O Caminho da Beleza 13
Leituras para a travessia da vida
“O
conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos:
conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma
‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que
atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
VI Domingo do Tempo Comum 16.02.2014
Eclo 15, 16-21 1
Cor 2, 6-10 Mt 5,
17-37
ESCUTAR
“Se quiseres
observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também
viverás” (Eclo 15, 16).
“Nós falamos
de uma sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos
deste mundo, que, afinal estão votados à destruição” (1 Cor 2, 6).
“Porque eu
vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e
dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5, 20).
MEDITAR
“Não ponhas
tua fé na mágica eficácia que podem ter os rituais religiosos, por mais que
sejam rituais de pureza imaculada; nem ponhas tua fé na presumida e suposta
salvação que brota do puritanismo dos intocáveis; nem nos conselhos que te dão
os que querem ver-te que andas pela vida como pessoa irrepreensível; ponha tua fé somente no amor, ali onde o
gozo inefável do carinho compartido se apalpa e se faz visível, onde os amantes
se fundem num mesmo projeto e com uma só ilusão, a ilusão apaixonada e
apaixonante de dar a vida e receber a entrega livre daquele que te quer sem
interesse, porque eras tu, como és, sem mais” (Rudolf Bultmann).
“É preciso
despojar tua oração. É preciso simplificar, desintelectualizar. Coloca-te
diante de Jesus como um pobre, deixe tuas ideias, venha com a tua fé. Imobiliza-se
diante do Pai num ato de amor” (Carlo Carreto).
ORAR
Os textos litúrgicos de hoje nos apelam à liberdade. A nova lei do
Evangelho não é uma imposição, “Deves”, mas um “Se quiseres”. A vida não é
impune, devemos decidir entre o fogo e a água; a vida e a morte: “Conheço tuas
obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente; mas, visto que és
morno, nem frio nem quente, vou te vomitar da minha boca” (Ap 3, 15). As
palavras do Cristo são fogo e não podemos atenuá-las. Se quisermos seremos abrasados
por um desejo intenso, mas também poderemos recusá-lo. Jesus veio para dar
plenitude à Lei antiga, levando-a às últimas consequências. Jesus é exigente
não no sentido da quantidade, mas da radicalidade e da capacidade que temos de
ir às raízes das coisas, sem sectarismos. Jesus evita as deformações do legalismo
e do casuísmo, pois o formalismo religioso se preocupa exclusiva e
obcecadamente com a boa conduta
aparente, fixando e multiplicando normas e regras. A ética de Cristo se dirige,
antes de tudo, à interioridade, ao coração do homem. “O cristão não é um homem
da minúcia, mas da totalidade” (Cardeal Gianfranco Ravasi). Devemos escolher, a
cada dia, entre a moral corrente dos “príncipes deste mundo”, que conduz à
morte, e a ética do Cristo que é a expressão de uma sabedoria escondida e que
nos será desvelada por meio do Espírito que mergulha nas profundezas de Deus e
conduz à plenitude da vida. Sabedoria escondida que esquadrinha os desígnios do
Pai; que nos faz intuir que as coisas excessivas
Deus reserva, exclusivamente, para os que O amam. Finalmente, é preciso
compreender que o “porque eu vos digo” do Cristo afeta somente os que buscam interiorizar
outro discurso: o da linguagem secreta que é a do amor.
CONTEMPLAR
A Anunciação, Daniel Bonnell, 2011, óleo
sobre tela, Igreja Católica da Sagrada Família, Carolina do Sul, Estados Unidos.
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