atua com violência porque “não quebra uma cana rachada nem apaga um
pavio que ainda fumega”. Ele não esmorecerá enquanto não estabelecer a justiça da Aliança do Senhor
em toda a terra. Ele trará a verdade à tona, abrindo os olhos dos cegos e livrando da prisão os
que vivem nas trevas. O evangelista afirma que o batismo de todos os
cristãos e cristãs é o mesmo de Jesus, o Cristo, e, portanto, é o Espírito de
Jesus que nos anima, conduz e fortalece. Jesus, o Filho Amado, mergulha nesta
história da salvação integrando todos os seus antigos sinais: a travessia da
arca de Noé pelas águas do dilúvio, “símbolo
do batismo que agora nos salva, o qual não consiste em lavar a sujeira do
corpo, mas em comprometer-se diante do Senhor com uma consciência limpa”
(1 Pd 3, 21); a travessia do Mar Vermelho “onde todos foram batizados na nuvem e no mar, vinculando-se a Moisés”(1
Cor 10, 1-2) e, finalmente, o batismo por João Batista, expressão do amor
trinitário, no qual o Pai, pelo Espírito, declara o seu Filho, Bem amado.
Pedro, após o batismo do centurião romano Cornélio, exorta-nos a compreender
que o Senhor não faz distinção entre as
pessoas, mas aceita quem pratica a justiça qualquer que seja a nação a que
pertença. Os Evangelhos revelam esta dimensão universal de Jesus: a salvação é para todos os povos e para
todos os tempos. E a nós cabe vingarmos este desígnio de justiça e amor.
Como batizados pelo Espírito, precisamos nos abrir à liberdade do amor e acreditarmos na declaração do Pai, que também
é feita a nós: somos seus filhos e
filhas, amados e amadas, e em nós repousa, terna e eternamente, o seu bem
querer. O cardeal Lustiger, de Paris, exortava: “Aquele que vem do Alto penetra
no mais profundo do abismo. Aquele que é o amor assume o lugar do amado. Aquele
que é o perdão assume o lugar do pecador. Aquele que se entrega e se dá assume
o lugar daquele que é incapaz de se entregar e se dar. Aquele que é luz assume
o lugar do cego. Aquele que é a Palavra, sem dizer nada, assume o lugar dos
mudos que nós somos para que do céu se faça ouvir a Voz. E sobre Ele o Espírito
se espalhou. Sobre ele o perdão dos pecados se realizou, pois o perdão dos
pecados é a efusão do Espírito. E para nós, a graça é conhecer esta libertação
e esta alegria e, no mistério do Cristo, receber o mesmo batismo e o mesmo
perdão”. Resta-nos testemunhar ao mundo que o Pai julga tudo e todos em
função da prática da justiça e do amor.
E é o seu Filho Amado, nosso irmão, que realiza este julgamento no Espírito de
Liberdade e de Ternura. Como apregoa São Gregório de Nazianzeno: “Sede como luzes no mundo, isto é, como uma
força vivificante para os outros homens. Permanecendo como luzes perfeitas
diante da grande luz, sereis inundados com maior pureza e fulgor pela Trindade”.
CONTEMPLAR
O Batismo do Cristo, s.d.,
Daniel Bonnell, óleo sobre tela, 92” x 46”, Igreja Missionária Baptista do
Monte Calvário, Carolina do Sul, Estados Unidos.
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