segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Caminho da Beleza 14 - VII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 14
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



VII Domingo do Tempo Comum                  23.02.2014
Lv 19, 1-2.17-18                 1 Cor 3, 16-23                    Mt 5, 38-48



ESCUTAR

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18).

“Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1 Cor 3, 16).

“Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5, 46).



MEDITAR

“No Brasil, nosso compromisso com a alegria, a festa, a irresponsabilidade, nos faz rejeitar a memória e abandonar os projetos de reparação de injustiças passadas [...] Temos pressa em ‘perdoar’ os inimigos, com medo de parecer ressentidos – mas o ressentimento, afeto que não ousa dizer seu nome, se esconde justamente nas formações reativas do esquecimento apressado, tão característico da sociedade brasileira” (Maria Rita Kehl).

“O desafio para a Igreja é tornar-se aquele tipo de comunidade que pode falar de Deus de modo convincente, o que quer dizer um espaço de misericórdia, de admiração recíproca, de alegria e liberdade. Se nos virem como pessoas receosas, com medo do mundo e uns dos outros, como é que alguém poderá acreditar numa só palavra do que dizemos?” (Timothy Radcliffe)



ORAR

O templo de Deus somos nós. Somos igrejas de pedras vivas e em nosso corpo o Espírito fez morada. Todo gesto nosso é sagrado e cada passo é o de um templo que se move: somos santuários peregrinos. Paulo afirma que a sabedoria mundana pode progredir ao máximo possível, mas nunca chegará a roçar a sabedoria de Deus, pois para alcançá-la, devemos transformar a sabedoria deste mundo em loucura. A vocação específica do cristão é a loucura. São Francisco de Assis pregava: “Cristo me chamou de idiota e de simples para que seguisse a loucura da Cruz: Quero que sejas um novo louco no mundo e, com obras e palavras, pregues a loucura da Cruz”. Devemos ser honestos como alguns discípulos que tiveram a lealdade de protestar: “Este discurso é bem duro: quem poderá escutá-lo” (Jo 6, 60). E em seguida abandonaram a sinagoga porque o alimento da Palavra se tornara, para eles, indigesto. As palavras do Cristo devem nos incomodar e nos arrancar da nossa tranquilidade cotidiana para que não se tornem meras palavras que passam pelos nossos ouvidos estéreis sem nunca atingir e fecundar o nosso coração. A vocação do cristão é uma vocação para o extraordinário. O próprio Cristo nos questiona: “Se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário?”. A vocação do cristão é a de superar as medidas calculadas: “Dai e vos darão: recebereis uma medida generosa, calcada, sacudida e transbordante. A medida que usardes será usada para vós”(Lc 6, 38). É a vocação de ir além do impossível para superar a justiça dos fariseus e dos mestres da Lei. O teólogo luterano Bonhoeffer pregava: “Aonde não existe este fator singular, extraordinário, não existe nada de cristão”. Os cristãos se fazem visíveis pelo extraordinário: perdoar, dar sem calcular, amar os inimigos, orar pelos perseguidores, desejar aos malvados todo bem possível, saudar os que mostram o seu rosto feroz, mas, sobretudo, amar os que não amam ninguém e que ninguém ama. Não devemos nos preocupar e nem complicar. Se agir de uma maneira extraordinária nos incomoda, devemos saber que demos o primeiro passo para a salvação, pois, finalmente, estamos abandonando o caminho da normalidade. O evangelho não é concêntrico, mas excêntrico. O cristianismo não é uma forma de auto-realização, pois Jesus não era Narciso. Amém!



CONTEMPLAR

Cristo em silêncio, Odilon Redon, 1895-99, pastel sobre papel, 58 cm x 46 cm, Musée du Petit Palais, Avignon, França.








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