segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Caminho da Beleza 39 - Assunção de Nossa Senhora


O Caminho da Beleza 39
Leituras para a travessia da vida

A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


Assunção de Nossa Senhora             18.08.2013
Ap 11,19; 1.3-6.10            1 Cor 15, 20-27                  Lc 1, 39-56


ESCUTAR

“Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).

“O último inimigo a ser destruído é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés” (1 Cor 15, 26-27).

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42).


MEDITAR

“Que fazer para socorrer os pobres? Despe o altar da Virgem e vende os seus adornos se não tiver outra saída. Acreditem: ela ficará muito mais feliz que o Evangelho do seu Filho seja observado despindo os altares do que conservar os adornos e as riquezas do altar desprezando nos pobres o seu próprio Filho!” (São Francisco de Assis a Pietro Cattani, Fontes Franciscanas).

“Diz-se que é bendito o homem, é bendito o pão, é bendita a mulher, é bendita a terra e as outras criaturas que pareçam dignas de serem benditas; mas de modo especial é bendito o fruto do teu ventre, porque sobre todas as coisas ele é Deus bendito por todos os séculos. Portanto, bendito é o fruto do teu ventre. Bendito por seu perfume, bendito por seu sabor, bendito por sua beleza” (São Bernardo de Claraval, Sermão para a Festa de Nossa Senhora).


ORAR

Não podemos profanar a beleza de Maria pela nossa falta de pudor, pela perda do senso de proporção, pela falta de respeito e pelo abandono da justa medida. Um devocionismo exarcebado, ainda que seja rotulado como religiosidade popular, pode estar desconectado de um profundo contato com a Escritura e longe de ser uma expressão de fé denuncia, sem piedade, um vazio de fé. Nossa fé não pode se enganar e querer se alimentar de milagres que, muitas vezes, representam a derrota da fé cristã. A Constituição Conciliar Lumen Gentium é clara: “Exortam-se os teólogos e pregadores a evitar os excessos, bem assim como uma demasiada estreiteza mental ao considerar a especial dignidade da mãe de Deus [...] Lembrem-se de que a verdadeira devoção dos fiéis não pode ser confundida com um sentimento estéril e passageiro, nem com uma pura credulidade”(67). O Evangelho apresenta Maria de Nazaré como uma criatura do silêncio e sua presença é velada pela discrição. A mãe desaparece totalmente no Filho. Um Deus que se faz homem, que se manifesta visivelmente em nossa carne, encontra uma mãe que se atribui a parte da não visibilidade. Diante desta obra de arte de Deus que é a Virgem – “uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” – a justa posição se define pela contemplação e pelo silêncio. A mulher de hoje foge ao deserto precisamente porque está ameaçada por um dragão que, com a intenção de lhe prestar honras e louvores, termina por desnaturalizar a sua vocação. O papa João XXIII advertia: “Com a Virgem é necessário ir muito lentamente”, ou seja, evitar as instrumentalizações, a retórica e os sentimentalismos. A devoção à Virgem é autêntica se nos faz frequentar o terreno profundo da interioridade, da meditação, da contemplação, do compromisso concreto, do mistério cotidiano que se alimenta da fé e não de superstição. A devoção à Virgem é verdadeira quando se opõe à nossa civilização ruidosa e se constitui um antídoto à superficialidade do espetáculo. Maria nos ensina que Deus emerge no silêncio e somente na imersão do silêncio é que podemos perceber a sua voz. Maria prepara o berço da Igreja como preparou o berço de Jesus e continua a embalar com o seu cântico a Igreja de Jesus para que ela jamais se afaste da sua missão profética de cumprir os desígnios de justiça do Senhor: “Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”.


CONTEMPLAR

As Grandes Portas de Bronze da Catedral de Nossa Senhora dos Anjos (detalhe da estátua de Maria), Robert Graham, 2002, bronze fundido, folha de ouro, 30 x 30 pés, 25 ton., entrada principal da Catedral Nossa Senhora dos Anjos, Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos.

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