O Caminho da Beleza 38
Leituras para a travessia da vida
“A beleza é a
grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os
frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como
Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo”
(Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando recebia
tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima
alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe
cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XIX Domingo do Tempo Comum 11.08.2013
Sb 18, 6-9 Hb
11, 1-2.8-19 Lc 12, 32-48
ESCUTAR
“A noite da libertação
fora predita a nossos pais para que, sabendo a que juramento tinham dado
crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18, 6).
“A fé é um modo de já
possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se
vêem” (Hb 11, 1).
“Porque onde está o
vosso tesouro aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34).
MEDITAR
“Somente na ação é que se encontra a liberdade. Abandona o
vacilar medroso e enfrenta a tempestade dos acontecimentos, sustentado somente
pelo mandamento de Deus e por tua fé, e a liberdade envolverá jubilosa o teu
espírito” (Dietrich Bonhoeffer).
“Os nossos sonhos são demasiado pequenos e, se Deus os
desfaz, é para que nos possamos aventurar no espaço mais vasto da sua Vida.
Deus liberta-nos de pequenas ambições para que possamos aprender a ter uma
esperança mais extravagante” (Timothy Radcliffe).
ORAR
Nossos
hinos de louvor a Deus não podem ser confundidos com os Te Deum entoados com excessiva frequência pelos tiranos nos seus
regimes autoritários e nem deveríamos celebrar a missa em praça pública no
aniversário das cidades destruídas pela corrupção dos seus governantes.
Perdemos a denúncia profética e não temos autoridade religiosa para denunciar,
como o papa Francisco, “os que exploram a pobreza dos outros, e para quem a
pobreza dos outros é uma fonte de lucro” (Homilia em Lampedusa, 08.07.2013). A
luz da páscoa e a sua alegria brilham somente quando nenhum homem é pisoteado
em sua dignidade e em sua liberdade. A vigilância, especialmente quando a noite
parece que nunca vai terminar, se sustém pela esperança e exige uma mentalidade
de peregrinos, com nossos rins cingidos e lâmpadas acesas; a lucidez ante os
perigos que nos ameaçam; uma fidelidade constante e uma grande sabedoria para
aprender a ler os sinais, interpretar a mudança dos ventos e a coragem de
responder aos novos desafios. O passado passou ainda que seja importante para
nos fazer avançar cada vez mais. Recebemos em abundância para sermos ousados e
não paralisados pelo medo. A fé é viver como se víssemos o invisível; como se
possuíssemos o que não temos; como se apostássemos sobre o impossível. A fé não
se encontra segura nos templos, nos palácios do governo, nas universidades,
como um selo de garantia. A fé está em casa quando está em tendas cuja dinâmica
é marcada pelo provisório e pelo transitório que respondem por uma peregrinação
constante. Como afirma o cardeal Walter Kasper: “Deus se revela como Deus do
caminho e como guia no percurso de uma história que não pode ser consolidada na
partida, mas na qual Ele estará sempre presente de uma maneira imprevisível e
na qual é sempre novamente o futuro de seu povo”. Os cristãos, ao invés de
ficarem instalados, preferem a espera de contínuas e incômodas saídas para
desafiadoras viagens. Os cristãos não se consideram depositários e guardiões
dos pensamentos de Deus ou de uma doutrina sobre Deus, mas se sentem tocados
por suas promessas. Por isso, debaixo de suas tendas não se preocupam em
doutrinar-se, mas em contar estórias e causos de suas travessias. Peçamos
também nós o perdão, como o papa Francisco, “por termos nos acomodado, nos
fechado em nosso próprio bem-estar que leva à anestesia do coração”.
CONTEMPLAR
Francisco renuncia aos bens paternos, Giotto (?), c. 1290, afresco, 230 x
270 cm, Basílica Superior de São Francisco, Assis, Itália.
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