O Caminho da Beleza 39
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a
grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os
frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como
Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo”
(Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia
tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima
alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe
cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
Assunção de Nossa Senhora 18.08.2013
Ap 11,19; 1.3-6.10 1
Cor 15, 20-27 Lc 1, 39-56
ESCUTAR
“Então apareceu no céu
um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e,
sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).
“O último inimigo a
ser destruído é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés” (1 Cor
15, 26-27).
“Bendita és tu entre
as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42).
MEDITAR
“Que fazer para
socorrer os pobres? Despe o altar da Virgem e vende os seus adornos se não
tiver outra saída. Acreditem: ela ficará muito mais feliz que o Evangelho do
seu Filho seja observado despindo os altares do que conservar os adornos e as
riquezas do altar desprezando nos pobres o seu próprio Filho!” (São Francisco
de Assis a Pietro Cattani, Fontes
Franciscanas).
“Diz-se que é bendito
o homem, é bendito o pão, é bendita a mulher, é bendita a terra e as outras
criaturas que pareçam dignas de serem benditas; mas de modo especial é bendito o fruto do teu ventre, porque
sobre todas as coisas ele é Deus bendito por todos os séculos. Portanto, bendito é o fruto do teu ventre. Bendito
por seu perfume, bendito por seu sabor, bendito por sua beleza” (São Bernardo
de Claraval, Sermão para a Festa de Nossa
Senhora).
ORAR
Não
podemos profanar a beleza de Maria pela nossa falta de pudor, pela perda do
senso de proporção, pela falta de respeito e pelo abandono da justa medida. Um
devocionismo exarcebado, ainda que seja rotulado como religiosidade popular,
pode estar desconectado de um profundo contato com a Escritura e longe de ser
uma expressão de fé denuncia, sem piedade, um vazio de fé. Nossa fé não pode se
enganar e querer se alimentar de milagres que, muitas vezes, representam a
derrota da fé cristã. A Constituição Conciliar Lumen Gentium é clara: “Exortam-se os teólogos e pregadores a
evitar os excessos, bem assim como uma demasiada estreiteza mental ao
considerar a especial dignidade da mãe de Deus [...] Lembrem-se de que a
verdadeira devoção dos fiéis não pode ser confundida com um sentimento estéril
e passageiro, nem com uma pura credulidade”(67). O Evangelho apresenta Maria de
Nazaré como uma criatura do silêncio e sua presença é velada pela discrição. A
mãe desaparece totalmente no Filho. Um Deus que se faz homem, que se manifesta
visivelmente em nossa carne, encontra uma mãe que se atribui a parte da não visibilidade.
Diante desta obra de arte de Deus que é a Virgem – “uma mulher vestida de sol,
tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” – a
justa posição se define pela contemplação e pelo silêncio. A mulher de hoje
foge ao deserto precisamente porque está ameaçada por um dragão que, com a
intenção de lhe prestar honras e louvores, termina por desnaturalizar a sua
vocação. O papa João XXIII advertia: “Com a Virgem é necessário ir muito lentamente”,
ou seja, evitar as instrumentalizações, a retórica e os sentimentalismos. A
devoção à Virgem é autêntica se nos faz frequentar o terreno profundo da
interioridade, da meditação, da contemplação, do compromisso concreto, do
mistério cotidiano que se alimenta da fé e não de superstição. A devoção à Virgem
é verdadeira quando se opõe à nossa civilização ruidosa e se constitui um
antídoto à superficialidade do espetáculo. Maria nos ensina que Deus emerge no
silêncio e somente na imersão do silêncio é que podemos perceber a sua voz.
Maria prepara o berço da Igreja como preparou o berço de Jesus e continua a
embalar com o seu cântico a Igreja de Jesus para que ela jamais se afaste da
sua missão profética de cumprir os desígnios de justiça do Senhor: “Encheu de
bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”.
CONTEMPLAR
As Grandes Portas de
Bronze da Catedral de Nossa Senhora dos Anjos (detalhe da estátua de Maria), Robert Graham, 2002, bronze
fundido, folha de ouro, 30 x 30 pés, 25 ton., entrada principal da Catedral
Nossa Senhora dos Anjos, Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário