segunda-feira, 28 de abril de 2014

O Caminho da Beleza 24 - III Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 24
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



III Domingo da Páscoa                        04.05.2014
At 2, 14.22-23                    1 Pd 1, 17-21                       Lc 24, 13-35



ESCUTAR

“Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz” (At 2, 23).

“Sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais não por meio de coisas perecíveis, como prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1 Pd 1, 18-19).

“Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).



MEDITAR

“Devemos acolher com hospitalidade o Cristo presente no forasteiro para que no dia do julgamento Ele não nos ignore como estrangeiros, mas nos receba como irmãos em seu Reino” (São Gregório Magno).

“Pouco tempo depois vieram as famílias da vizinhança chorar conosco; famílias expulsas, na neve, em pleno inverno: eram as férias de Natal. A casa estava cheia de jovens. Eu havia procurado todo o dia e não encontrei nenhum lugar para alojar uma família. Então, à tarde, eu retirei o Santíssimo Sacramento da pequena peça aquecida que servia de capela e o coloquei no celeiro onde não havia fogo. E lá, onde havia fogo, coloquei as camas das crianças e dos pais. Os rapazes e as moças me disseram: ‘Padre, isto não é conveniente! Onde rezarás a missa amanhã?’. E eu respondi: ‘Eu creio com toda a força da minha fé que o Amor infinito tornou-se homem, tornou-se pão e lá na hóstia consagrada, com uma fé inteligente, sei que não é na hóstia que Jesus tem frio esta noite. Ele tem frio nas mãos e nos pés destas pequenas crianças, e se amo, são estes que sofrem que devo colocar onde há fogo’” (Abbé Pierre).



ORAR

Quando o Ressuscitado nos deseja a paz não quer dizer que devemos estar tranquilos, mas que devemos abrir os olhos para fazer novas todas as coisas (Ap 21, 5) e não correr o risco de voltar atrás. A palavra profética faz uma reviravolta em nossos corações e nos obriga a uma mudança radical no modo de valorizar os nossos atos. Nós nos assemelhamos aos discípulos de Emaús: estamos muito bem informados das últimas notícias e o Cristo parece estar desinformado e com a necessidade de ser atualizado. Temos uma dificuldade, e nem fazemos nenhum esforço, para compreender e interpretar o significado das coisas que acontecem. Jesus, antes de ser reconhecido ao partir o pão, revela as Escrituras e revela-se a si mesmo. A páscoa não é um relato de uma grande ilusão nem uma estória a ser contada e recontada. A fé não recobre as lacunas da nossa intuição ou da nossa experiência e muitas vezes nos perdemos na proliferação dos nossos conceitos. Os discípulos tinham uma abundante informação sobre Jesus: suas lembranças históricas e o relato das mulheres e, no entanto, foram incapazes de reconhecer o Vivente ao seu lado caminhando com eles. Os discípulos haviam perdido a fé e a esperança.  Mortos, marchavam com um Vivo; mortos, marchavam com a Vida ainda que seus corações não houvessem ainda retornado à vida. Para eles Jesus estava morto e ponto final: “Pena que tenha terminado assim”. Quando Jesus os reencontra haviam perdido o caminho. Apesar de que tudo houvesse sido dito sobre o sofrimento, a morte e a ressurreição, eles haviam perdido a memória sobre tudo que acontecera. Não lhes ardia mais o coração, pois perderam a intimidade com Jesus vivo. E quando perdemos esta intimidade tudo se torna inútil. Estavam sem esperança, sem meta e nem objetivo, porque Jesus havia desaparecido de suas vidas. Jesus sempre nos alcança, não só quando O buscamos, mas, sobretudo, quando fugimos da vida em comunhão e nos isolamos dos outros. Neste reencontro, Jesus nos envia novamente cheios de vida, para contagiar com a paz cada casa, aliviar o sofrimento e anunciar que Deus está próximo e se preocupa conosco.  O Ressuscitado torna possível esta passagem da não-fé à fé no decorrer de uma refeição partilhada.  São três as conversões no caminho de Emaús: a da tristeza em alegria; a da obscuridade à luz e a conversão à vida comunitária: “Voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros”. O Ressuscitado se revela na hospitalidade e a partilha do pão torna o Vivente presente e permite a fé nascer. Meditemos as palavras de Agostinho de Hipona: “Acolha o estrangeiro, se queres reconhecer o Salvador. Isto que a dúvida fez perder, a hospitalidade resgatou. O Senhor manifestou a sua presença na partilha do pão”.



CONTEMPLAR

Os discípulos de Emaús, hoje, Yara Martins Oliveira, 2002, acrílico sobre tela, 30 cm x 140 cm, Curitiba, Brasil.






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